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Eu queria ir ver meu pai na mesma hora, mas Aron e Esther insistiram então acabei no quarto que eu estava ocupando quando estava aqui enquanto penso em quem descobriu o que eu sou pra contar para os desgraçados.

O problema é que a informação não foi divulgada e a lista de pessoas que sabia é bem pequena, além do mais são todas pessoas que não tem nenhum problema comigo. Fora isso tem o fato de que meu pai nem soube de nada ou tenho certeza que ele teria montado guarda sobre mim.

Não faço ideia da hora em que adormeci já que minha cabeça não parava de funcionar. Levanto da cama e sem ter como me trocar eu vou ao banheiro. Uso uma escova reserva e lavo o meu rosto antes de prender meu cabelo em um elástico e voltar para o quarto para calçar meus sapatos.

Depois que arrumo a cama em que dormi eu saio do quarto e desço as escadas. Aron e Esther já estão na mesa do café conversando baixinho, quando notam a minha presença eles param rapidamente e eu reviro os olhos enquanto paro de pé na frente deles e cruzo meus braços.

- Acredito que já descobri tudo e gosto das coisas assim, então se for sobre mim, falem de uma vez. – não vou ficar no escuro sobre mais nada, o mistério é ridículo e não saber faz de mim vulnerável e eu detesto isso.

- Bom dia para você também. – é a resposta que eu recebo de Esther e isso definitivamente me irrita.

- Não é sobre você. – claro que ele perceberia a minha agitação, como eu já disse, detesto não saber – Se estiver com fome eu sugiro que coma antes de irmos para sua casa.

- Posso comer por lá. Está pronto? – estou muito ligada para comer sem passar mal.

Ele acena em concordância e se levanta, acho que ele quer falar com meu pai tanto quanto eu.

- Vejo vocês mais tarde! – ouço Esther gritando quando Aron abre a porta e eu passo por ela.

A manhã está um pouco fria para o período do ano e eu abraço meu próprio corpo enquanto caminho até a porta do passageiro. Assim que eu e Aron já estamos acomodados dentro do carro ele liga o aquecedor, mas sinto que isso o incomoda.

- Não sente frio? – é a única explicação.

- Bem, não. A temperatura do meu corpo é alta, o que me mantém aquecido independente do clima. – diz dando partida e saindo da garagem.

- Isso é legal. – lhe dou um sorrisinho e vejo sua expressão de sempre ser suavizada.

Agora sei o que ele é, mas isso não o torna menos misterioso. Ainda não sei nada sobre a pessoa dele e isso me deixa nervosa. Não sei do que gosta nem o que pensa sobre certas coisas, já percebi que prefere manter seus sentimentos e emoções neutros, mas é só.

- Você está pensando demais. – fala com os olhos voltados para a estrada.

- Não estou. – minto.

- Humpf, você está. – um olhar rápido que ele dirige a mim me diz que ele não acreditou mesmo e não vai dar pra discutir.

- Ok, você venceu. – mexo nas unhas nervosamente.

- Vai me contar? – responde voltando a olhar para mim e eu coro.

- Estava pensando que sei o que você é, mas ainda não te conheço. – estou olhando para todos os lugares, menos para ele.

- Ok, pergunte o que quiser. – uh isso me surpreende, ele é sempre tão fechado que simplesmente não posso deixar a oportunidade passar, mesmo que não pareça ser um bom momento.

SalemWhere stories live. Discover now