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A terça passa voando e graças a minha pequena folga eu pude treinar erguer meu escudo, fortalecer ele e sem saber exatamente o que estava fazendo eu tentei um escudo físico, só não sei se ele funcionou.

Na hora do jantar eu estava meio cansada do esforço, mas não exatamente esgotada como antes. Anteriormente eu poderia ter tido um desmaio, mas agora que aceitei o que sou parece que as coisas se ajeitam mais facilmente e sem muito esforço, não preciso ficar lutando com a magia.

- Oi Le. – meu pai me cumprimenta quando entro na cozinha.

Ele está parado na frente do fogão mexendo em uma panela e vira apenas a cabeça na minha direção. Hoje ele passou o dia fora então é a nossa primeira conversa do dia, algumas pessoas poderiam ficar bem incomodadas com isto, mas não eu. Gosto de ficar sozinha e meu pai tem obrigações com o hotel que ele gerencia além de ter que ficar de olhos abertos para possíveis ameaças.

- Oi pai, como foi seu dia? – pergunto levando os pratos para a mesa.

- Bem, e o seu? – ele desliga do fogo e carrega a panela para a pequena mesa enquanto eu pego os talheres.

- Normal, pratiquei algumas coisas já que não tinha nada para fazer. – ouvir isso fez ele se lembrar de algo e seus olhos brilharam pela primeira vez desde que cheguei.

- Sua mãe costumava passar horas praticando coisas novas, descobrindo coisas novas. – era admiração em sua voz – Era tão inteligente e boa.

- Ela era mesmo. Às vezes era uma espertinha, mas sua alegria era contagiante. – essa é a primeira vez que falo dela assim com meu pai.

- Cealena era uma pessoa incrível, uma bruxa incrível. Uma das pessoas mais doces que pisaram nessa terra. – sua voz ganhou um tom de dor no final e eu sabia por quê. Minha mãe era uma pessoa doce e teve um fim terrível.

Depois disso eu não pude acrescentar mais nada sobre aquilo ou poderia acabar chorando e meu pai não saberia como lidar com o turbilhão. Ele era sempre tão frio e quando demonstrava um pouco de sentimento eu sabia exatamente o que ele sentia, porque eu também odiava a vulnerabilidade que acompanhavam isso.

Terminei de comer em silêncio, um silêncio confortável e comum que apenas me alegrava. Lavei a louça e guardei antes de subir para um banho e um sono, não estava exaurida, mas ainda sim bem cansada.

Subi a escada devagar e caminhai até meu quarto, depois que entrei eu fechei a porta e fui em direção ao meu banheiro. O certo seria lavar o meu cabelo hoje, mas eu não estava com força de vontade o bastante para isso então o prendi no alto da cabeça e tirei minha roupa antes de entrar no chuveiro.

Um banho rápido relaxou meus músculos e acalmou minha mente. Vesti um pijama confortável e apaguei todas as luzes antes de deitar e me aconchegar em minha cama. Eu sinceramente amo dormir, embora tenha vários sonhos, é um ponto neutro e seguro no meio de toda essa bagunça, sempre foi um ponto neutro na minha vida.

Na manhã de quarta eu me aprontei para ir até o chalé, havia marcado de encontrar minha tia lá para conhecer o tal Edward. Fiz minha higiene matinal antes de colocar uma calça jeans preta e eu uma blusa larga preta, queria muito usar chinelos, mas optei por um tênis.

Adentrei a cozinha por volta das oito da manhã, para minha surpresa meu pai estava em casa e tomamos um café da manhã agradável. Ele me contou o que faria no dia e eu contei a ele como seria o meu, fazer isso me deu uma sensação de normalidade e eu percebi que poderia estabelecer uma rotina boa naquele lugar.

Antes de sair de casa eu notei que estava com uma vibe para rock hoje e conectei o som ao meu celular antes de procurar Sweet Child O'Mine. Saio da garagem cantando e eventualmente, quando o sinal se fecha, finjo tocar. Cinco músicas mais tarde eu estou estacionando ao lado de outro carro na frente do chalé.

SalemWhere stories live. Discover now