53. Gavea Tourist Hotel [2]

560 39 15
                                    

[continuação...]

O silêncio ainda estava presente e pela primeira vez naquela noite eu estava começando a ficar com calor, tamanho meu nervosismo.

— T3ddy, filma ali. — Henrique pede baixo e então Lucas vai até o local do barulho, enquanto a gopró continua gravando o pessoal do tabuleiro.

Internamente eu queria agarrar Lucas e impedir que ele fosse até lá, no entanto, apenas o observo caminhar até o barulho. Poucos segundos depois, escuto a risada nervosa de T3ddy e ele aponta a lanterna para nós.

— Não tem nada aqui. — ele indaga e volta até onde estávamos.

— Beleza, é melhor a gente sair né? — Tatiana comenta enquanto olha para Henrique.

Quando todos concordam com a ideia, eles começam o "processo" de tentar sair do jogo e eu já estava aflita demais mas me mantinha quieta. Demorou cerca de seis vezes até que eles conseguissem sair da sessão e eu finalmente respirei aliviada.

Olho para meus amigos e Andreia se senta ao meu lado.

— Como é a experiência? — questiono curiosa.

— É muito estranha e eu pretendo fazer isso nunca mais. — ela responde e eu acabo sorrindo em concordância.

— Como é que você consegue fazer isso? Quantas vezes por semanas você mexe com essas coisas Rique? — Pedro pergunta enquanto observamos ele apagar as velas e guardar o tabuleiro.

— Mais ou menos duas vezes por semanas, né amor? — Grosse pergunta e Carol assente.

— Que público você foi arrumar hein Henrique. — T3ddy brinca e eu acabo rindo.

Realmente, que público era esse.

Já mais tranquila, agradeço mentalmente quando Lucas volta a se sentar ao meu lado e coloca os braços ao meu redor. Logo todos estávamos conversando e esquecendo do que tinha acontecido.

O café que Daniel havia trazido ainda estava quentinho quando bebi um pouco, tentando me manter acordada. O clima estava frio e vez ou outra eu me assustava com os barulhos que a floresta fazia ao nosso redor.

Gabriel já cochilava no ombro de Pedro, esse que conversava baixinho, Tati já estava deitada no colo de Andreia, Daniel deitara no colo de Geovana também e cochilava, restando apenas eu, Lucas, Henrique, Carol e Geo despertos completamente. Com o tempo as conversas foram cessando, restando com que a gente apenas ficasse mexendo no celular, embora o sinal de rede escasso, e em alguns segundos eu encarei o horizonte escuro e senti a necessidade de tentar fotografar a parte da cidade que estava exposta.

Embora o esqueleto do prédio fosse tenebroso e tivera rendido sustos, era inegável que a vista de lá fosse linda o suficiente para ser contemplada, por isso eu cutuco T3ddy de forma leve, e logo ele me olha.

— Me ajuda a tirar uma foto de lá? — pergunto apontando na direção da praia e ele me encara estranhando.

— Você vai ter coragem de andar aqui em cima? — Lucas questiona no mesmo tom.

— Ah, se eu morrer, pelo menos vai ter válido a vista. — murmuro brincalhona e ele fecha a cara.

— Muito sem graça. — ele responde e eu acabo sorrindo levemente. — Vem, eu seguro a lanterna. — T3ddy exclama enquanto se levantava.

Faço o mesmo e limpo minha calça antes de pegar o celular que estava na bolsa ao meu lado e com cuidado, eu e Lucas nos aproximamos um pouco mais da borda do terraço. O pessoal que ainda estava acordado nos observava em silêncio até eu avisar o que iria fazer, escutando um "ok, mas toma cuidado" de Geovana.

Com cuidado, eu começo a tirar algumas fotos do local, desde o pouco que dava para enxergar a Pedra da Gávea até o espaço aberto que mostrava a praia. A lua crescente iluminava um pouco da paisagem, mas o que mais me encantava era o fato de eu me sentia mais próxima das estrelas que brilhavam incansavelmente sobre minha cabeça.

Encaro Lucas por alguns segundos, vendo ele distraído olhando para baixo enquanto segurava a lanterna que iluminava nossos pés. Quando ele me encara, eu acabo sorrindo.

