CAPÍTULO 65

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MATTHEW ANDRADE

Volto para casa, vendo que Amare estudava sozinho na mesa de jantar, lendo um livro e escrevendo algo em um caderno. Ele estava extremamente focado e usando apenas uma camisa minha de cor vinho e manga comprida, o deixando fofo e sexy, além das pantufas marrom que imitava a cara de algum monstro de desenho animado.

— Voltei... — Falo, chamando sua atenção e me sentando ao seu lado. Ele sorriu fraco, me dando um selinho e voltando para sua leitura.

Oh, céus... Por onde eu começo?

— Amor... — Tento falar, vendo ele fechar o livro e se sentar em meu colo, acariciando meu rosto.

— Não quero saber. Seja o que for, não quero saber. Por favor... — Pediu, entristecido. Suspiro, vendo ele abaixar o olhar, agora demonstrando tristeza. — Ele está morto, não está? — Seu tom saiu baixo e hesitante.

— Está, Amare... Ele iria mesmo abusar de você. — Falo, vendo ele me olhar horrorizado, e então desabou, começando a chorar copiosamente, me abraçando apertado.

Oh, meu amor... Não sabe como eu odeio te ver assim...

O abraço de volta, deixando ele chorar o quanto quisesse. Ele já não conseguia mais prender o que sentia.

— Sinto muito... — Murmuro, em um tom baixo. Amare me olhou, com as lágrimas correndo pelo seu rosto.

— Por que disse isso? — Questionou, com a voz grogue por conta do choro.

— Porque foi eu que o torturei. Se vai casar comigo, quero que saiba quem eu sou, Amare. — Falo e ele suspira, me encarando por longos segundos em silêncio.

— Quando eu estava preso... meu pai não parecia nem um pouco com o que eu conhecia. Ele parecia transtornado, assustador. Se... ele fizesse alguma coisa comigo... eu não ia suportar. Talvez isso seja bom. Esse pesadelo acabou. É claro que... eu vou sentir falta do meu pai. Daquele que realmente cuidou de mim, mas depois de tudo o que ele fez... foi melhor assim. Está tudo bem. Agora está... — Desabafou, o que me fez sorri fraco.

— Eu te amo. — Falo, o puxando para um beijo delicado, na qual ele retribuiu, acariciando meu rosto suavemente.

— Também te amo. Muito. — Falou, com sua boca próxima da minha, olhando em meus olhos e sorrindo sincero. E mesmo que meu corpo gritasse para tê-lo ali mesmo, naquela sala de jantar, eu logo lembrei da gravidez de Clarisse.

— Ah... à propósito... preciso te dizer uma coisa. — Falo, o ajeitando em meu colo, vendo ele me olhar curioso.

— O quê?

— Eu não sei se deveria dá essa notícia, mas... a Clarisse está grávida. — Falo e ele me encara com espanto.

— Perdão?

— Amor...

— Ela está grávida?! Achei que ela fosse se divorciar do meu pai. Bem... agora nem precisa mais... Mas eles já estavam brigados há muito tempo. Como...? — Coço a minha nuca, não sabendo ao certo como diria isso.

— Então... não é do seu pai. — Falo e ele rapidamente se afasta, me olhando assustado.

— Como não?! Então de quem? Não me diga que é seu!

— O quê?! Claro que não! Ficou maluco?! — Ele revirou os olhos, suspirando.

— Meu pai tentou abusar de mim. Não duvido de mais nada. — Balanço a cabeça, tentando não ficar confuso agora.

— Amor, não...! Espera... Na verdade ela está grávida do meu pai. Do Granada. Caso não saiba, eles já tiveram um caso, mas pelo visto estão se entendendo... — Amare me encarou, petrificado. — Amor? Amare...! Amare, você está bem?! — Chamo, o sacudindo, mas ele mal piscava o olho.

— Desculpa, achei ter ouvido que minha mãe estava grávida do Granada. Isso... foi alucinação minha, não foi? — Questionou, e eu fico calado, vendo ele me encarar seriamente, sabendo que eu não estava mentindo e não foi alucinação. — Como que ela está grávida?!! Do Granada? Desde quando eles têm esse tipo de intimidade?! Será que eles esqueceram que vamos nos casarmos?! — exclamou, alterado.

— Amor... sei que parece loucura, mas... para falar a verdade meu pai sempre citava vez ou outra sobre um antigo que ele nunca esqueceu. Se eles... se amam mesmo. O que podemos fazer? Pensa melhor antes de fazer qualquer coisa. Nossos pais nos aceitaram, apesar de estarmos em mundos completamente opostos. Cabe a nós fazer o mesmo. Aceitá-los e... esperar que dessa vez dê certo para os dois, já que o casamento de ambos foi um completo desastre. — Aconselho, vendo ele abaixar a cabeça, suspirando.

— Nós... nós dois vamos ter um irmão e... um cunhado? Não entra na minha cabeça. — Eu ri alto, abraçando sua cintura, o trazendo para mais perto de mim.

— Vai por mim, é melhor não quebrar cabeça com isso. Deixa acontecer. E... também quero pedir algo a você... — Falo e ele me encara, hesitante.

— Olha, se for outra notícia sem pé nem cabeça, eu juro que pulo do andar mais alto dessa casa. — Ditou, o que me fez ri, negando.

— Eu não considero ruim, mas preciso falar com você primeiro. Bem... meio que já estamos morando juntos aqui, mas... tem o Kael. Eu o amo como se fosse meu filho e quero trazê-lo para cá amanhã. Estaria tudo bem para você? — Questiono e ele logo sorri.

— Está brincando?! Uma criança aqui vai ser a melhor coisa para nós. É muito solitário mesmo ficar nessa casa enorme e sem ninguém. Qualquer barulho por mínimo que seja me assusta. É bom ter uma criança aqui. — Ditou, o que me fez sorri, o beijando docemente.

— Tem razão. Ou... duas crianças... — Insinuo e ele me olha, rindo.

— Ou um cachorro e um gato, como você me prometeu. — Falou, o que me fez revirar os olhos, sorrindo.

— Você não vai desistir de ter um gato, não é? — Ele negou, tirando a camisa, agora ficando totalmente nu em meu colo. Oh, porra...

— E eu tenho certeza que você vai amar ter um gatinho em casa... — Insinuou, mordendo o lábio inferior e descendo suas mãos para baixo, até chegar em minha calça, a desabotoando.

Ter um gato não deve ser tão ruim assim...

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Where stories live. Discover now