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Acordo na hora do almoço, mas meu sono ainda não está em perfeita ordem. Tia Jen já está com a comida pronta quando eu adentro a pequena sala outra vez.

Almoçamos juntas e depois ela insiste para que eu volte, ela entende que eu não quero vê-lo, mas me faz entender que pode ser pega se eu ficar mais. No caminho nós combinamos de nos encontrarmos nos próximos dias para começarmos as minhas lições.

Despeço-me dela relutante e entro na casa, por sorte a encontro vazia e subo diretamente para o meu quarto. Ainda estou cansada e ao adentrar o local que estou ocupando eu me rendo e durmo outra vez.

Acordo novamente e decido tomar um banho, saio do quarto com minha toalha e as roupas e me encaminho para o banheiro. Depois que termino eu volto para o meu quarto, não posso simplesmente deixar de me perguntar o motivo de sentir essa coisa tão intensa por alguém que nem fala comigo.

Esther aparece para tentar me arrastar até a sala para assistirmos a um filme, mas eu recuso educadamente. Ele provavelmente não vai aparecer, mas eu não quero arriscar ter que estar em sua presença. Minha amiga nota que tem algo de estranho, mas resolve não dizer nada e eu me sinto grata.

Dois dias se passam, eu evito os ambientes sociais da casa e fico a maior parte do tempo no quarto, completamente entediada. Terminei uma série ontem e comecei um livro novo em seguida, mas é só isso que tenho feito.

Para minha sorte hoje me encontrarei com tia Jen novamente, está na hora de nossas lições começarem. Depois de um banho eu visto uma roupa confortável e ligo para ela informando que já estou pronta. Esther teria se oferecido para me levar se eu tivesse contado que iria sair, mas eu me sentiria inclinada a contar tudo para ela.

Quando minha tia para na porta eu desço e me encaminho para o carro. Dou-lhe bom dia ao me sentar no banco do passageiro e ela parece animada com toda a historia de me ensinar seja lá o que eu tiver de aprender.

Chegamos ao pequeno local na floresta e eu respiro fundo, a verdade é que eu gostei muitíssimo daqui. Entramos em um silêncio que dura pouco, pois assim que já estamos acomodadas na pequena sala tia Jen se põe a falar.

- Vamos começar por algumas coisas simples de entender. – eu aceno em concordância – Bem, o poder faz parte de você, de quem você é. Tem que vê-lo assim, saber que ele se movimenta, você tem que sentir. Depois tem o fato de que a magia não vem com um rótulo de boa ou má, é o que você pratica que a leva para a luz ou para as trevas.

Então quer dizer que existe magia das trevas. Acabo me perguntando o porquê de nenhum dos bruxos ter se rebelado ainda, afinal de contas, os caçadores são humanos, sabe-se lá o que a magia não poderia fazer com eles. Acho que a pergunta que me faço acaba ficando evidente em meu rosto, pois tia Jen se coloca a falar outra vez.

- Não sei como nunca revidaram, no geral é muito difícil encontrar um bruxo que usa magia das trevas e não é como se ele quisesse ajudar alguém. – eu suspiro.

- Como fazer as coisas com magia? – eu não queria perguntar, mas não faço a menos ideia de como usar isso ao meu favor – Como posso ter controle dela?

- Aceite-a como parte de você e como eu já disse você a sentirá.

- Como faço? – ela parece pensar por um momento.

- Dê uma cor para ela, uma textura, um gosto, um cheiro e então imagine ela se movimentando por seu corpo. – parecia inútil, mas eu resolvi tentar.

Pensei em azul marinho, e o cheiro, era uma mistura da brisa do mar com algo mais. A imaginei macia e então pensei nela se expandindo por meu corpo, de imediato eu me arrepiei e pude sentir a textura tocando a minha pele e o cheiro tomando conta do lugar. Jena também sentiu e o olhar em seu rosto era de surpresa e orgulho.

SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora