CAPÍTULO 61

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AMARE BETTENCOURT

Me remexo, despertando aos poucos e olhando em volta, vendo que eu continuava naquele mesmo quarto branco, preso pelas algemas. Eu estava sozinho, para meu alívio, mas não demorou muito para alguém abrir a porta, e logo arregalo os olhos ao ver meu pai adentrando o ambiente.

Ele parecia um pouco machucado, mas nada grave.

— Pai! O que está acontecendo?! Me tira daqui! — Exclamo, com certo desespero. Ele sorriu, se aproximando de mim e se sentando calmamente na cama, pousando a mão sob minha barriga, o que chamou minha atenção.

— Eu vou te soltar quando tudo estiver bem. — Ditou, me deixando confuso.

— Do que está falando?

— De nós. Filho... eu te amo mais que tudo. Vou sempre te proteger. Aquele nojento não vai mais tocar em você. — O encaro, assustado, enquanto ele acariciava meu rosto, sorrindo.

— Papai... por favor... Eu... eu não quero ficar aqui... — Murmuro, querendo chorar.

— Não, meu amor... não precisa chorar. Vai ficar tudo bem. Você e eu podemos até encontrar outro lugar para morar. Outro país. — Comentou, o que me fez olhá-lo com espanto.

— O quê? Não... Eu não quero ir para outro lugar! Eu quero voltar para casa! — Ele suspirou, pousando dois dedos contra meus lábios.

Shh... Sua casa é aqui, com seu pai. — Ele desceu seu olhar para meu corpo, me olhando novamente em seguida, de um jeito estranho e que pela primeira vez me deu medo. Muito medo.

— Papai... eu imploro. Por favor, ao menos me solte. — Peço, vendo ele se levantar.

— Eu vou comprar comida na cidade. Afinal, você deve está com fome. Eu volto logo, amor. — Ditou, segurando meu rosto, beijando minha bochecha duas vezes e acariciando meus cabelos. — Você é muito bonito. E é meu menino. Só meu. Vai ficar tudo bem... — Balbuciou, se retirando do quarto.

Eu preciso sair daqui!!!

. . . .

— Amare... você precisa comer. — Aquele homem insistiu, tentando me obrigar a tomar um suco e que certamente havia alguma coisa a mais nele pela sua cor estranha.

— Eu já disse que não quero! — Exclamo, empurrando a bandeja, a derrubando no chão e me levantando às pressas, correndo para o banheiro e me trancando na mesma.

— Seu...! Abra essa merda! Você vai pagar por isso! — Exclamou, socando a porta.

Olho em volta, apavorado, não sabendo o que fazer. Olho para o chuveiro, resolvendo subir no vaso sanitário para alcançar o cano do chuveiro, o puxando para baixo com toda a força que consigo até arrancá-lo.

Céus, como eu vou fazer isso? Não tenho coragem!

Me encolho no canto da parede, assustado, com as mãos tremendo de tanto medo, segurando firmemente o cano quebrado e vendo a porta ser praticamente arrebentada por aquele homem.

— Larga isso! — Exclamou, exibindo uma faca pequena em mãos. Me assustei mais ainda.

— Fique longe de mim! — Exclamo, chorando.

— Amare... seu pai não vai gostar nem um pouco dessa rebeldia. Anda, obedeça! — Exclamou, em fúria. Balanço a cabeça, atordoado, assustado. Um turbilhão de sentimentos que estavam acabando comigo.

— Eu disse para ficar longe!!! — Grito, aos prantos. Ele suspirou, avançando um passo.

— Você não vai fazer nada! É um medroso mimado que não sabe nem respirar por conta própria! — Exclamou, com um tom rude que me fez olhá-lo com espanto. — Venha já aqui! — Ditou, avançando para cima de mim. Sem pensar direito, bato o cano em queixo, arrancando sangue da sua boca, e logo em seguida o atinjo entre suas pernas, o fazendo grunhir de dor, caindo no chão.

Pego a faca rapidamente, na qual ele havia deixado cair e tento arrancar as chaves da porta dele, que acabou me agarrando, me derrubando em seu colo e apertando meu pescoço com força.

— Eu devia matar você, seu desgraçado! — Exclamou, continuando a apertar meu pescoço, me tirando o ar aos poucos.

Olho para a faca, caída próximo de mim. Estico meu braço, sentindo o ar cada vez mais pouco em meus pulmões, até que alcanço a faca, a pegando e a cravando contra ele, o fazendo me soltar.

Começo a tossir freneticamente, em busca de ar, caindo no chão e sentindo a dor se instalar em meu pescoço.

Olho para o chão, onde minhas mãos estavam apoiadas, vendo uma poça vermelha crescer pelo piso. Olho para trás, arregalando os olhos ao ver a faca cravada no pescoço daquele homem, que nem ao menos se mexia mais.

Não... não... Eu não o matei... Isso não pode está acontecendo...

Mesmo tremendo e chorando, me aproximo dele, tentando ver se ainda estava respirando, se havia pulso, mas nada.

Eu... matei uma pessoa...

Me levanto rapidamente, vendo minhas mãos e minha roupa banhada em sangue. Meio desnorteado, pego as malditas chaves e corro para a porta, a abrindo e correndo para qualquer lugar, em busca de uma saída, até que não demoro a encontrar.

— Amare! — Olho para trás, me assustando ao ver meu pai, com uma injeção em mãos. O que ele pretendia fazer?! — Nem pense em sair por essa porta...! É uma ordem! — ditou, descendo as escadarias vagarosamente.

Recuo alguns passos, assustado. Eu podia sentir cada músculo do meu corpo tremer e minha respiração falhar a cada segundo.

— Amare... eu sou teu pai. Não vou te machucar... — Falou, mais calmo, tentando se aproximar aos poucos.

— Não... não é o meu pai de antes. Nunca foi! — Exclamo, aos prantos, abrindo a porta rapidamente e correndo para fora. Correndo para a rua, correndo o máximo que eu conseguia, que meu corpo aguentava, que meus pés conseguiam. Eu só queria fugir dali, daquele hospício onde só Deus sabe o que farian comigo.

Mas logo sou puxado com tudo para dentro de um beco. Grito, me debatendo e agredindo quem quer que fosse, até ouvir aquela voz...

— Ei, miniatura! Sou eu, calma! — Abro os olhos, desabando ao ver Matthew. Não penso duas vez e então o abraço com toda a força, chorando copiosamente, soluçando e tremendo.

— Eu... eu matei uma pessoa... — Balbucio, ainda em choque, mal conseguindo sentir minhas pernas. Matthew que me sustentava em seus braços.

O quê?

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Where stories live. Discover now