— A gente não teve muito tempo para conversar sobre ontem mas... Obrigada. — murmuro baixo e vejo um sorriso surgir em seus lábios.

Ele se aproxima ainda mais do meu corpo, ficando com as pontinhas do tênis grudadas nos meus e eu o encaro.

— Você realmente 'tá me agradecendo? — Lucas brinca e eu não resisto, rindo em seguida.

— Não só por aquilo. — dou ênfase na última palavra. — Mas pela noite inteira, desde o parque até... Você sabe. — murmuro baixinho e acabo mordendo o lábio levemente pela vergonha de retomar o assunto.

— Eu acho que não fiz o mínimo, porém, de nada? — T3ddy pergunta retoricamente sorrindo. — Fico feliz que você gostou, de tudo. — ele acrescenta. — Foi incrível pra mim, também.

— Isso é bom. — respondo baixo e acabo o abraçando apertado, sentindo-me aliviada por conseguir estar daquela forma com ele. — Eu te amo muito.

— Eu também amo você Tina. — ele diz num tom baixo e retribuo o abraço, apertando os braços ao meu redor.

Algumas fotos a mais depois, nós dois voltamos para o grupo quando vimos que os donzelas adormecidos tinham acordado. Pedro começou a falar um pouco mais alto, e ele e Gabriel até arriscaram tomar enérgicos, embora estes estivessem quentes, coisa que fiz questão de recusar porque estava longe de querer algum problema estomacal.

O resto da madrugada se passou assim, algumas vezes me peguei cochilando no ombro de Lucas, mas logo acordava e voltava ao assunto, não diferente de mim, essa mesma situação se repetiu com Geo, Andreia e Carol, que já estava deitada no colo de Henrique.

Grosse por sua vez parecia eufórico e conversava com quem quer que fosse, comentando várias vezes sobre como havia gostado do Rio e também nos agradecendo por topar fazer aquela experiência com ele.

Lá pelas cinco e meia da manhã o sol começou a dar suas primeiras pistas no céu e foi lindo observar a grande estrela percorrer o céu até estar clareando toda a imensidão azul acima de nós. Aquela altura nós começamos a arrumar nossa coisas para descer o prédio e voltar a rotina normal. Eu quase cambaleava de sono mas estava feliz demais pela experiência. Com o maior cuidado do mundo todos nós descemos e quando chegamos no solo seguro, encarei o prédio de baixo a cima e suspirei baixinho, de manhã ele não parecia menos assustador.

Pouco tempo depois nós estávamos no carro de Daniel já fazendo o caminho de volta, e os comentários sobre o sucesso do passeio reverberaram pelo veículo. Eu cochilava no ombro de T3ddy, sentindo nossas mãos entrelaçadas e às vezes escutava as vozes das meninas ao longe.

Não sei exatamente quanto tempo eu permaneci naquela posição, mas acordei com Lucas me chamando para despedir de Henrique e Carol, já que eles iriam embora naquele dia mesmo. Sob as desculpas do casal por terem me acordado, eu abracei os dois com carinho, expressando o quanto eu tinha ficado feliz por tê-lo conhecido, e prometi que mandaria mensagem no Instagram e até uma possível viagem para Curitiba, quem sabe.

Quando eles entraram na casa, voltei para o carro e Geovana já cochilava no ombro de Daniel, chegando a ser fofa a cena dos dois juntos. Aos poucos, Pedro, que dirigia, foi deixando cada pessoa em sua respectiva casa, e com isso tive que me despedir de Lucas e Gabe a medida que eles saíram do carro.

Dani passou a controlar o volante quando Pedro também foi deixado em casa, e demorou apenas minutos para que eu e Geovana estivéssemos em frente ao prédio do nosso dormitório. Ao sair, tive que esperar minha amiga se despedir de Daniel e fingi que não vi quando eles se beijaram singelamente.

Assim, quando Daniel entrou no carro e buzinou como forma de despedida, eu e minha amiga caminhamos com nossas bolsas até o dormitório. Eu estava exausta, mas estava completamente feliz por tudo o que havia acontecido nas últimas horas.

Só tive tempo de tirar um cochilo rápido antes que o despertador tocasse e eu tivesse que enfrentar mais um dia da minha rotina de estudos e trabalho.

E De Repente, Era Amor - T3ddyWhere stories live. Discover now