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Terminamos de comer conversando sobre coisas leves, de inicio foi meio constrangedor, mas depois ficamos bem. Ele me ajudou a retirar os pratos e pegou as panelas antes de levarmos tudo para a pia localizada na frente da janela.

Estou distraída e de cabeça baixa enchendo as panelas com água para amolecer a comida grudada, depois disso eu irei colocar os pratos e os talheres na lava louças. Meus pensamentos estão nele e nisso e...

- Lena! – ele grita me assustando e eu saio do meu transe com medo e desesperada.

Crio um escudo de automático antes que Aron me puxe para o chão e me cubra com seu corpo enquanto eu percebo que a janela se quebrou e os barulhos. Confusa e assustada. Era exatamente assim que eu me encontrava, consciente do corpo dele sobre o meu e com um medo irracional que acho que vem dele.

O som some e ele sai de cima de mim apenas o suficiente para ver meu rosto, há medo em seus olhos. Levo mais uns cinco minuto assimilando tudo o que houve até perceber que os barulhos eram tiros e rezo para que meu escudo tenha sido bom o bastante para aguentar e que ele não tenha levado um tiro.

- Você está bem? Pegou em você? Meu Deus o que houve?! – minha mão foi para o rosto dele antes que eu me impedisse, mas nada importava além de saber se ele estava ou não ferido.

- Pegou em mim? – uma careta surge em seu rosto – Não interessa, pegou em você? – o meu medo estava refletido no seu rosto.

- Ergui um escudo, acho que ele te alcançou, mas ele pode ser falho e você...

- Estou bem. – ele me impede de falar me puxando para um abraço.

Nos soltamos e ele me encara por alguns minutos antes de se levantar e verificar o lado de fora.

- Suba os escudos. – ele pede. O atirador ainda pode estar lá e o alvo obviamente sou eu.

- Nunca desceram.

Levanto pegando em sua mão e olho para a bagunça que me cerca. Escolho esse momento para perceber que estou fraca, que o esforço no meio de um susto me drenou a energia e que eu vou...

Merda! Merda! Merda! Desmaiei.

Abro os olhos para encontrar o breu do lugar que me encontro, estou deitada em uma cama e muito confusa. Foco para me lembrar do que eu houve e quando me volta a mente eu me levanto abruptamente o que me causa uma dor de cabeça.

O susto e o medo combinado com o uso incorreto da magia me drenaram e eu apaguei. Mas, quem foi que fez essa merda? E onde é que eu estou em?

Tateio no escuro ao lado da cama em busca de um interruptor e quando acendo tenho uma visão clara do quarto de Aron. Já estive aqui antes, mas nunca o observei.

As paredes são claras, quase não há decoração e uma televisão estava na parede. A cama de casal está no centro e em cada um dos lados tem um criado mudo, ao olhar para o chão eu vejo um tapete e é só. Saio da cama e depois do quarto, já é noite o que significa que estou apagada desde a hora do almoço e não faço ideia do que está acontecendo.

Ao adentrar a sala encontro Aron e Esther sentados no sofá, ele estava com o rosto entre as mãos e os braços apoiados no joelho enquanto ela estava ao seu lado mexendo nas unhas.

Minha amiga me nota primeiro e sorri para mim enquanto eu me aproximo, quando Aron segue de cabeça baixa sua irmã o cutuca e ele levanta o olhar para ela que depois é direcionado a mim. Assim que me vê ele se levanta e eu respiro fundo.

- O que houve? – pergunto depois de um momento de silêncio constrangedor.

- Como você está? – Aron rebate. Ele está preocupado...

- Estou bem ok? – essa maldita coisa entre nos está fazendo ele se desesperar e isso vai tranquilizá-lo.

- Esther, o que aconteceu? – preciso saber. Embora eu já suspeite, pela cara deles, que o buraco é muito fundo. Tenho que saber de tudo.

- Algum filho da puta passou a informação para os caçadores, eles sabem sobre você e agora querem matar você. Atacaram sua casa, iam matar você e só não terminaram isso por conta da presença dele. – ela aponta o dedo pro irmão e vira seu olhar para lá antes de respirar fundo.

- Como é possível que alguém tenha contado? Eu não fiz nada em público, ninguém além da minha família e de vocês sabem sobre mim. – não tinha como!

- Esse é o problema Lena, não tinha como ser alguém de fora, portanto foi alguém de dentro. – é claro que foi, mas eu não duvido de ninguém.

Olhei para Aron, eu podia sentir os olhos dele em mim o tempo todo, mas evitei devolver. Eu não podia ver o que ele sentia em seus olhos só que eu sentia junto com ele e isso não era bom.

- Ok. – eu respirei fundo olhando naqueles profundos olhos verdes querendo me acalmar – Não vamos todos entrar em desespero agora, vamos arrumar um jeito de me manter segura.

- Como é? – Esther praticamente berrou – Sua vida está em jogo e isso é preocupante! Vamos nos preocupar.

- Não! Vou te dizer como vai funcionar, você não vai me colocar em pânico Esther! – retomo a calma que estou lutando para manter, gritar com quem importa não vai ajudar – Olhe para o seu irmão, ta escrito na testa dele o tamanho da preocupação e eu tenho certeza que você entende que ela está vindo toda pra mim e que eu sou o único ponto de calma pra mim e para ele. Não vai adiantar entrar em desespero então, por favor, não me enlouqueça mais. – agora eu falo bem baixinho.

Um silêncio toma conta e volto meu olhar para ele, posso ouvir Esther tentando acalmar a respiração, mas me concentro apenas ali. Muita coisa se passa pela minha mente, mas a que prevalece é o fato de que esses desgraçados me tiraram a mamãe e agora o novo objetivo deles é tirar a minha vida.

- Ok. Agora que estamos todos no mesmo pé vamos ao plano de "manter a imbecil da Lena viva". – suspiro – Temos que ir falar com meu pai.

 – suspiro – Temos que ir falar com meu pai

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SalemWhere stories live. Discover now