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A semana é uma merda, ainda estou muito afetada com minhas descobertas recentes e o fato de sentir que todos ao meu redor estão me escondendo algo não ajuda em nada.

Outra coisa que não colabora em nada é o fato de que agora eu não posso mais sair sozinha, aliás, com a presença desses malucos na cidade nem sair eu posso. É da escola para casa e de casa para a escola.

Isso de estar presa também tem tido resultados bem interessantes já que eu tenho andado absurdamente estressada e com um humor muito instável. Já aconteceu de estar na cozinha e derrubar copos, ou de estar na sala e acabar derrubando quadros. Esther teve a audácia de rir quando eu fiquei sem graça por estar quebrando coisas que não são minhas.

Para mim está muito obvio que os Cage tem algo haver com essa historia de bruxas existirem, mas eu não faço ideia de onde eles se encaixam no meio da bagunça. Já sei que seus pais estão vivos, mas eu nunca os vi por aqui e isso só me trás mais dúvidas.

Na sexta Aron e Esther tem de sair e eu não sei o porquê. Vou para a sala ver um filme, mas antes de começar a assistir uma mensagem chega no meu celular. É de Luna me perguntando como eu estou e eu digo o de sempre: "tão bem quanto posso".

Acabo distraída com meu celular e encontro algumas fotos antigas, na maioria delas tem mamãe. Deus, como eu gostaria que ela estivesse aqui nesse momento, tenho certeza que ela saberia lidar muito bem com a situação.

Antes que comece a chorar feito uma criança eu largo o celular e solto o filme, quando estou na metade acabo pegando no sono bem ali no sofá.

Dormir nem sempre é uma boa para mim, não quando eu tenho sonhos que atormentam minha mente. Dessa vez é com mamãe, eu a vejo em um campo florido e ela abre aquele sorriso acolhedor para mim. Corro até ela, preciso alcançá-la, mas minhas pernas se movem e eu nunca chego o que me faz chorar enquanto a tristeza me toma.

- Lena! Merda, Lena! – uma mão no meu ombro me sacode e eu desperto confusa.

Olho para a pessoa que me acordou e vejo Aron na minha frente. A janela da sala está quebrada, assim como o vidro da mesinha de centro. Os quadros que decoram a sala estão todos no chão, assim como alguns objetos que estavam ali.

- Desculpe. – digo ao perceber o estrago que fiz por causa de um sonho.

- Está tudo bem. – responde de forma tranquilizadora e suspira antes de se sentar ao meu lado.

Levo minha mão ao rosto e percebo que eu estava chorando mesmo, não era apenas no sonho. Estou tão envergonhada de ter destruído as coisas assim e mais ainda por ter sido vista em um estado deplorável pela segunda vez.

- Quer me contar o que houve? – não sei por que ele se importa então franzo o cenho enquanto ele espera pacientemente.

- Sonhei com ela. – digo antes que perceba o que estou contando para ele e a profundidade que isso tem – Estávamos em um campo, cada uma de um lado, ela sorriu para mim e eu comecei a correr até ela. Eu não conseguia alcançar, – estou chorando de novo – não conseguia chegar até mamãe.

- Não imagino a falta que ela te faz. – ele apoia os braços nos joelhos e olha para baixo antes de virar o rosto para mim – Mas, eu sei que te ver assim não iria agradar, Lena. Vai ser absurdo, porém, você tem que ser forte.

Não tenho nada a dizer e ele também parece não ter nada a acrescentar ali. Aron pega o controle em silêncio e liga a televisão outra vez, então percebo que ele não tem que falar para tornar o ambiente perfeitamente agradável para mim. Sinto-me segura.

Assistimos a um programa besta por algum tempo e então sem saber exatamente o motivo eu falo com ele sobre meus sonhos.

- Tenho tido o mesmo sonho. – ele vira a cabeça para mim ao me ouvir falar – Estou em uma floresta e ouço um barulho, tem algo ou alguma coisa ali que me atrai. Então uma voz me manda correr, mas eu ando em direção ao som, não tenho medo dele, na verdade eu quero chegar até ele. Quando sinto que estou perto eu acordo.

Algo na expressão dele fica diferente quando eu termino, uma coisas carinhosa que permanece ali por apenas alguns instantes antes de sumir e o olhar frio estar de volta.

- Acho que tia Jen tem me impedido de descobrir, acho que ela tem manipulado esses sonhos. – estou falando demais sobre essa coisa que é tão íntima.

- Quer vê-la não é? – eu aceno em concordância de imediato – Ok, diga para ela nos encontrar na sorveteria amanhã, vou te levar.

Abro um sorriso agradecido e ele me olha por mais alguns momentos antes de se levantar e sair dali. Isso foi tão estranho, eu me sinto tão confortável perto dele e nem o conheço.

Ainda arrependida pelo o que fiz as janelas eu saio do sofá e vou pegar a vassoura e a pá. Limpo toda a bagunça e volto para o meu quarto. Ao entrar ali noto que não agradeci a Aron, em nenhuma das duas vezes em que ele me ajudou.

Penso em ir atrás dele, mas descarto a ideia tão rapidamente quanto a tive. Não tenho intimidade para procurá-lo e não devo fazer isso, da próxima vez que eu o vir eu lhe agradeço por toda a ajuda.

Resolvo ligar para minha tia e pedir para que ela me encontre amanhã, assim como ele me disse para fazer. Ela fica com um pé meio atrás com a ideia de ambas sairmos, afinal o perigo é iminente, mas eu digo que Aron está disposto a me levar e que não deve ser tão ruim assim encontrá-la em um lugar público.

Depois de desligar, eu separo uma roupa e vou para o banheiro com minha toalha. Fico um pouco mais ali já que me demoro lavando o cabelo, ao sair do box e parar na frente do espelho percebo que meus olhos estão inchados graças a sessão de choro.

Volto para o meu quarto e me visto antes de ir para a cama, sei que Esther ainda não voltou ou ela já teria aparecido aqui. Sem ter o que fazer eu resolvo dormir novamente, ainda está cedo, mas eu não tenho com o que me ocupar e tudo que dá para fazer é rezar para que não tenha mais nenhum sonho.

Aron sempre aparece nesses momentos

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Aron sempre aparece nesses momentos...
Agradeço por estar lendo e espero que esteja gostando!!

***                        
30/03/2021
Lena na mídia.
Obs: Estar lendo Salem de novo é inexplicável, ver a minha primeira historia escrita, como eu costumava fazer as coisas. Eu aprendi muito.

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