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O cara conseguiu me levar para um quarto agarrando meu braço e ao fechar a porta atrás de si o meu desespero se tornou ainda maior, eu sabia o que me aconteceria se eu não escapasse, mas eu tava presa feito um animal. Ele se voltou para mim com um olhar predatório e se tornou difícil controlar a minha respiração, uma mão veio para o meu pescoço e escorregou pelo meu braço enquanto a outra pousou no meu quadril. Estava paralisada, mas o meu desespero acabou me vencendo no final.

As duas janelas do quarto se quebraram em vários pedaços, os objetos caíram de seus lugares e um vento forte invadiu o cômodo. O espanto tomou o meu corpo, mas o babaca me soltou e eu me afastei, quando olhei para ele novamente o menino parecia em choque e eu aproveitei esse momento para abrir a porta e sair de lá o mais rápido que consegui.

Desci as escadas aos tropeços e a quantidade de pessoas naquele lugar apenas tornava mais difícil colocar ar em meus pulmões, estava claro o meu pânico. Passei por todas as pessoas e cheguei a porta de entrada, abri e saí para o ar frio da noite. Meu corpo se arrepiou instantaneamente, mas estava mais fácil de respirar, e ficou ainda mais fácil quando eu dei passos para longe da porta.

Minha respiração ainda estava instável quando alguém tocou meu ombro e eu me virei abruptamente, o pânico me percorreu novamente e eu comecei a dar passos para trás.

- Lena, eu preciso que se acalme tudo bem? – eu não reconhecia a voz e estava assustada demais para assimilar quem era – Droga Lena, sou eu ok? Aron.

Quando o sujeito finalmente se identificou e eu percebi de quem se tratava eu parei de me afastar e respirei fundo enquanto encontrava seu olhar.

- Ótimo. – sua expressão ainda é indecifrável – Vou me aproximar novamente e tocar o seu braço, tudo bem? – ele faz o que disse e eu não me afasto dessa vez. Me segurando ele me guia e ao olhar para seu rosto dessa vez encontro apenas calma e parte do meu medo me abandona.

- Vou te levar para casa. – diz e com paciência me conduz até o carro.

O caminho é um borrão, sei que ele fala com alguém ao telefone, mas estava desatenta demais para perceber do que se tratava. Assim que chegamos Aron abre a porta para mim e me conduz para dentro, ainda estou em estado de choque pela ideia do quase abuso e também pelo o que houve dentro daquele quarto.

Nesse momento eu percebo que não estou na minha casa e sim na dele. Meu estado de desespero deve ter feito ele pensar que eu não podia ficar sozinha, mas era o que eu queria. Estou com medo e preciso de espaço.

Então, meu corpo escolhe esse momento para começar a hiperventilar e sei o que é isso. Um ataque de pânico.
Consigo ver Aron vindo, tentando algo, mas só sei sentir o medo e mais medo. Sem controle de nada, nem da minha respiração.

***

Acordo no outro dia em uma cama que sei que não é minha, quando a nevoa do sono me abandona eu noto que estou no quarto de Esther. Os acontecimentos da noite anterior voltam a minha mente, agora que sei que estou inteiramente segura estou mais calma.

Saio da cama, olho para baixo e ainda estou vestida, apenas sem os sapatos. Caminho até a porta e giro a maçaneta enquanto puxo a mesma, o corredor está vazio e silencioso e vou em direção a escada, agora consigo ouvir vozes no andar de baixo.

Desço os degraus cuidadosamente e encontro Esther e Aron na cozinha, ela está sentada em uma banqueta e com os braços apoiados no mármore, ele está mexendo em algo atrás do balcão.

- Graças a Deus você está bem! – se levanta rapidamente ao me notar e vem em minha direção – Aron me contou em que estado te encontrou, o que aconteceu?

Meu olhar viaja rapidamente para ele que está atrás dela, mas eu rapidamente me foco novamente na figura baixinha. Uma respiração profunda e um suspiro é o que me escapam antes que eu fale o que houve.

- Fui ao banheiro quando sai de perto de vocês, mas antes que eu realmente pudesse entrar no lugar um cara me agarrou e me levou para dentro do quarto. Eu entrei em pânico, se eu continuasse ali eu sabia o que ia acontecer comigo, e daí as janelas se quebraram e as coisas caíram. O imbecil que me arrastou ficou em choque e eu aproveitei o momento para sair de lá, estava muito apavorada e aquele monte de corpos e pessoas estava roubando o meu oxigênio então eu sai da casa e seu irmão me encontrou. – ao terminar de falar vejo que ela se vira para o irmão o olhando de um jeito estranho.

- Sinto muito por ter te deixado sozinha, eu deveria ter ficado com você. – Aron foca a atenção na irmã ao ouvi-la dizer aquilo, sua frieza é levemente afetada por algo. Talvez raiva?

Eu digo a ela que o que aconteceu não tinha nada haver com o fato de estar só, e sim com a completa falta de qualquer coisa boa naquele imbecil. Com um aceno de cabeça ela concorda comigo e me leva até a banqueta, na minha frente tem ovos, pão e suco.

- Agora você tem que comer alguma coisa, sua tia já deve estar chegando para te buscar.

Esther me explica que Ryder levou meu carro para casa já que ele não tinha bebido muito e torna a me mandar comer, eu forço um pouco de café para dentro com um pedaço de pão. Não estou com nenhum um pouco de fome.

Dez minutos depois minha tia chega, Aron atende a porta e ela entra como um pequeno furacão.

- Lena! – suas mãos estão em meu rosto e eu me surpreendo com sua reação – Já sei de tudo o que houve, está na hora de ir para casa.

Minha amiga aparece com meu coturno e a bolsa na mão, me entrega e minha tia olha para Aron silenciosamente, algo não está certo. Ela pega na minha mão e começa a me puxar sem me dar a chance de agradecer a Aron e Esther, mas antes que possamos realmente sair Aron entra em sua frente.

- Ela tem o direito de saber. – saber o que?

- Não se meta com isso garoto. – minha tia solta com mais raiva do que já vi em todos esses anos.

- Você conta ou eu conto, as emoções dela estão voláteis e você tem perfeita noção do que isso significa. – o que eu não sei? Se trata de mim é obvio, porém, não entendo como Aron possa saber.

- Já disse que não, agora saia! – a situação me estressa, o fato de estarem me escondendo algo bem ali na minha frente me irrita.

Eles continuam discutindo sobre contar e não contar, minha visão fica turva, estou fraca por algum motivo que não sei explicar. Toda a discussão está me dando nos nervos e eles calam a boca quando um objeto se estraçalha no chão e eu caio antes que possa vez o que se quebrou.

 Toda a discussão está me dando nos nervos e eles calam a boca quando um objeto se estraçalha no chão e eu caio antes que possa vez o que se quebrou

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SalemWhere stories live. Discover now