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Que irônico, estou indo resgatar o meu pai no exato dia das bruxas, de caçadores de bruxas. Aron não queria que eu fosse. Ele está tenso e preocupado com a minha segurança, já eu pouco me importo com isso, se ele e minha tia ficarem bem eu estarei bem.

- Você está com aquela cara outra vez. – digo em sua cabeça. Estamos em um carro com membros de sua alcatéia e não quero que escutem.

- Estou preocupado. Tenho um pressentimento ruim, por favor, não sai do meu lado.

Concordo com a cabeça e um pouco depois chegamos a um ponto que devemos descer e fazer o resto do caminho andando. Aron tira suas roupas completamente antes de se transformar no enorme lobo, sei que os outros estão fazendo o mesmo então me foco apenas nele.

Minha tia aparece ao meu lado e segura minha mão. Nada pode acontecer e, me irrita muito ela não ter ficado em casa como eu lhe pedi. Como se soubesse o que eu estava pensando ela olhou para mim e sorriu de forma tranquilizadora.

O caminho até o maldito galpão foi tenso. Aron se pregou a mim e não saiu do meu lado nem por um segundo. Quando chegamos a porta 6 lobos enormes se organizaram em pontos estratégicos e dois montaram guarda ao lado de minha tia. Olhei para Aron, ele fez que sim com sua enorme cabeça e eu ergui um escudo ao nosso redor, ele foi feito de magia e reforçado com o ar. Se alguém atirasse e pegasse em Aron eu morreria, e com esse pensamento eu reforcei a barreira outra vez.

Caminhamos lado a lado, o passo controlado até a entrada do galpão e nenhuma ameaça iminente. Os pressentimentos dele provavelmente estavam certos, estava fácil demais chegar até eles, era uma armadilha.

Quando passamos pela porta pude ouvir as armas sendo apontadas na minha direção, mas não desviei o olhar do homem que estava sentado no centro da sala. Era uma copia fiel do meu pai e quando a percepção me atingiu eu tive que segurar o meu espanto.

- Não vai dizer oi para o seu tio? – ele estava se levantando e deu um passo à frente fazendo Aron rosnar – Ora, vejo que você tem um cão de guarda. – olhou desdenhoso para Aron.

Suas semelhanças com meu pai eram imensas. Papai tinha um irmão gêmeo, mas as poucas palavras do irmão me diziam que sua personalidade era o completo oposto da dele. Eu não disse nada, apenas o encarei, analisando enquanto falava com Aron mentalmente.

- Avise aos outros. – eu sabia que ele ainda não tinha informado sobre quatro homens que estavam ali. Seus olhos estavam em meu tio, o desejo assassino brilhando ali.

Ele não desviou seu olhar, mas fez o que eu pedi e o homem que se dizia meu tio deu outro passo a frente.

- Não se aproxime mais. – disse friamente, em um tom de ameaça.

- Bruxinhas boas como você não podem ferir outra criatura. – ele é tão desdenhoso. Tudo nele me enoja.

- Realmente, não posso te machucar. Mas não tem nada na natureza dele que vai impedi-lo de te rasgar ao meio. – eu olhei momentaneamente para Aron – E olhe só para ele, está doido para colocar os dentes em você. - eu estava sendo firme, mas o medo se espalhava por meu corpo.

- Eu o mataria. – ele estava tentando morrer? Aquilo era provocação.

- Então a bruxinha boa seria colocada para dormir. – eu olhei para ele de cima a baixo – E eu duvido tio que já tenha experimentado enfrentar as trevas. - eu tinha que vestir a máscara do atrevimento.

- Você é uma menina esperta, mas tenho que dizer que foi burra por ter vindo até aqui. Está exatamente onde eu quero. – aquilo me deixou confusa. Ele me queria morta, mas estava fazendo um joguinho irritante.

SalemWhere stories live. Discover now