6

2K 166 216
                                    




Uma semana turbulenta se passa, o humor em casa estava tenso e meu pai estranhamente preocupado com cada passo meu, mas fora a pressão da escola e a situação em casa eu pela primeira vez podia falar que tinha amigos em algum lugar.

Na segunda-feira seguinte tive uma surpresa ao entrar em casa depois da escola, a voz alta e alegre de minha tia encheu meus ouvidos e eu a encontrei sentada no sofá. Levantando-se rapidamente ela veio até mim e atirou seus braços em minha direção antes de me apertar.

Retribui seu abraço sem jeito e quando me afastei vi seu rosto, seus olhos, as lembranças me consumiram. Aqueles eram copias fieis dos olhos de minha mãe, o rosto lembrava completamente o da pessoa que eu mais amei.

Fiz o que pude para espantar as lágrimas que eu senti banhar meus olhos e então forcei um sorriso em minha boca.

- Oi tia Jen. – tive um vislumbre de meu pai parado atrás dela e percebi o motivo da visita.

- Oi querida. – tornou a me abraçar.

Conversamos na sala antes que eu subisse alegando ter deveres, o assunto dos sonhos que tenho veio e ao ouvir a voz de tia Jen bem ali percebi que poderia ser ela me mandando correr e também me impedindo do meu objetivo ali. Minha expressão ficou distorcida naquele momento, por isso ela aliviou o assunto perguntando da escola e outras coisas tolas.

Sabiamos que eu não queria tia Jen, eu queria minha mãe e, embora eu amasse muito minha tia a sua presença no momento só estava me trazendo lembranças que um dia foram alegres, mas agora eram apenas um passado distante e doloroso.

Tomei um banho em busca de lavar a mente, funcionou já que depois eu afundei minha cara em tarefas e depois em um romance que me manteve plenamente ocupada. Ocasionalmente eu tive que descer, mas o jantar foi tão tranquilo quanto poderia ser. Meu pai falou o mínimo possível enquanto tia Jen me enchia de perguntas nada discretas sobre minhas companhias e os pequenos incidentes com janelas se quebrando e o sonho constante. A preocupação ali era palpável.

Naquela noite eu dormi mal, não por um pesadelo ou algo do tipo, eu estava com raiva e depois estava simplesmente triste. As lágrimas que havia segurado mais cedo me atingiram e só queria minha mãe ali, havia dias em que sua falta constante era brevemente ofuscada por coisas com as quais eu me ocupava, mas sozinha em meu quarto e sem ter o que fazer eu só pude chorar e sentir.

Na quarta eu tomei um café da manhã agradável com a minha tia e me encaminhei para a escola em seguida. Já era final de abril e os preparativos para a formatura começariam mês que vem, as meninas estavam extremamente animadas com isso, eu nem tanto.

Estacionei no mesmo lugar de sempre e saí para o frio de abril, meu jeans preto combinava com meu coturno e meu moletom da mesma cor. Meu cabelo estava solto e caia livremente por meus ombros enquanto eu caminhava para a escola.

Encontrei Esther e Luna me esperando na frente do armário, aquilo foi uma surpresa já que geralmente eu ficava ali esperando por elas. As roupas das duas eram um tanto quanto escassas a julgar pelo o clima da região, aqui chovia em boa quantidade e, embora abril não fosse o período mais frio, ainda exigia mais que um vestido em dias como este, e era exatamente isso que Esther usava.

- Bom dia! O clima não as afeta ou vocês gostam de sentir o vento frio nas pernas? – Luna também usava um vestido.

- Engraçadinha como apenas você é. – respondeu Luna enquanto eu abria minha porta e pegava minhas coisas.

- Temos uma festa para ir no sábado, – anunciou Esther – e você vai com a gente.

- Nem pensar. – foi a resposta imediata.

SalemWhere stories live. Discover now