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Tenho evitado Aron com um sucesso tão impressionante que me sinto até mais esperta do que realmente sou. Esther não me disse mais nada sobre o assunto durante os últimos dois dias, saiu atrás dele e depois disso o assunto foi enterrado.

Na segunda de manhã ela me leva para o encontro com tia Jen, minha tia lhe explica o caminho por telefone e logo estamos parando e descendo. Ela também ficará aqui hoje, o que me perturba um pouco, não lido bem com olhares.

Tia Jen sai pela porta antes que cheguemos até ela e está com um enorme sorriso. Entramos no pequeno lugar aconchegante, eu adorei a calmaria daqui, deviam ter me isolado neste local e não na casa dos Cage.

- Deixem suas coisas aqui, estamos de saída. – eu a olho surpresa, não tem motivo para sair daqui.

Faço o que foi pedido, assim como Esther e alguns minutos depois estamos nos fundos da casa entrando ainda mais para o meio das árvores. Para mim não há necessidade, mas tia Jen parece ter algum motivo em especial.

- Lembra o que eu disso sobre a natureza? Estamos conectadas a ela e vamos tentar algo simples com levitação e, embora não haja riscos de problemas, a extensão de seus poderes é desconhecida.

- Ta bem. O que eu tenho que fazer? – estou parada ao seu lado e sei que Esther está um pouco atrás.

Ela se abaixa e pega uma folha do chão, coloca na palma de sua mão esquerda e abre a direita em cima. Sabe-se lá deus como, mas a folha sobe, ela olha para mim sorrindo e depois coloca a folha na mão novamente antes de passar para mim.

- Sua vez. – tem um sorriso em seu rosto, mas uma careta no meu.

- Como? – não faço nem ideia.

- Se concentra e pense que a folha está saindo de sua mão. – parece fácil.

Paguei na língua, não é nada fácil. Eu sinto meu poder, mas ele não se concentra no lugar certo para fazer a maldita folha subir. Depois de dez minutos tentando eu suspiro e levanto o meu olhar irritado da folha encontrando minha tia com um sorrisinho e Esther rindo. Essa garota está rindo, e eu, eu já me sinto estranhamente exaurida.

- Pare com essa risada agora mesmo, isso é difícil! – estou um pouco irritada.

- Não dá para não rir de sua cara Le, perdão. – lhe dou a língua em resposta.

- Foque o poder na mão. – como se eu já não estivesse tentando isso – Faça mais uma vez.

Depois de mais três tentativas eu finalmente consigo o que eu queria e dou pulinhos, pulinhos, de alegria. Minha tia me pede para fazer novamente e eu surpreendentemente consigo repetir.

Quando voltamos para a pequena residência no meio do nada eu estou exausta, não achei que ficaria assim, mas estou. Despeço-me de minha tia depois de tomar uma água, sinto que poderia dormir em pé e ela insiste para que eu volte para casa e não durma ali.

Esther me deixa na porta e diz que precisa encontrar os pais e que volta logo, eu digo que vou ficar bem sozinha e saio do carro. Me arrasto até a casa e caminho devagar para dentro, infelizmente cometo o deslize de não olhar por onde ando e antes que chegue ao pé da escada eu esbarro em alguém.

Não sou tão esperta quanto pensava e ao levantar a cabeça abruptamente para encontrar a única pessoa que poderia estar ali eu vejo pontos pretos, fico tonta e quando isso se mistura com a raiva que estou sentindo por ser uma tapada eu apago.

Acordo desnorteada e sento-me rapidamente, passo a mão pelo lençol macio e me dou conta de que estou no quarto de alguém. Os acontecimentos pré-desmaio me voltam e eu resmungo baixinho antes de finalmente observar os meus arredores e perceber que não estou apenas no quarto de Aron como ele também está aqui.

Meu olhar encontra o seu e por um minuto eu me esqueço dos beijos e de que tenho o evitado há dias, mas logo me recupero e desvio o meu olhar dali. Maldita seja a beleza e seja lá o doce que esse garoto tem, praticamente esqueci de toda a merda só olhando para ele.

Levanto da cama sem uma palavra e caminho até a porta fechada, estou fervilhando de raiva e esse sim é o sentimento certo. Quem ele pensa que é pra me trazer até o quarto dele? Não dá para ser assim, não dá pra me sentir atraída por ele assim, mas eu estou e isso me frustra em níveis absurdos.

- Espere. – ele diz antes que eu coloque a mão na maçaneta e antes que meu cérebro possa processar a minha mão já parou – Precisamos conversar.

Viro-me. Precisamos conversar? Essa é nova, o garoto fala comigo em raras ocasiões e apenas o básico.

- Precisamos é? – estou com raiva.

- Só me escuta ta legal? Sei que tem se perguntado como isso pode ser possível e se você escutar... – por algum motivo eu sei que ele está se referindo a atração sem sentido.

- Você não é de falar comigo, Aron. Pra que falar agora? – ele fez isso por um mês, não me dirige a palavra em nenhum momento além daqueles em que eu estou surtando.

- Se você escutar também vai ter a resposta pra essa pergunta. – confesso que é tentador a ideia de ter respostas.

Porém, embora eu queira muito mesmo saber, eu não quero falar com ele agora. Ainda estou muito confusa com isso tudo e ao encontrar seu olhar percebo que não quero a nova bomba sobre mim agora.

- Vai conversar comigo, mas não agora, eu preciso de tempo. – não espero que ele responda e saio do quarto rapidamente.

Vou direto para o meu e fecho a porta atrás de mim. Malditos segredos, maldita atração, maldito beijo! As coisas não poderiam simplesmente estar claras desde o começo?

Preciso de um banho, então separo a roupa que vou usar e vou direto para o banheiro. Talvez eu tenha cometido um erro ao não aceitar falar agora, mas que se dane toda essa palhaçada.A água quente relaxa os músculos que eu nem percebi estar tensos, o cansaço ainda está presente e ainda são seis da tarde. Esse desmaio atrapalhou com tudo e mesmo com fome eu resolvo que o melhor que eu posso fazer é dormir.

 Esse desmaio atrapalhou com tudo e mesmo com fome eu resolvo que o melhor que eu posso fazer é dormir

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