Salem

25

Depois que Esther vai embora eu tomo um banho e coloco o habitual pijama. Não sinto fome então não desço para jantar, simplesmente me deito na cama.

Minha amiga e seu irmão não são apenas lobos, são filhos do alfa e Aron... Ele é o próximo a liderar um grupo de outros lobos que vivem em Salem. Nada deveria me surpreender a essa altura do campeonato, mas estou incrivelmente surpresa.

Não sei quando pego no sono, mas sei que acabo no mesmo sonho que tenho tido. É sempre a mesma sequência de fatos, eu escuto um barulho e vou atrás de seja lá o que sem medo algum enquanto uma voz me pede para correr... E é por isso que eu me surpreendo, eu não ouço voz alguma, caminho até o som e não acordo. Continuo lá e continuo indo até que encontro, finalmente encontro, o que eu queria.

Tem um enorme lobo, seu pelo em tons de cinza... Uma pequena parte de mim quer se sentir apavorada. Implora para eu corra dali e fuja, mas há outra parte de mim – a parte predominante – e ela quer que eu fique. É ai que eu entendo o que esse lobo é, ou melhor, quem ele é.

Acordo e levanto em um solavanco, o breu do meu quarto me acolhe e eu passo a mão pelo meu cabelo antes de respirar profundamente. Algo dentro de mim implora agora mesmo pela presença dele, algo deseja que ele esteja aqui e eu sei que estou lutando contra isso.

Depois do meu sonho eu não consigo dormir mais, o que é péssimo já que acordei às 2:00 da manhã. Assim que o sol nasce eu saio da cama e vou para o banheiro, tiro toda a minha roupa e entro debaixo da água quentinha. Meus pensamentos me tomam novamente, não posso culpar Aron por não querer nada disso, se eu soubesse como seria eu também não iria desejar. Mas, também lembro que se ele se sente como eu ele não deveria ter fodido aquela menina enquanto eu estava bem ali no quarto ao lado, ele sabia que ia doer.

Confusa e dividida entre ir falar com ele ou não eu saio do meu banheiro, vou até minhas roupas e coloco um vestido e uma sandália antes de prender o cabelo em um rabo de cavalo e pegar minha bolsa e as chaves do carro. Não ligo que deveria encontrar minha tia apenas em duas horas, estou indo para lá agora mesmo.

Meu som não é ligado durante o percurso, apenas meus pensamentos me acompanham. Desvio eles de Aron e foco no que estou aprendendo, preciso melhorar o meu escudo além de que em breve começarei a ver os feitiços e confesso que estou animada para isso.

Bati na porta do chalé e fui recebida por uma Jena surpresa. Eu também estaria, estou bem adiantada.

- Bom dia! O que faz aqui há essa hora? – está fora de questão dizer que quero não pensar em Aron. Sei que minha tia sabe de toda essa historia de parceria, mas não quero falar sobre.

- Estava de cabeça cheia e resolvi ocupá-la com alguma coisa. – dou de ombros e entro ali.

Tiro minha bolsa do ombro e a coloco no sofá antes de me sentar e cruzar as pernas. Adoro esse lugar, ele é tão calmo e afastado, realmente gosto dele.

- Vou trazer chá e uns biscoitinhos, tenho certeza de que você não comeu nada antes de vir. – certa.

Jena vai até a pequena cozinha e volta com duas xícaras de chá e um prato de biscoito. Deixa tudo na pequena mesinha e se senta ao meu lado.

- Os planos pra hoje? – pergunto antes de morder um pedaço daquela coisinha macia e deliciosa.

- Trabalhar um pouco mais no seu escudo. Não vamos demorar muito nele, acho que se você for capaz de segurar algo com um impacto forte teremos acabado. – bem, isso poderia ser um problema.

Tomei um pouco do meu chá antes de mais um pedaço do meu biscoito. Minha cabeça vagou por lugar nenhum até que chegou a Aron, maldita seja essa coisa entre nós! Parece que estou impelida a querer ele perto de mim.