63. Familia e Aniversário

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Ponto de Vista: Lucas Olioti

Meu vôo até São Paulo foi extremamente tranquilo, mas eu não consegui dormir nas poucas horas que ele durou. Quando finalmente pousamos, desci do avião e fiz todo o processo para pegar a minha mala, ação essa que durou cerca de meia hora.

São Paulo estava nublada e por segundos eu me lembro que poderia estar a poucos metros de distância de Christian. Por isso, depois de conversar com um uber que estava estacionado ali e combinarmos a viagem até Ribeirão, fiz questão de avisar Chris que eu estava na capital, e qual não foi minha surpresa quando ele mandou cinco áudios pedindo explicações e falando apressado.

Apesar da situação engraçada, eu ainda tinha quase quatro horas de viagem até minha cidade natal, por isso expliquei ao meu amigo e finalmente entrei no carro quando Márcio, o motorista do uber, anunciou que deveríamos ir. Nos fones de ouvido tocava algumas músicas aleatórias da One Direction, e mesmo que eu não fosse um dos maiores fãs, gostava das canções, por isso batuquei as pontas dos dedos na coxa a medida que Midnight Memories tocava.

A medida que o caminho se estendia, eu escutava baixinho a melodia de um samba tocar pelo carro, e percebo que o som vinha do rádio perto do uber, e como eu estava no banco de trás, conseguia ver apenas os ombros de Mário. Decidido a deixar o clima menos chato, resolvo puxar assunto.

— Essa música é muito boa. — digo e aproximo mais meu corpo do banco do motorista.

Com aquela declaração, nós incrivelmente iniciamos uma conversa longa sobre músicas, indo desde as mais antigas ao sucessos mais atuais. Me surpreendi ao me dar conta que consegui manter um diálogo interessante com o motorista, mas logo o sono começou a chegar e voltei a me encostar no banco traseiro.

Meus fones tocavam outra melodia quando fechei os olhos e aproveitei o silêncio do carro e da estrada, e tenho em mente que permaneci ali por mais ou menos meia hora, mas não consegui dormir, apenas cochilei.

Cerca de duas horas depois, reconheci a entrada da minha cidade natal e senti uma pontada de nostalgia me atingir conforme o carro adentrava o município. Quando o uber chegou no meu bairro, reconheci poucos dos comércios ali abertos e pelas ruas vi muitas das casas dos meus colegas, mas tudo parecia muito mudado.

Mal vi quando o carro estacionou no endereço da casa dos meus pais e senti um sorriso crescer quando encarei a casinha deles, a qual eu morei por tanto tempo antes de ir morar em São Paulo e depois ir para o Rio. Não importava quanto tempo eu passasse fora dali, a sensação de olhar o lar dos meus pais é sempre a mesma: reconfortante.

Acertei o pagamento com o motorista, que logo me ajudou a pegar a única mala que havia trazido, e minutos depois me despedi dele, agradecendo pela viagem. Toquei a campanhia, e mesmo sabendo que meus pais sabiam da minha vinda, não pude deixar de me sentir ansioso ao pensar em encarar minha mãe e meu pai novamente.

Quando o portão abriu, senti braços quentinhos me rodearem e acabei sorrindo de forma singela por saber que era minha mãe que estava me abraçando. A apertei contra o meu corpo e pensei no quanto senti saudades dela.

— Meu filho, você veio! — ela diz quando me olha e eu acabo rindo baixo.

— Eu falei que vinha mãe. Como a senhora está? Tudo bem? Cadê o pai? — questiono já entrando no quintal de casa e puxo a mala, vendo minha mãe fechando o portão.

— Eu estou bem querido, e o seu pai foi na casa do seu irmão ajudar na organização do aniversário. — ela explica eufórica. — Vem, entra. Eu fiz aquele bolo que você gosta, o de farinha. — percebo o tom brincalhão em sua voz.

E De Repente, Era Amor - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora