32. tempo

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Nova York, Estados Unidos29 de outubro de 2020, 12:30AM

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Nova York, Estados Unidos
29 de outubro de 2020, 12:30AM

Uma semana, sete dias, cento e sessenta e oito horas, dez mil e oitenta minutos esse é exatamente o tempo que falta para Maria Joana voltar ao Brasil mas parecia que o relógio não queria colaborar com a estilista. O tempo no último mês estava passando lentamente, encarar o ponteiro do relógio tinha virado o maior passatempo da estilista e sentia algumas vezes que o mesmo queria andar para trás.

Desde quando tudo aconteceu naquele domingo ela não sabia mais de Miguel, os seus medos e pesadelos ficaram mais frequentes, em uma conversa com sua mãe a semanas atras a levou a decisão que iria voltar a morar com os pais assim que voltasse ao Rio. Se sentia insegura em morar naquela cobertura enorme sozinha, pensava em comprar um apartamento menor futuramente.

Tentava se concentrar sempre no seu último trabalho e com os dias contatos para a sua tão esperada apresentação ela estava finalizando o seu último sapato enquanto o seu spotify tocava uma música aleatória Maju balançava a cabeça de um lado para o outro com o lápis de cor na mão no ritmo da música.

—  Você é perfeita, Maria Joana.

Elogiou a si mesma e logo abriu um sorriso orgulhoso. Mesmo animada com a música ela se encontrava com sono e as condições climáticas de Nova York naquela quinta feira não colaborava muito com o seu desempenho em se manter acordada.

Respirou fundo e logo apertou as pálpebras  para se manter acordada por mais essa madrugada. Logo que abriu os olhos a música foi alterada.

Maldito aleatório.

—  Eu não acredito que eu passei um ano sem ouvir essa música e ela vai tocar justo hoje, logo agora. —  apoiou a cabeça em suas mãos.

Aparência cansada e abatida era visível na estilista que agora tinha o seu corpo apoiado no encosto da cadeira, encarava o teto de sua casa pensando em tudo que tinha vivido no último ano, o que era pra ser o melhor ano da sua vida se tornou um ano cheio de medos e receios, coisa que a ela nunca teve.

—  Eu não vou terminar de fazer isso, não agora.

Jogou a lápis na mesa e foi até o banheiro tomar um banho, enquanto tirava a sua roupa foi reparando como o seu corpo estava diferente de como sempre foi, percebeu que o resultado de noites mal dormidas estava chegando já que os olhos fundos e as olheiras eram nítidas.

Tomou o seu banho observando o seu corpo com um certo receio de si mesma. A mulher que sempre se amou e nunca teve vergonha do seu corpo agora tinha receio que alguém a tocasse, tinha medo de quem poderia fazer isso. Colocou seu moletom mais quentinho, pegou uma pipoca, seu notebook e deitou na cama com a intenção de assistir um filme ou uma série para o sono vir mais rápido mas tudo por por água abaixo quando ela abriu o seu instagram no seu celular e viu que tinha perdido o jogo do Flamengo daquela noite e pior não sabia o motivo de Gerson não ter jogado.

MEU ABRIGO | GERSON SANTOSWhere stories live. Discover now