CAPÍTULO 63

8.3K 856 171
                                    

MATTHEW ANDRADE

— Você vai ficar bem? — Questiono, querendo ter certeza. Passamos a noite juntos, abraçados e maratonando séries, na tentativa de fazer Amare esquecer tudo que havia passado. Hoje ele acordou cedo e se arrumou para dá aulas no morro.

— Vou sim. As crianças vão me fazer bem.

— Amare... aquela conversa de ontem... Você insinuou que Eduard... te olhou com outros olhos? — Questiono e ele suspira, abraçando o próprio corpo.

— Ele não fez nada comigo. Mas... quando eu escapei, ele estava com uma injeção em mãos. Eu não quero nem pensar no que poderia ter acontecido. Ele não falou, mas as atitudes dele foram... o suficiente. — Murmurou, o que me fez respirar fundo para não acabar surtando de vez.

— Certo, eu preciso sair... — Falo, já pegando as chaves do carro.

— Você quer dizer que precisa torturar o meu pai, não? — Questionou, chamando minha atenção.

— Amare... — Ele me interrompeu, segurando meu rosto entre suas mãos e me beijando rapidamente, o que me deixou confuso.

— Eu estou atrasado... Tchau, amor. — Falou, saindo de casa rapidamente. Eu sei bem que Amare estava tentando digerir tudo isso, mas da pior forma: fingindo que tudo está bem.

Eu estava realmente preocupado. Tentei fazê-lo desabafar, contar o que estava sentindo, mas ele sempre desconversa e com um sorriso forçado ele diz estar "tudo bem".

Sei que para ele tudo deve está a mais completa bagunça na cabeça dele. Foi sequestrado, matou uma pessoa e agora já sabe qual vai ser o destino do pai desgraçado. Se fosse comigo, estaria realmente tudo bem. Já estou acostumado com esse estilo de vida, mas Amare não. Ele foi criado da melhor forma possível, rodeado de amor e educação da melhor qualidade. Não deve ser nenhum pouco fácil para ele.

Respiro fundo, saindo logo de casa e indo direto para o tão temido Room 666. Parece meio diabólico, mas essa é a intenção, já que lá pessoas morrem da pior forma por minhas mãos. E é exatamente o que vai acontecer agora.

Desço do carro, retirando os óculos escuros e vendo meus seguranças fazendo a guarda daquele lugar, que era bem distante da cidade.

— Senhor! — Um dos seguranças cumprimentou formalmente, abrindo as portas do Room 666 para mim. Entro diretamente, logo avistando Eduard preso em uma cadeira de metal, hmm... eu deveria dizer que ela também é elétrica? Enfim, pequenos detalhes.

— Bom dia, Eduard. Ou deveria chamar de sogro? — Provoco, puxando uma cadeira e me sentando à sua frente.

— Não vou permitir que leve meu filme para esse seu mundo nojento! — Eduard exclamou, o que me fez sorri.

— Eu? Por acaso não é você o doente obcecado pelo próprio filho?! — Exclamo, sentindo o ódio percorrer pelo meu sangue. Ele se calou, parecendo ser pego de surpresa.

— O que está insinuando?!

— O que você acha?! Não foi à-toa que ficou tão puto ao saber que Amare estava comigo. Não foi só por minha causa. Você estava com ciúmes. — Afirmo, com o nojo vindo junto com as palavras. Ele suspirou, sorrindo.

— Amare é o meu menino. Foi ele que sempre me recebeu em casa com um abraço forte, perguntando como foi o meu trabalho, como eu me sentia. Só ele notava quando eu não estava bem. Mas isso parou de acontecer quando você apareceu! Ele só vivia fora de casa e as vezes só voltava no dia seguinte. Eu odeio você! Odeio! — Eu ri, sem humor.

— O sentimento é recíproco. — Falo, me levantando e pegando uma faca. — Sabe, Eduard... Amare foi a melhor coisa que me aconteceu em toda a minha vida...

— Eu não quero saber!

— Desde o começo, ele me encantou com o jeito simples de ser. E uma vez ele me contou que foi assediado por um babaca do morro, que bateu na bunda dele. Sabe o que eu fiz? — Questiono, apoiando minhas mãos nos braços da cadeira onde ele estava sentado, o encarando desafiadoramente.

— Agiu igual a ele! Vocês são todos da mesma laia! — Eu sorri, ponderando.

— Não. Bom... eu fiz, mas Amare permitiu. — Falo, vendo ele me olhar com fúria. — Quanto a esse cara... eu cortei as mãos dele fora. Não era a primeira vez que ele assediava alguém, mas o erro dele foi ter mexido com Amare. E quem mexe com meu noivo, sofre as devidas consequências.

— Me mate, e aí ele nunca mais vai olhar na sua cara! Amare também me ama! — Eu ri, achando engraçado como os loucos agem sem noção alguma.

— Ah, ele sabe o que estou fazendo neste exato momento. E sabe o que ele fez antes de eu sair? Me beijou, e seguiu sua rotina como se nada tivesse acontecido. Depois do que você fez, ninguém mais se importa com sua vida de merda!

— Desgraçado...! Se eu sair daqui...!

— Essa é a questão, Eduard! — Exclamo, agora em fúria. — Você não vai sair daqui! E vai sofrer até o último segundo da sua morte!

— Filho da puta! — Resmungou, se debatendo. Respiro fundo, girando suavemente a ponta da faca em meu dedo indicador, olhando fixamente para Eduard.

Que os jogos comecem, Eduard...

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum