Epílogo [Parte 2]

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5 MESES DEPOIS

Eu gemia de dor enquanto sentia as contrações virem cada vez mais fortes e apertava a mão de Lucas, que estava tão desesperado quanto eu. Suas expressões seriam engraçadas e me fariam rir se não fosse pela dor que eu sentia. Eu estava em casa, porque graças à Zoo, eu descobrira o parto humanizado e domiciliar, por isso optei por ele, acreditando fielmente que seria mais confortável estar em casa do que num ambiente propriamente hospitalar. Mas o conforto do lar não era tão explícito quando se está em trabalho de parto, não mesmo.

No entanto, eu estava feliz, sabia que todo aquele processo seria para um bem maior: a vida e vinda do meu filho ao mundo. Todo o acompanhamento até ali havia sido feito com cuidado, como pediam as recomendações antes de pensar no tipo de parto que eu iria querer. Depois de muitos exames durante o pré-natal, descobri que seria possível realizar o meu desejo de ter um parto confortável para mim, e para o meu bebê.

Luíza, minha obstetra, me ajudava em cada exercício de dilatação e meu marido acompanhava tudo de perto. Vez ou outra, enquanto eu estava na cama, sentia seus toques carinhosos e suas palavras de conforto realmente faziam efeito, Lucas continuava sendo um sonho personificado e aquilo me surpreendia e me tranquilizava.

Eu estava sentindo aquelas dores desde a noite passada, porém, a dor das contrações parecia aumentar naturalmente e a cada respiração profunda, eu fechava os olhos, me concentrava e conseguia me acalmar.

Já passava das uma da tarde e pelas contas eu já estava naquela situação há 19 horas. Quando Luíza nos avisou que minha dilatação era suficiente, decidimos ir até a banheira do banheiro, e lá, com a água morna me rodeando, eu sentia ainda mais dor ao mesmo tempo que tudo estava mais calmo. O intervalo de tempo entre uma contração e outra passou a diminuir, e Lucas me olhava apavorado. Sorrio levemente quando o olho, ele estava ao meu lado no banheiro e segurava minha mão o tempo inteiro.

- Dói muito? - ele pergunta baixinho.

- Você não imagina o quanto. - murmuro com a voz levemente risonha.

- Eu amo vocês. - ele declara e faz um leve carinho em meu cabelo. Assinto levemente com a cabeça.

De repente uma dor mais forte me atinge e eu prendo a respiração, fechando os olhos. Nenhuma palavra existente em qualquer dicionário ou idioma poderia explicar ou resumir a sensação de se ter uma contração no parto e aquela afirmação só fez sentido na minha cabeça quando estava sendo a minha vez de experimentar a sensação.

- Lu... - murmuro quando a dor se suaviza e sinto quando "algo" lá embaixo se dilata ainda mais e algo começa a sair dela.

- Hm, vamos lá mãezinha, chegou a hora. - Luiza diz com o sorriso singelo e tranquilo, me passando calma também, e se posiciona ao lado de Lucas. - Vamos lá, faça força.

Com seu pedido, eu começo a fazer o máximo de força que posso, respirando fundo a cada intervalo de tempo e voltando a fazer força logo em seguida. Alguns minutos depois, a cabecinha de Theo já estava para fora.

- Lucas, segura ele. - Luíza instrui e olha para mim. - Mais um pouquinho de força agora Cris.

Então eu obedeço seu pedido e faço mais força, e para minha surpresa, Theo desliza por completo para fora e eu suspiro aliviada. Lucas o segura com cuidado e o tira da água, e só então noto um paninho limpo em seu peito, por isso ele deite o pequeno serzinho naquela região. As expressões que meu marido fizera me deram vontade de chorar, porque continua tanto amor ali, sorrio comigo mesma ao constatar aquilo. O silêncio foi cortado pelo choro alto que Theo começou a fazer.

Pego ele com cuidado, o segurando em meus braços e não evito de sorrir ao observar seu rostinho tão pequeno e perfeito. Lucas me olha e sorri também, percebo seus olhos brilhantes e marejados.

E De Repente, Era Amor - T3ddyWhere stories live. Discover now