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Dias mais tarde eu estou completamente frustrada, irritada e mal pra caramba. Meu feitiço não funcionou, os desgraçados saíram do lugar e isso acabou com todo o procedimento.

Aron saiu e quem está comigo é Esther. Estou furiosa e não vou esperar nem um minuto a mais para achar o meu pai, preciso refazer isso e não posso esperar por minha tia e Edward. Tenho que fazer agora. Aron não está aqui para me impedir, ele provavelmente me convenceria a esperar pela grande quantidade de energia que eu vou gastar. Porém, não ligo para isso agora, devo apagar por um tempo, mas vou ficar bem, já meu pai... Não sei como ele está, preciso dele em segurança.

- Vou te avisar apenas para não acharem que eu morri. – digo parando na porta do quarto de Esther – O feitiço de rastreamento não funcionou e como as buscas ainda não deram em nada eu vou refazer. Agora mesmo.

- Isso não vai te drenar? – ela se senta.

- Sim. Mas não vou esperar para fazer, estou indo para o meu quarto agora mesmo. Não avise seu irmão, ele vai tentar me impedir de fazer isso sem ajuda.

Não espero por uma resposta, volto para o meu quarto onde a camiseta do meu pai já está me esperando, assim como o copo, a adaga e o mapa. Sento-me no chão de pernas cruzadas e pego o copo, coloco-o na minha frente e passo a adaga na minha mão antes de apertar para que o líquido vermelho caia.

Vejo o sangue escorrer e quando tenho o suficiente uso o mesmo feitiço de Jena para fechar a ferida. Pego a caixa de madeira e a abro com cuidado, a blusa ainda está suja com meu sangue e volto a derramá-lo ali. Respirando fundo eu encaro o objeto por alguns segundos, reunindo toda a minha concentração para não apagar antes de hora.

Fecho os meus olhos e solto o ar antes de voltar a abrir, repetindo as palavras celtas. Na terceira vez que digo sinto a magia enfraquecendo e me agarro a cada gota que tenho para não apagar, não agora. Ouço passos rápidos no corredor, mas não permito que isso me distraia e repito as palavras novamente enquanto um Aron preocupado e furioso aparece na porta. Não há mais como me impedir, estou recitando as últimas palavras e a última coisa que vejo antes de cair são seus olhos verdes.

Entrei em um estado irritantemente incômodo, apaguei por mais ou menos 8 horas seguidas quando completei o feitiço e quando minha mente estava desperta meu corpo ainda estava dormindo. O que significa que posso ouvir tudo e a todos, mas não posso me levantar ou abrir os olhos.

Isso dura por mais ou menos um dia e durante esse tempo sou capaz de ouvir passos ansiosos pelo meu quarto e a voz da minha tia quando Aron pede para que ela cheque meu estado outra vez. Ao finalmente despertar sinto a claridade incomoda adentrando o quarto e esfrego meus olhos sentando-me com cuidado para não ficar tonta. Preciso comer alguma coisa.

Ao olhar para meu lado direito encontro Aron em uma cadeira, seus olhos fixos em mim e suas emoções tão misturadas que mal posso me concentrar em uma. Não sei o que dizer então apenas fico ali, incapaz de desviar o olhar.

- Nunca. Escute isso muito bem, por favor. Nunca mais repita isso em toda a sua existência. – sua expressão é de dor.

- Estou bem. Juro. – acho que ele é capaz de entender meus motivos.

- Poderia não estar. Edward esteve aqui logo que apagou, você poderia nunca mais acordar por não ter muita experiência. – ele se levanta antes de caminhar para o outro lado do quarto, parando de costas para mim – Sabe como foi ouvir isso? Saber que você estava a um fio de escapar dos meus braços e não poder fazer nada.

- Estou aqui Aron. Estava depois de mais ou menos oito horas, minha mente despertou, mas meu corpo ainda precisava de mais tempo. – quero acalmá-lo, está uma bagunça de sentimentos e isso nunca aconteceu antes.

SalemWhere stories live. Discover now