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Na manhã de segunda eu acordo sozinha, Aron já saiu. Sento-me ainda meio desnorteada de sono e pego meu celular na mesinha de cabeceira. Já passa das dez na manhã.

Levanto devagar e saio do quarto a passos de tartaruga antes de entrar no banheiro e escovar meus dentes. Ao voltar para o quarto eu coloco um vestido e desço para procurar algo para comer, estou morta de fome.

Entro na cozinha e encontro Esther, ainda de pijama, escorada na bancada. Como já notou minha presença ainda na escada ela já me encara de onde está parada e eu sei que lá vem.

- Bom dia flor do dia! – diz e abre um sorriso conhecedor para mim me fazendo revirar os olhos.

- Bom dia! – caminho até a geladeira.

- Bem, pode começar a me contar tudinho. – não é um pedido, é uma ordem.

Respiro fundo e pego o leite colocando-o na xícara, levo o recipiente ao microondas e quando já está quente eu retiro e coloco o cappuccino. Os olhos de Esther acompanham cada movimento meu enquanto ela espera que eu comece. Estou adiando já que estou constrangida, nunca tive um namorado para contar sobre ele e nem uma amiga para ouvir.

Vou para seu lado e me sento na banqueta, ela replica o gesto e eu levo minha xícara para a boca antes de começar a falar.

- Ele me pediu uma chance no dia do ataque, aquele em que eu desmaiei. Dei essa chance a ele, mas não tinha acontecido nada, apenas treinávamos e conversávamos mais. Uma chance para que eu pudesse conhecê-lo na verdade. – faço uma pausa e tomo um pouco mais do cappuccino – Depois de passar um tempo com ele veio à vontade de estar perto, agora eu já o conhecia melhor e estava com ele todos os dias.

- É normal. Essa vontade de contato é justificada. – acenei para concordar.

- No dia da visita de seus pais eu tive um pesadelo. Eu ando os tendo com frequência, mas tentava me acalmar para não acordar Aron. Porém, nessa noite não pude segurar e comecei a chorar. Seu irmão apareceu e ficou comigo até eu me acalmar. – coro sabendo que é hora de falar do beijo – Então, como eu sabia que isso aconteceria de um jeito ou de outro eu o beijei. – ela faz uma cara de choque misturada com diversão – Ele me perguntou se era aquilo que eu queria e eu expliquei que sim, mas também tinha medo de me magoar. Ele disse que aquela não era a intenção dele e que em termos humanos eu era sua namorada, mas em termos sobrenaturais eu era a companheira dele, a garota dele.

Minha amiga bate palminhas e comemora por estarmos "finalmente juntos" de acordo com ela. Reviro meus olhos e faço o possível para mudar de assunto quando ela começa a pedir detalhes demais.

Termino meu copo e subo as escadas para me arrumar, Aron teve que resolver questões então Esther me levará hoje para treinar com minha tia. Amarro meu cabelo em um rabo de cavalo, calço os tênis, pego uma bolsa e desço para esperar minha amiga.

Vinte minutos mais tarde Esther desce as escadas, eu poderia muito bem esganá-la por ser tão enrolada, mas seria inútil. Vamos rapidamente para o carro e fazemos o caminho para o chalé na floresta.

- Olá querida. – cumprimenta tia Jen ao nos dar passagem.

Edward já me espera e assim que o cumprimento começamos a trabalhar no que é preciso. Ainda não consigo aparatar, como eu gentilmente apelidei isso em homenagem a Harry Potter, o que me frusta muito. Evolui no controle dos elementos, tenho sim o mesmo dom que minha mãe, mas Jena e Edward são extremamente cautelosos. De acordo com eles eu tenho uma pré disposição para cair nas trevas, a perda me causou um desejo de vingança e eles não trabalham mais com a minha raiva.

SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora