22

1.3K 102 78
                                    

O caminho até em casa é silencioso, meu pai não precisa inserir uma conversa para que o ambiente esteja confortável e essa é uma das coisas que eu mais gosto nele. Minha personalidade é muito parecida com a sua, embora tenha crescido com minha mãe que é extremamente falante e extrovertida eu sou mais do silêncio, assim como meu pai.

Ao chegar em casa eu respiro aliviada, foi muito difícil me adaptar em Salem e no final eu acabei por gostar muito daquela casa, mais especificamente do meu quarto. Subi para o meu lugar de paz carregando minha mala e quando adentrei o quarto respirei aliviada.

Abri a mala apenas para pegar uma muda de roupa e ir para o meu banheiro com as coisas que precisava. Tomei um banho relaxante me forçando a não pensar em tudo o que havia descoberto, eu precisaria processar aquilo, mas não tinha que ser agora. Acabei de voltar para casa e pretendo aproveitar o fato de que não devo mais me preocupar em trombar com Aron, usar o meu tempo para aperfeiçoar o que tenho aprendido e, curtir a minha liberdade que acabo de obter novamente.

Limpa e vestida eu começo a arrumar minhas coisas em seus devidos lugares, minhas roupas vão para o pequeno espaço reservado a elas e minha escova de dente e outros produtos de higiene vão para o banheiro. Quando termino tudo já é a hora do almoço e eu nem percebi o tempo passando, desço as escadas e vou para a cozinha onde encontro meu pai terminando de preparar o almoço.

Sentamos juntos na mesa e começamos a nos servir em silêncio, mas só pela cara que meu pai está fazendo eu sei que ele tem o que falar. Espero calmamente até que comece e depois de alguns instantes ele fala.

- Como está? – eu levanto a cabeça do meu prato e olho para ele.

- Bem pai. – mentira. Mentira grande e gorda – E você?

- Melhor agora. – um suspiro lhe escapa e eu não tenho o que falar então espero até que ele continue – Lamento que tenha tido que lidar com isso, não pretendia receber nenhuma visita e acabar tornando um momento delicado ainda mais complicado para você. Eu deveria ter te apoiado, mas eles apareceram e a sua segurança é a prioridade e...

- Está tudo bem pai, de verdade. Lidei com as mudanças quão bem quanto pude. Agora eu já estou aceitando o que eu sou então nessa área está tudo ok. – apenas nessa, ainda não aceitei que minha mãe tenha sido assassinada e muito menos toda essa merda com o Aron. Porém, meu pai não precisa saber disso.

- Sua tia me contou nas duas vezes em quem conversamos. Você é talentosa, mas sendo filha de Cealena não poderia ser nada menos. – ele fala da minha mãe com tanto carinho e admiração que eu só posso sentir ainda mais raiva por tudo o que aconteceu a eles.

- Nem é para tanto, custo a levitar objetos grandes e foi complicado erguer um escudo. – disse meio sem graça, certeza que mamãe era muito melhor.

- Pelo o que eu sei o seu escudo foi feito a perfeição e mais ainda, você derrubou o escudo de sua tia. – ele parecia orgulhoso, mas ler meu pai é tão complicado que eu nem pensei muito nisso.

- Preciso melhorar ainda. – e eu realmente precisava.

Depois disso ele me contou sobre algumas coisas no hotel e eu me prontifiquei a limpar a bagunça. Lavei as panelas a mão e o resto foi para a lava louças. Guardei todos os itens e quando a cozinha estava totalmente limpa a campainha tocou.

Pelo o que sei meu pai não tem muitos amigos e se fosse receber uma visita já teria me avisado. Foi só ligar os pontos para saber que quem estava parado do outro lado era tia Jena.

- Olá querida. – ela me deu um abraço quando eu permiti sua passagem.

- Oi tia. – fechei a porta enquanto ela caminhava para dentro.

SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora