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Chego em casa rapidamente, subo para o quarto em busca de um banho e quando termino coloco um pijama e desço para assistir um filme. Estou em clima para um romance então coloco Orgulho e Preconceito. Minha paixão por esse filme é fora do normal.

Quando o filme acaba eu passo para o próximo, a maioria das minhas atividades estão adiantadas, portanto eu tenho bastante tempo livre. Vejo mais ou menos uma hora do filme e depois escuto a porta se abrindo, sabendo que é meu pai chegando. Não demora muito para que ele perceba a minha presença ali.

- Oi Le, é bom te ver fora daquele quarto. – ele diz pendurando suas chaves.

- Oi pai, é bom te ver em casa. – respondo voltando meu olhar para a televisão.

- Vamos jantar fora hoje, provavelmente um sanduíche ou alguma besteira. Saímos ás 19:00. – diz e eu aceno em concordância, obviamente mais focada no que eu estou assistindo.

Quando vou ver à hora o filme já acabou e são quase seis e meia. Desligo a televisão e subo para trocar de roupa, visto uma calça jeans justa com uma blusa de frio acompanhada por um moletom antes de calçar o All Star.

Eu e meu pai descemos praticamente juntos e nos encaminhamos para uma lanchonete. É bem simples, a luz do ambiente é bem baixa e tem até uma música suave que sai de algum lugar. A garçonete conhece o meu pai, o que indica que ele vem muito aqui.

Conversamos muito pouco como sempre, graças aos céus nenhum de nós se incomoda com o silêncio constante. Terminamos de comer e meu pai pede a conta enquanto observo as pessoas transitarem pela rua, vejo pais com suas crianças e amigos andando e rindo.

- Você deveria tentar fazer amizade com alguém daqui, sei que te deixo muito sozinha e ter amigos ajudaria. – ele atrai minha atenção de volta para ele.

- Não se preocupe, sempre fui de ficar sozinha, não tem por que isso ser um problema agora. – responde voltando meu rosto para ele – Além do mais, faltam apenas três meses para o fim das aulas.

Ele acena em concordância e a garçonete chega, a comida é paga e saímos do restaurante. Uma brisa fria passa por nós e uma sensação estranha toma conta do meu corpo, é como se eu sentisse que algo ruim está prestes a acontecer. Meus cabelos castanhos se movem com o vento e eu acabo imóvel no meu lugar. Meu pai para ao perceber a minha quietude e me dirige outro olhar estranho.

No dia seguinte eu almoço com as meninas, é apenas muito reconfortante não estar sozinha nesse lugar. As duas conversam sobre o clima e comentam alguma coisa sobre um garoto, Ryder, depois me explicam que esse é o namorado de Luna. Outros nomes surgem na conversa e elas se interrompem quando uma garota idêntica a Luna chega a nossa mesa, está obvio que são gêmeas e eu me pergunto duas coisas: Como nunca percebi essa garota e porque ela não come com a irmã?

- É bom te ver na escola Laura. – diz Luna e eu descubro o nome da desconhecida.

- Vim deixar isso aqui com você. – ela entrega algo que eu não sei definir a irmã – E agora eu vou procurar um modo de sair do meio toda essa gente.

Dito isso ela se vai rapidamente, sua personalidade é o completo oposto da de sua irmã. Luna guarda seja lá o que tenha na mão dentro da mochila e então Esther fala novamente.

- Desculpe a grosseria de Laura, podemos dizer que ela não lida muito bem com pessoas em geral. – uma careta se forma em seu rosto, gostaria de perguntar o motivo, mas resolvo deixar de lá.

- Não se preocupe, acho que posso entender o lado dela.

O sinal toca e seguimos para a aula de história e no caminho até a sala, para minha total infelicidade, eu descubro que a licença do professor de educação física acabou e que ele está de volta. Isso significa que não vou mais ter a chance de ficar sentada na arquibancada enquanto leio, terei que me mover.

Como se o universo estivesse de brincadeira com a minha cara o tempo passa voando e logo eu estou colocando a minha roupa de ginástica. Luna está na mesma turma que eu e fica do meu lado, está visível o meu desprezo pela atividade que nos é passada, mas ela está adorando.

Corremos lado a lado ao redor do campo de futebol americano, ela constantemente reclamando da minha lentidão enquanto eu quero matá-la por toda a pressa. No final estou exausta, suada e me sentindo suja, praticamente implorando por um banho.

Trocamos nossas roupas e eu saio do vestiário com minha habitual calça surrada e um moletom quentinho. Cheguei em um período frio do ano e eu não me incomodo nem um pouco, adoro o frio, A mochila está pendurada nos ombros e eu caminho apressadamente para o meu carro, na metade do caminho Esther aparece do meu lado.

- Você não gosta muito de atividades físicas né? – posso ver que deduziu isso pela minha cara.

- Detesto. – ela ri.

Caminhamos caladas até o meu carro e paramos bem ao lado, algo atrai o meu olhar para um carro estacionado. O mesmo menino que eu vi outro dia está aqui e dessa vez com Laura pendurada em seu pescoço, Esther segue o meu olhar.

- Bem, aquele ali é o meu irmão mais velho o que significa que está na minha hora. – agora que vi uma parte do rosto do garoto posso notar algumas semelhanças. O bizarro é que por algum motivo eu me sinto inclinada a ir até ele, com vontade de estar perto na verdade.

Balanço a minha cabeça, eu nem o conheço.

- Tchau. – respondo quando saio de meus pensamentos.

- Até amanhã Lena. – sorrindo ela começa a se afastar de costas e depois se vira.

Entro no meu carro e jogo a mochila no banco do passageiro. Dirijo pensando em algo esquisito, por algum motivo algo no irmão de Esther me atrai profundamente. Talvez seja o ar meio sombrio e com certeza a aparência tem haver com isso, mas é idiota e esquisita a vontade que senti de ir até ele sem nem conhecê-lo.

Passo a maior parte da minha tarde fazendo tarefa e estudando, isso vai me ajudar a poupar o estresse na semana das provas finais. Quando termino estou cansada e precisando de um banho, acabei tão presa na escola que me esqueci das atividades que pratiquei hoje.

A água quente relaxa os meus músculos doloridos, tenho consciência de quão pouco foi o que eu fiz, assim como sei que sou uma grande sedentária. Lavo os cabelos rapidamente e depois que termino de retirar o creme ensabôo o resto do corpo.

Saio do banheiro relaxada e calma, coloco um pijama e resolvo me deitar por alguns minutos. Nem percebo meu esgotamento e estou tão cansada do dia que acabo apagando sem nem perceber.

Em algum momento da noite o mesmo sonho que tenho tido vem nítido para mim. Estou em uma floresta, sozinha. O vento sopra fortemente e eu escuto algo no meio da floresta, começo a buscar o som e a voz aparece novamente me mandando sair dali. Uma coisa está diferente dessa vez, eu quero ir até seja lá o que for que esteja me esperando... Dou alguns passos na direção que eu julgo correta e quando penso que vou ver algo o sonho acaba.

 Dou alguns passos na direção que eu julgo correta e quando penso que vou ver algo o sonho acaba

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