9

1.6K 143 167
                                    

A quarta passa como um borrão, não falo com meu pai e nem com minha tia. Sinceramente eu não reclamo, precisava de um tempo para organizar minhas ideias e consegui.

Já na quinta, ao que parece, o meu tempo de ontem foi um bônus do destino para o que me acontece hoje. Acordo com minha tia entrando abruptamente em meu quarto e pedindo para que eu levante

Ainda meio grogue de sono eu faço o que ela pediu e ao me sentar vejo ela pegando minhas roupas e jogando de qualquer maneira dentro de uma mala.

- O que é que está havendo? – nada faz sentido, por que eu precisaria de uma mala agora?

- Se troque e pergunte depois. – ela me atira uma calça e uma camiseta antes de voltar a arremessar roupas em minha bolsa.

Faço o que ela me pediu e sabendo que vou sair eu vou até o banheiro e pego minha escova de dente e de cabelo, além da minha bolsinha antes de voltar e entregar para ela.

- Agora dá para me dizer para que toda essa merda? São seis da manha Jen! – ela coloca meus sapatos na mala e olha para mim por um instante.

- Parentes de seu pai vão vir para cá Le, você não vai poder ficar aqui. – ela se volta para os meus sapatos.

- E eu vou para onde Jena? Não tem mais nada! – eu berro.

- Vai para a casa dos Cage, lá e seguro e não, não posso lhe dizer como lá pode ser mais seguro ok? Na hora certa você vai descobrir. – se abaixando ela fecha a mala e em seguida se levanta olhando para mim. – Pegue seus materiais e vamos, devemos ter uns cinco minutos.

Faço o que ela me pediu e vou para a porta de entrada, meu pai já está lá e me da um beijo na testa antes de abrir a porta. Entramos no carro muito rapidamente e logo ela está acelerando para longe.

Encosto a minha cabeça na janela e fico em silêncio durante todo o caminho. Quando Jen estaciona na porta dos Cage, Esther já está na lá com um ar preocupado.

- Venho te visitar assim que puder, vou te ligar todos os dias ok? – tia Jen diz e eu aceno em concordância colocando a mão para abrir a porta, mas ela continua antes que eu possa realmente sair – Sinto muito por tudo ter acontecido assim Le, você não merecia nada disso.

Eu balanço a cabeça antes de sair e abrir a porta de trás onde minha mala foi jogada. Pego os meus pertences e me encaminho devagar até a porta, Esther tem um olhar compreensivo e me abraça. Entramos juntas e ela fecha a porta atrás de si enquanto eu suspiro pesadamente.

- Vem, vou te levar para o quarto de hóspedes.

Subimos as escadas e ela me leva até uma porta no final do corredor, ao abrir encontro um quarto decorado de maneira simples, uma cama de casal está no meio, cortinas na cor cinza cobrem as janelas e o papel de parede é claro. Tem um lugar para eu colocar as minhas coisas e é bem aconchegante.

- Vou deixar você se organizar. – dito isso ela se vai e eu fecho a porta.

Guardo todas as coisas com uma rapidez extraordinária e me jogo na cama, eu poderia chorar, mas parece que as lágrimas simplesmente me deixaram. Encolho-me ali e abraço meu próprio corpo enquanto olho para o nada.

Nos dias que se passam eu não tenho vontade de nada, só saio do quarto para tomar banho. Tia Jena ligou como prometido, mas falei pouco e não absorvi suas palavras. Não desci para comer nos horários das refeições e nem fui atrás de Esther para conversar, em algum momento pensei em ficar envergonhada por estar a poucas portas do quarto de Aron, mas a verdade é que eu não sinto nada.

Já tem uma semana que eu não vou para a escola, e só tenho visto a dona Anna que vem me trazer à comida. Mas, quando o domingo chega Esther parece querer mudar a minha situação anti-pessoas e adentra o "meu quarto" abruptamente por volta das duas da tarde.

SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora