CAPÍTULO 46

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MATTHEW ANDRADE

— Amor, eu juro que não vai acontecer nada. — Falo, vendo Amare de cara fechada, com aquele bico formado e nem me encarando.

— Você já disse mil vezes. Vai logo, vai. — Ditou, gesticulando com as mãos. — Vou ficar aqui, comendo pipoca e assistindo um filme, sozinho. Porque meu namorado está saindo para um encontro de verdade com outra. — Reviro os olhos, querendo ri da sua carinha de bravo, mas eu sei que ele me mataria se fizesse isso.

Depois de dias de recuperação, ele pôde finalmente ter alta. E agora ele estava em minha casa, querendo ficar comigo por finalmente ter saído do hospital, mas eu já tinha marcado o encontro com Jaqueline para hoje. Quando soube disso, eu não sei como ele não pulou em minha garganta, pois até pipoca e refrigerante ele trouxe

— Eu não posso me atrasar. Mas... eu amo você, miniatura. — Falo, tentando beijá-lo, mas ele virou o rosto, me empurrando. Sorri, assentindo. — Vai ser assim? Tudo bem, então... — Falo, já indo na direção da porta.

— Amor, espera! — Amare exclamou, vindo até mim e me puxando para um beijo. Opa, um beijo não, o beijo. Eu nem ao menos sabia do que aquela boca era capaz de causar em mim somente com um beijo.

Minha vontade era de mandar Jaqueline para o inferno e passar a noite com meu garoto, que sabe exatamente o q ué está fazendo comigo e quer me fazer ir nesse encontro com o sabor da sua boca na minha.

— Divirta-se. — Zombou, notando que eu já estava excitado com seus toques, seus beijos... E logo se afastou, sorrindo e ligando a televisão.

— Você definitivamente é pior do que eu. — Resmungo, frustrado.

— Eu não cortei as mãos dela ainda. — Rebateu, comendo a pipoca e mantendo seus olhos vidrados na TV.

— Ok... Até mais tarde. — Falo, me despedindo dele e saindo de casa, ajeitando minha gravata e pegando meu carro que raramente eu usava. Mas hoje a ocasião não iria combinar com a minha moto, por exemplo. Eu prometi um encontro, e eu vou cumprir.

Paro em frente à casa de Jaqueline. Saio do carro, batendo em sua porta. Ela não demorou para atender. Confesso que nunca a vi tão arrumada como agora. Trajando um vestido longo, vermelho, delineando as curvas do seu corpo e com uma fenda aberta em sua perna direita, com saltos nude e o cabelo em um penteado que eu jamais entenderia como ela fez aquilo. A maquiagem não estava exagerada, mas combinando com todo o conjunto. Estava realmente linda.

E todos julgam ela como vulgar.

— Nossa... é a primeira que te vejo usando terno. — Jaqueline comentou, passando a mão suavemente na lapela do meu paletó.

— Para tudo tem uma primeira vez, não? — Falo e ela sorri, assentindo. — Aliás, você está linda. — elogio, sincero. Ela sorriu novamente.

— Obrigada. Sempre quis usar esse vestido, mas nunca tive uma ocasião especial. Aonde vai me levar? — Sorri, abrindo a porta do carro para ela, que entrou, ocupando o banco passageiro. Dou a volta, ocupando o banco do motorista.

— Surpresa. — Falo, dando partida, e logo saindo do morro.

. . . .

— Matthew... que lugar lindo...! — Jaqueline comentou, assim que entramos em um dos restaurantes mais requisitados da cidade. Era de um luxo só, e eu tive que marcar dias antes para conseguir esse encontro. A mesa foi preparada da forma como eu pedi, com um lindo arranjo de flores vermelhas e velas.

— Que bom que gostou. Vamos. — Passo o braço por sua cintura, entrando no restaurante e sendo guiado pelo garçom até a nossa mesa, na qual nos acomodamos.

— Você superou minhas expectativas. — Jaqueline falou, admirada e olhando a tudo em volta. Seus olhos brilhavam, o que me fez me sentir muito bem com esse encontro.

Jaqueline era uma menina muito explosiva e sempre era a que começava uma confusão no morro. Muitos a odiavam. Mas eu sei por tudo que ela passou.

Eu estava com ela quando a mãe dela morreu, vítima de câncer, e Jaqueline acabou desmaiando e parando no hospital após tentar se matar tomando vários remédios de uma vez. Depois foi o pai, vítima de bala perdida, dois anos após a morte da mãe. Eu precisei contê-la, pois ela queria ir atrás dos caras que fizeram isso, quando invadiram o morro.

Agora ela vive com a avó, uma mulher de 89 anos e que só tem a neta para cuidar dela, que infelizmente foi diagnosticada com amnésia, e muita das vezes não lembra quem é a própria neta. Muitas vezes flagrei Jaqueline chorando sozinha em seu quarto, mas quando me encontrava, sempre colocava um sorriso no rosto e dizia que tudo estava bem.

Por isso a tornei minha fiel na época. Eu tentava distraí-la, tirá-la mais vezes de casa. Qualquer coisa que a fizesse sorri de fato, pois eu vi essa mulher crescer. Ela é batalhadora, mas às vezes é impulsiva demais e age sem pensar. Por isso eu quis agradá-la da melhor forma. Ela merece tudo isso e um pouco mais.

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Where stories live. Discover now