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Uma noite sem sonhos e um dia de folga me fizeram dormir até tarde. Quando acordei já era por volta das dez da manhã, não compensava tomar um café então eu sabia que iria apenas almoçar. Levantei e fui para o banheiro antes de fazer toda a minha higiene matinal e voltei para o meu quarto. Coloquei um short de moletom e uma camiseta larga antes de calçar um chinelo e descer. Sem medo de topar com Aron, estou disposta a fingir que ele não existe.

Queria comer algo gostoso hoje e comecei a preparar uma lasanha assim que verifiquei se tinha todos os ingredientes necessários. Coloquei a carne para cozinhar, preparei um molho e depois coloquei a massa numa forma seguida por uma camada de carne presunto e queijo e depois fiz mais uma camada.

Depois que a lasanha já estava no forno eu aproveitei minha animação e comecei a preparar um bolo de chocolate. Era de massa pronta então foi bem simples e antes de levar ele ao forno eu já preparei uma cobertura. Tirei minha lasanha de dentro com um pano de prato e já coloquei o bolo em seu lugar, a forma com a lasanha foi para a mesa e eu a deixei esfriar um pouco enquanto limpava parte da minha bagunça.

Estava com saudade de cozinhar, é algo que eu realmente gosto de fazer, fora que minha recompensa é comer. Deixei meu olhar viajar pelos arredores e vi uma colher suja do outro lado da cozinha, eu estava ali e resolvi tentar trazê-la até mim, mas antes verifiquei a janela que dava para o quintal e qualquer outro ponto em que eu pudesse estar sendo vigiada.

Era seguro então eu concentrei meu olhar no objeto e o visualizei a colher levantando. Para minha felicidade ela o fez e eu poderia pular de alegria, a puxei até minha mão e a segurei antes de parar com aquilo. Com um sorriso enorme eu a lavei e sequei minhas mãos antes de pegar um prato e os talheres e levar até a mesa, depois eu fui até a geladeira segurando um copo e me servi com coca.

Sentei na mesa e me servi um enorme pedaço da minha lasanha, estava deliciosa e eu comi em silêncio. A casa parecia estar vazia, minha amiga deveria ter saído e eu não me interessava em saber por onde Aron andava. Quando terminei o primeiro pedaço eu me servi o segundo e comi apreciando o gostinho daquilo.

Terminei minha refeição e fui organizar tudo. Já havia desligado o forno então tirei o bolo de lá e coloquei a cobertura antes de levar a geladeira. Cobri a lasanha com papel filme e a levei para a geladeira também, com isso feito eu lavei meu prato e suspirei antes de subir as escadas para o meu quarto. Primeiro eu fiquei mexendo no celular, procurando livros novos e vendo o feed do instagram e depois eu peguei o livro que eu tinha começado e li até que decidi continuar vendo o documentário do Ted Bundy.

Dei uma passada rápida no banheiro e depois fui para a sala. Abri a Netflix e comecei o segundo episódio do documentário, tenho que dizer que a mente dele é absurda e ao pensar naqueles assassinatos eu pensei em todos os que os caçadores cometeram. Eles eram tão ruins quanto um serial killer, se não piores já que eles praticavam aquilo a séculos.

Parei de pensar naquilo, não me faria bem continuar ou eu voltaria a vingança e não seria saudável. No lugar disso eu voltei a me focar em Ted Bundy e a descrição do seu modo de matar, mórbido, eu sei.

Estava tão focada que só percebi a companhia quando ela já estava do meu lado. Um olhar rápido me disse que era ele ali e eu enrijeci, ele às vezes assistia comigo quando me encontrava na sala, sempre calado. Eu resolvi que iria ignorá-lo, era o melhor que eu tinha a fazer.

Uma entrevista com Ted Bundy estava passando e eu fiquei tão interessada que até me esqueci da presença de Aaron. Ele pigarreia do meu lado, mas eu continuo focada no assassino em serie e ganho outro pigarro ao meu lado. Será que ele ainda não entendeu que eu não quero a presença dele?

Mais alguns minutos se passam e ele continua ali. Sigo ignorando sua presença e atrevidamente ele pega o controle no sofá e desliga a televisão. Olho para ele indignada e irritada, as coisas não são assim, ele tem que sair daqui.

- Olha só, está olhando pra mim. – quero socá-lo.

Não lhe dirijo a palavra, mantenho minha cara fechada e observo. Respiro fundo antes de estender a minha mão pedindo o controle de volta de maneira silenciosa.

- Não. – Aron está me dando nos nervos! – Nós vamos conversar agora Lena. - sua expressão era tranquila, fria.

- Não estou interessada em falar com você. Me devolva. – raiva, raiva, raiva!

- Engraçado, não era assim que você pensava há alguns dias. – e ele está certo, eu queria falar com ele, agora quero que ele suma dessa sala e me deixe assistir o documentário em paz.

- Ia te escutar, mas não queria atrapalhar a sua foda. – ele fechou os lábios em uma linha fina – Agora eu gostaria que você não atrapalhasse o meu documentário.

Estendi a mão para o controle de novo e ele se recusou a me dar. Maldito! Ia levantar do sofá e subir, se eu não podia assistir o que eu queria ali eu daria meu jeito, além do mais, no meu quarto eu estaria segura. Porém, foi só me firmar sobre meus pés que Aron segurou meu braço, sem me machucar, mas me impedindo de sair e então me puxou de volta e eu estava sentanda novamente.

- Vai escutar Lena. – está tão difícil assim de entender mesmo? Ele pode chamar aquela garota e se trancar no quarto de novo.

- Olhe, você não falava comigo, lembra? Não achava melhor quando eu não era nada pra você? Pois eu sim! – ele não me soltou.

- Pode dar birra, vai me escutar. – birra?

- Acha que está no direito de exigir alguma coisa de mim Aron? Eu me senti atraída por uma pessoa que não conhecia, eu fui salva por essa pessoa e continuei atraída e confusa porque não fazia sentido e depois fui arrastada para o mesmo teto que esse alguém por causa de caçadores malucos que mataram a minha mãe. A já citada pessoa mal falava comigo, mas sempre aparecia quando eu parecia precisar e depois disso eu era insignificante. Então em uma festa ela me beija do nada e corre de mim e depois diz "vamos conversar" e, quando eu resolvo ouvir, ele está trepando com alguém e para a minha total desgraça eu fico triste por uma merda dessas e louca por não entender o motivo da tristeza. – eu falei aquilo muito rápido e tive que parar para pegar fôlego – Portando, você não está no direito e agora vai me soltar.

Ele piscou aturdido e abaixou a cabeça, puxei meu braço, mas ele ainda sim não me deixou sair e eu forcei escapando do seu aperto sem querer. Aron levantou o olhar para mim novamente, mas eu já estava me levantando e indo para escada. Quando cheguei ao quarto tentei fechar a porta e uma mão me impediu, ele entrou ali antes de fecha-la atrás de si. Maldito, maldito, maldito!

A Lena com raiva é tudo!Obrigado pela leitura! :)

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A Lena com raiva é tudo!
Obrigado pela leitura! :)

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