CAPÍTULO 09

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MATTHEW ANDRADE

Espero pela reação do pequeno à minha frente, congelado de tanta vergonha, o que era até engraçado vê-lo assim.

— PERVETIDO!!! — Me assusto quando ele me bate com um travesseiro que alcançou da minha cama, tentando me atingir e mantendo os olhos fechados.

— Ei! Para com isso, miniatura! — Ordeno, mas ele continuou. Perco a paciência, arrancando o travesseiro das suas mãos, o jogando longe e agarrando o pulso dele, o derrubando em minha cama e pressionando seu pescoço com a mão livre. — Abra os olhos! — ordeno, e ele balança a cabeça, negando, e me deixando mais irritado.

— Você é um pervertido! Me solta! Eu quero ir embora! — Exclamou, se debatendo. O seguro mais firme, notando ele finalmente abrir os olhos e me encarar assustado.

— Para de ser fresco, garoto! Ainda não fiz nada contigo! — Exclamo, impaciente, mas antes que ele falasse alguma coisa, a porta do meu quarto é aberta, revelando meu pai nos olhando com um sorriso vitorioso. Ótimo! Não vou parar de ser infernizado depois dessa!

Amare rapidamente, me empurrou, se levantando às pressas.

— Não é o que o senhor está pensando! — Amare justificou, corado, enquanto eu vestia minha bermuda, sabendo que não teria paz por um bom tempo.

— Ah, não se preocupem! Eu ia... oferecer um lanche, mas... bem, não quero interromper. Continuem! — Meu pai falou, saindo do quarto.

— Viu o que você fez?! Com que cara agora eu vou olhar para aquele homem?! — Exclamou, o que me fez suspirar indiferente.

— Com a mesma que entrou. Aliás, você teve culpa. Por acaso eu te dei permissão para entrar no meu quarto? — Ele abriu a boca para questionar, mas optou por se calar, abaixando a cabeça e fazendo bico, algo que já notei ser uma mania dele quando se sentia culpado ou contrariado.

— Aquele homem não quis chamar você, ele que me mandou aqui. Eu só... queria te entregar logo o hambúrguer. Estou cheio de matéria para estudar e mesmo assim eu vim até aqui caminhando, só para fazer a sua boa vontade de comer esse bendito hambúrguer que nem deve estar tão ruim assim. E quando chego aqui, é assim que você me trata?!! — Exclamou, com os olhos marejados. Ah, sério?!

— Garoto, nem pense em chorar! — Resmungo, mas ele já tinha lágrimas correndo pelo seu rosto, o que me fez entrar em um desespero interno. Eu sou a pior pessoa do mundo para consolar alguém, ainda mais depois de ser eu a ter causado o choro. — Olha só, miniatura. Já passou, beleza? Para de chorar agora ou eu te jogo pela janela! — ameaço, vendo ele me estender os braços. O encaro, confuso. — Que foi?

— Eu me sinto melhor quando alguém me abraça. — Falou, fungando e fazendo bico. Era só o que me faltava!

— Não vou te abraçar. — Falo, e ele volta a chorar mais ainda, me fazendo praguejar. Vou rapidamente até ele, o puxando para um abraço meio desajeitado. — Pronto, pronto! Satisfeito?! Ótimo. — Falo, tentando afastá-lo, mas ele se agarrou em minha cintura, o que me fez olhá-lo. O desgraçado estava rindo!!!

— Consegui! Não te devo mais nenhum hambúrguer! — Brincou, rindo e erguendo a cabeça para me olhar. O riso dele poderia ser fofo até demais para o meu psicológico, mas isso não diminuía a raiva de ter sido enganado por uma miniatura dramática.

— Não estou vendo graça nenhuma! Me larga! — Resmungo, mas ele enlaça seus dedos envolta da minha cintura e continua me olhando, sorrindo.

— Eu fiz teatro minha adolescência toda. Mereço ou não mereço o Óscar? — Brincou, o que me fez suspirar.

— Você merece uns bons tapas, isso sim! — Seguro seus braços, o afastando de mim. Ele suspirou, sorrindo.

— Até logo, Matthew! — Falou, vitorioso e saindo do meu quarto. Respiro fundo, sentindo no fundo da minha alma uma vontade insana de matar aquele atrevido, ou de jogá-lo em minha cama e dá uns bons tapas naquela bunda para ver se ele aprende a não mexer com fogo. Mas ainda terei essa oportunidade...

. . . .

— E aí, mano?! — Jonas e Sandro se aproximaram, puxando duas cadeiras e se sentando perto de mim. Mais uma vez, aquela miniatura estava dando aula na escolinha e eu bebendo no bar, que ficava do outro lado. Então eu podia vê-lo e só conseguindo imaginar a raiva que ele me fez passar dias antes no meu quarto.

— Viajando de novo. — Ouço Sandro comentar, rindo junto com Jonas. Mas eu simplesmente ignorei os dois para não acabar sacando minha arma e acabar com as piadinhas.

— Hey! Tem refrigerante? — Uma das amigas do mini gente se aproximou, ajeitando os óculos e olhando para Sandro, que pareceu surpreso com a garota nova. Ele sempre teve uma queda por nerds. Mas geralmente enjoa dentro de uma semana.

— Claro, princesa! Entre. — Sandro falou, se levantando. Eu revirei os olhos, notando a garota envergonhada e passando rapidamente por mim.

Notei Jonas olhando fixamente para Amare, com uma expressão séria, o que me deixou curioso do motivo de Jonas ficar tão nervoso quando via Amare.

— Obrigada. — A amiga de Amare falou, com três refrigerantes em uma sacola e correndo para a escolinha, chamando a amiga loira e aguardando o intervalo para chamar o miniatura.

— Você já pegou melhores, Sandro. — Jonas comentou, ao notar o interesse de Sandro pela nerd.

— Ei, quem vê cara não vê coração. — Sandro rebateu, e eu revirei os olhos com a conversa dos dois.

— O garotinho é um doce, não é? — Sandro questionou, o que chamou minha atenção e me fez encará-lo.

— Por que diz isso?

— Ué, sempre que ele vem aqui, trás comida para os seguranças da quebrada, além de ser o novo deus para as crianças, que estão apaixonadas pela escola e pela disciplina. Até minha priminha veio me dá lição de moral depois das aulas do garoto. — Comentou, rindo.

— Ele sempre foi assim... — Jonas comentou e eu o olhei.

— Como sabe que ele sempre foi assim? — Questiono e Jonas balança a cabeça, parecendo espantar algum pensamento.

— Nada... Falei por falar. As pessoas não são gentis de uma hora para outra. Elas são criadas assim. — Justificou, mas eu já notei que ele sabia muito mais do que estava me contando.

— Hm... — Balbucio, voltando meu olhar para Amare, que falava sorridente, e por um acaso, ele me viu, trocando olhares comigo por alguns segundos, até alguma criança chamar sua atenção e ele voltar a falar com eles.

— Eu soube que o Granada está de volta. — Sandro comentou, se referindo ao meu pai, que cuidava do Morro antes de mim. Ele e minha mãe colocavam o terror na quebrada e digamos que isso passou de geração em geração.

— Está... alguma coisa deve ter acontecido lá fora para ele largar Paris e voltar para o morro. — Comento, quase quebrando cabeça com essa parada.

— Será que descobriram sobre o Granada estar fora do País? — Jonas questionou, confuso, o que me fez suspirar.

— A polícia está mais ativa nas ruas. Sinceramente, essa merda tá muito estranha e eu vou descobrir o que infernos está acontecendo. — Falo seriamente, e por um acaso, olho para Amare, tendo a sensação de que ele tem algum ponto envolvido nisso, eu só não sei o quê... ainda.

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Where stories live. Discover now