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Os acontecimentos recentes rodam meus pensamentos, estou dividida entre ter tomado a decisão certa em não escutá-lo ou ter sido tola por isso.

Passei a semana gastando toda a minha energia com os treinamentos de minha tia, até meu corpo se acostumar com aquilo eu estarei constantemente esgotada. Na sexta ela me dá uma folga das tentativas falhas de mover objetos grande e tentar projetar escudos.

- Você faz parecer tão fácil fazer tudo isso. – resmungo com o meu chá quentinho em mãos e sentada no sofá do chalé na floresta.

- Vai chegar lá. – ela suspira – Se tiver paciência, você se esgota ainda mais ficando com raiva por não conseguir.

Revirei os olhos, claro que ela estaria certa e aquilo me causava uma frustração ainda maior. Tomei um gole do chá e percebi o quanto as coisas mudaram tão de repente, desde aquele maldito acontecimento até agora a minha vida capotou.

- Vamos começar falando da historia das bruxas. Não se sabe exatamente quando a primeira de nós surgiu, sabemos apenas que foi graças à natureza. Como já lhe expliquei o que você pratica define sua magia e os bruxos das trevas são poucos, mas sempre existiram, são conhecidos como bruxos negros. – ela faz uma pausa e leva a xícara a boca – Antes da caça as bruxas nós vivíamos no meio dos humanos e não fazíamos mal algum, eles não sabiam, mas nós ajudávamos sempre que podíamos. Porém, a igreja resolveu que éramos malignos e seres do inferno e ai a caça começou. – não tenho nada a acrescentar, apenas escuto – Passamos a viver em sigilo, cautelosas e quando a febre de matança acabou algumas famílias insistiram que éramos mesmo seres malignos.

- São caçados até hoje. – digo baixinho.

- Somos, e provavelmente não vai acabar. – tinha dor em sua voz e aquele pequeno sentimento de raiva cresceu em mim.

Sentia raiva pela matança e a perseguição, realmente não havia mal naquilo tudo e os seres humanos eram os monstros na realidade. Mas acima de tudo eu sentia raiva pela minha mãe, não como eu sentira antes, agora havia um desejo de vingança crescendo ali.

- Deveriam revidar, deveriam lutar pela liberdade com magia. – não consigo entender o motivo de não terem revidado, já tem séculos.

- Isso é um caminho perigoso, fazer mal a outro ser vai contra a natureza. – e matar sem motivo não?

- Não é como se eles não estivessem indo contra a natureza há anos. A natureza deveria nos incentivar a revidar. – raiva, raiva pura e incandescente. Jen também deve ter percebido isso e um lampejo de preocupação passou pelo seu rosto.

- Não pense assim querida, não vale a pena. – com um suspiro ela se levanta e pega minha xícara vazia – Acho que por hoje é só, vou te levar para casa e te deixar descansar.

Poderia protestar, sabia que aquilo só se devia ao fato de que eu estava entrando em um caminho perigoso de vingança. Mas eu não queria protestar, eu estava realmente me afundando em pensamentos horríveis e cansada também então apenas acenei em concordância e levantei.

Ao sair do carro me despedi de Jena e caminhei até a casa dos Cage. Não via a hora de sair dali, mas aquelas malditas pessoas não saiam daqui e complicavam ainda mais a minha situação. A única coisa boa era que eu não perdia mais o meu controle durante um pico de emoção e talvez estivesse livre da vigilância constante.

Tomei um banho relaxante antes de me sentar com um livro. Eu já havia lido orgulho e preconceito incontáveis vezes, mas nunca perdeu a graça para mim e vou repetir até o fim dos tempos.

Passo a tarde lendo e na hora do jantar desço furtivamente para pegar algo para comer antes de voltar para o meu quarto. Quando termino meu prato ouço batidas na minha porta e paro o filme que estava vendo enquanto digo para a pessoa entrar. Uma Esther pensativa passa pela porta e a fecha atrás de si antes de caminhar até a cama e se sentar comigo. Deixo o prato de lado antes de me voltar para ela.

SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora