46. Acidente?

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Naquela manhã de sábado eu acordei disposta a dar uma caminhada pelos arredores da faculdade, e talvez isso tenha sido motivado pelo fato de eu ter acordado cedo sem necessidade, mas, talvez fosse apenas o costume.

Como Geovana ainda dormia, eu acordei ela suavemente, avisando que iria dar uma caminhada pelo quarteirão, e apesar da cara de estranheza que ela fez, não contestou, pedindo apenas para eu ter cuidado e voltou a dormir.

Eu tinha acordado de bom humor apesar do dia anterior ter sido corrido, então logo tratei de colocar uma roupa confortável, prender os cabelos e colocar os fones no celular, trancando o quarto ao sair. Os corredores estavam silenciosos e vez ou outra algum aluno passava por mim, me cumprimentando, eu apenas retribuía e continuava meu caminho.

Já fora do terreno da faculdade, comecei a andar pelas ruas conhecidas e não demorou muito para que eu estivesse de frente para a praia. Apesar de estar sozinha e não poder conversar com alguém, a sensação de observar o mar azulado era boa e tranquila, fazendo eu me sentar no banco da orla e me perder observando as pessoas.

Por muitos minutos eu me senti nostálgica, principalmente porque nos meus fones tocava "Don't Look Back" do The Korgis, uma música bem antiga e que me trazia recordações de casa. Senti meus olhos arderem ao lembrar dos meus pais e agradeci por estar de óculos escuros, caso contrário, era provável que alguém visse as lágrimas que caíam dos meus olhos.

Era estranho me sentir daquela forma tão de repente, mas sabia que em algum momento sentimentos como aquele surgiriam para me lembrar de tudo o que eu deixei na minha terra natal. Eu era feliz ali no Rio de Janeiro, estando com a minha melhor amiga, com amigos maravilhosos e um amor saudável, eu pertencia àquela realidade agora, mas mesmo assim não deixava de pensar no passado.

Como se a playlist pudesse ler os meus pensamentos, logo começa a tocar "Forever Young" do Alphaville, outra música que eu amava, e pela primeira vez eu sorri genuinamente ao me dar conta que finalmente eu tinha atingido o ápice de viver o sentimento que aquela música me trazia. Quando mais nova, sempre que escutava a melodia nostálgica da canção, eu pensava e pedia ao universo para que algum dia eu pudesse viver a minha juventude, e como se ele pudesse guardar nossos pedidos, lá estava eu, realizando sonhos e metas de uma vez só.

Depois de secar os olhos com o dorso da mão, eu me levantei e resolvi caminhar pelo calçadão, observando as pessoas que passavam por mim, e novamente, estava eu reparando em cada gesto delas. As músicas não pararam de me atingir, porém me animei mais um pouco quando Cristina começou a tocar. Era engraçado ter uma música com o meu nome porque eu jamais pensaria que aquilo algum dia aconteceria, mas agradecia muito a Sebastian Yatra.

Não sei por quanto tempo eu andei mas fui interrompida da caminhada quando escutei o celular tocar depois dele interromper metade da música. Atendi depois de não conseguir ver quem era pelo sol que batia na tela do telefone.

— Alô? — pergunto indo para mais perto de um quiosque.

Graças a Deus, pensei que tinha sido sequestrada. — Geovana diz dramática e eu acabo rindo por já reconhecer sua voz.

— Estou vivíssima, mas então, aconteceu alguma coisa? — questionei já ficando desconfiada.

Não amiga, eu só quis saber se você estava bem. — ela responde e eu murmuro um "uhum". — Vai demorar muito pra voltar?

— Não muito, acho que já vou indo pra casa. O sol esquentou bastante, é capaz de eu derreter. — comento encarando o céu aberto e azul sendo banhado pela luz solar.

Tudo bem, quando você chegar quero te contar uma coisa. — ela instiga e eu suspiro.

— Não pode me contar agora? — questionei não controlando minha curiosidade.

E De Repente, Era Amor - T3ddyWhere stories live. Discover now