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Ganhei um pouco de liberdade no sábado, mas não saí no domingo por conta da livraria fechada. Reprogramei o meu cronograma e sairia na segunda e no domingo resolvi assistir a filmes com Esther.

Estava concentrada na tela até que algo me veio a mente. Quando vi Aron ontem eu não reparei, mas agora que a cena me voltou a mente eu pude notar que ele estava esquisito, sua frieza habitual estava errada e...

- Como ele está? – só percebi o que eu estava fazendo quando já havia pronunciado.

Esther me olhou meio confusa até perceber a quem eu estava me referindo, a partir daí seu rosto ganhou o tom de surpresa e eu me arrependi ainda mais por perguntar.

- Ele está estranho. – isso eu adivinhei – Não sei explicar ele é só... Parece diferente.

Acenei em concordância e me voltei para o filme, não devo me perturbar demais com este assunto.

Embora minha mente seja traiçoeira eu me forcei a pensar apenas no filme, e depois no seguinte, e no outro até que peguei no sono.

Sonhei com ele, meus sonhos esquisitos já eram habituais demais para me surpreender, mas sonhar com ele era novo. Eu pensava muito na atração que sentia por ele e nele em pessoa, por mais que tentasse bloquear essa coisa sempre voltava. Meu sonho é a prova disso.

Como venho feito ultimamente eu tentei afastar aquela pessoa da minha mente e dessa vez não foi difícil já que eu estava animada. Remarquei o meu encontro diário com minha tia para a parte da tarde para que pudesse ir até a livraria esta manhã.

Fiz minha higiene matinal antes de colocar um vestido florido e um tênis branco. Peguei minha bolsa e desci com meu celular já em mãos, parei na porta e pedi o meu uber antes de sair e depois já estava lá fora aproveitando o sol da manhã.

O caminho foi feito tranquilamente, eu não falei muito com o motorista, dei um bom dia antes de me virar para a janela e aproveitar o silêncio. Já havia dois meses que eu estava constantemente cercada ou presa, sair sozinha novamente era tão bom quanto se pode imaginar.

O motorista parou em frente à livraria e eu lhe entreguei o dinheiro antes de lhe desejar um bom dia de trabalho. Entrei no local que já havia visitado antes com um enorme sorriso, o cheirinho dali era de livro novo e nada poderia me alegrar mais.

Devo ter ficado ali por no mínimo uma hora e meia, eu não estava preocupada com o tempo. Ao sair eu carregava quatro livros e estava radiante, caminhei feliz até uma cafeteria, infelizmente eu não tomaria sorvete agora já que não havia tomado café. Entrei no estabelecimento e fui até a atendente, pedi uma rosquinha e um cappuccino antes de me sentar em uma mesinha ao canto e esperar o meu pedido, aproveitando o tempo de espera para verificar minhas mensagens. Não havia nada de importante então voltei a bloquear o celular.

Comi em silêncio enquanto meus pensamentos viajavam e, acabei de volta aos pensamentos que se relacionavam a Aron. A estranheza da minha atração e da situação ainda me atormentava e, embora antes de saber de tudo sobre realidade esquisita eu provavelmente teria procurado um médico, agora as coisas não eram muito melhores. Aquele beijo rodava minha mente, as vezes que ele me ajudou também o faziam e mesmo contra a minha vontade a cena em que ele estava agarrado a Laura também me atormentava. E, além disso, eu me perguntava o que os Cage eram e como eles se relacionavam a toda essa coisa bizarra.

Quando saí da cafeteria depois de uns trinta minutos eu resolvi que agora estava disposta a escutar a Aron, minha curiosidade havia vencido a minha questão com a estranheza e eu queria saber. Queria saber o que ele era, queria saber por que ele era um maldito imã, eu queria saber de tudo.

SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora