41. Despedida

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Ponto de Vista: Geovana Amaral

Eu olhei para Cristina milhares de vezes antes de começar a falar. Os últimos meses, em específico as últimas semanas, estavam sendo totalmente confusas para mim. Apesar da minha vida estudantil estar indo perfeitamente bem, a minha vida emocional estava por água abaixo.

Desde que Daniel começou a se aproximar de mim, tudo estava se tornando difícil, mas não era porque ele era um cara chato ou que eu não gostasse, eu gostava, e esse era o problema. Eu gostava muito, e sempre tinha que me policiar para evitar constrangimento, até porque eu ainda namorava.

Meu namoro com Rafael estava desestabilizado, porque desde que eu vim para o Rio, não tive muito tempo com ele e eu sabia que aquilo afetaria o nosso relacionamento mas ainda assim resolvi insitir, o que não me deu muitos resultados. Eu ainda gostava muito dele, mas não sentia a mesma conexão de antes e era como se tudo estivesse esfriado.

Eu não sabia se o fato de Daniel parecer tão atraente era especificamente porque estava em uma situação crítica do meu namoro e algo em mim, tentava buscar uma forma de consolo, ou se tudo estava acontecendo de forma natural. Era óbvio que entre eu e Dani não havia acontecido nada, e eu agradecia, mas não deixava de me sentir culpada.

— Você sabe da minha situação, né amiga? — pergunto de forma retórica, iniciando a conversa.

Cristina assente afirmativamente e continua a me olhar.

— Então... Apesar dos altos e baixos entre eu e o Dani, a gente vem se entendendo muito nos últimos dias. — murmuro. — E ontem foi diferente.

— Diferente como? — minha amiga pergunta de imediato.

— Não sei... Foi diferente. — exclamo e começo a recordar dos acontecimentos da noite passada. — Não aconteceu nada demais, antes que você pergunte. — esclareço, o que parece responder a sua pergunta ainda não feita. — Só sei que eu me senti totalmente leve e era como se nenhuma culpa pudesse me atingir.

— E você se sente culpada porque namora o Rafa mas está se aproximando do Dani. — Cris indaga e eu assinto. — Olha amiga, eu acho que você sabe o que eu penso sobre isso... Mas, vou reforçar. O fato é que, se você sente que está começando a se atrair pelo Daniel, é bom que você converse com o Rafael. Não é justo com nenhum dos três que você continue ponderando uma decisão que já deveria ter sido tomada. Eu sei que eu não posso falar muito coisa, já que tenho zero experiência, mas é o que eu acho. Sinceridade é tudo o que você precisa pra se livrar dessa culpa. — ela termina e me encara.

— Você tem razão... Toda razão. — afirmo e suspiro. — Eu só tenho medo.

— Medo do quê?

— Medo de jogar o meu namoro de anos com o Rafael fora e depois me arrepender. — confesso.

— Mas se você gosta do Daniel não tem como continuar assim amiga. — Cris insiste. — É diferente quando envolve outra pessoa. Você pode se arrepender de nunca ter tentado.

— Você acha que vale a pena? — pergunto sincera.

— Só quem pode responder essa pergunta é você amiga. — ela declara e sorri levemente. — Independente da sua decisão, leve em consideração que é uma coisa que você vai ter que lidar por algum tempo, então...

— Obrigada por me escutar. — agradeço e abraço Cristina, apertando meus braços ao redor da minha amiga.

— Vai ficar tudo bem Geo. — ela resmunga entre o abraço e eu assinto.

Logo nos separamos e eu me deito, vendo minha amiga fazer o mesmo. Desejo um boa noite baixinho, já sentindo o sono vir e me viro na direção da parede. Aquela conversa havia me dado um incentivo a mais para tomar uma decisão que eu já deveria ter tomado e então eu percebi que relevar as coisas, sem resolvê-las propriamente, não adiantaria nada.

E De Repente, Era Amor - T3ddyWhere stories live. Discover now