Capítulo 48 - O cordão

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"But one day this will be over

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"But one day this will be over. I swear it's not so far away."

Various Storms & Saints — Florence and The Machine.


Jamais imaginou uma época em que andar por sobre o chão de pedras da escola o assombraria, que cada olhar de medo de um aluno não o satisfaria, que as paredes do castelo não mais o acolheriam. Jamais pensou que Hogwarts, um dia, poderia se tornar um tormento, uma dor. Uma culpa.

Poderia nunca ter almejado a carreira de professor e ter sido contratado apenas porque Dumbledore o queria por perto, mas Hogwarts sempre foi um refúgio para Snape. Sim, foi lá que sofreu o bullying dos Marotos e que afastou sua melhor amiga para sempre, porém, também fora lá que fugiu dos problemas com o pai, onde se sentiu acolhido — mesmo que oniricamente — por Dumbledore e onde conheceu Elizabeth. A carga de memórias afetivas acerca do castelo era maior do que a de lembranças ruins que vinham o afligir de vez em quando. Nenhum momento de dor poderia superar o paternalismo de Albus Dumbledore — mesmo que houvesse interesses entrelaçados nisso. E nenhuma memória ruim poderia gritar mais alto do que as lembranças dos gemidos e olhares de Elizabeth para ele.

Contudo, agora não havia mais Dumbledore, e Elizabeth estava presa e ele não a via há quase seis meses. Não havia nada que pudesse acalentá-lo. Existia o quadro de Dumbledore, mas não era a mesma coisa, e confessava que olhar para ele ainda doía muito.

A escola havia se tornado uma prisão. Os Carrows eram inacreditavelmente cruéis e não se comoviam nem um pouco com a tortura dos alunos; não poupavam nem mesmo os mais novos. Snape tentava abrandar as torturas da maneira que podia, procurando não levantar suspeitas sobre si. Sendo assim, sempre que podia, encaminhava os alunos para detenções com Hagrid e Filch — embora o zelador fosse assombroso, sabia que ele pegaria muito mais leve do que os irmãos Comensais. Algumas vezes, ele mesmo se responsabilizava pelas detenções. Talvez nenhum aluno percebesse ou estranhasse seu comportamento, mas era melhor assim.

Tinha sido um final de ano conturbado. Soube que o Lorde das Trevas tentou mais uma vez matar Harry Potter, aproveitando que o garoto estivera em Godric's Hollow, mas falhara novamente. Perguntou-se quantas falhas restavam até que Voldemort enlouquecesse de vez, e imaginou que talvez não faltassem muitas. Além disso, levou a espada de Godric Gryffindor até o garoto na Floresta do Deão. Assistiu parte do desenrolar da cena muito bem escondido entre as árvores, e qual foi sua surpresa quando viu que Ronald Weasley fora quem apunhalou a espada. Aparatou antes que pudesse ver a destruição da Horcrux, mas havia sido o certo a se fazer. Se soubesse por que os meninos necessitavam da espada — se soubesse das Horcruxes —, estaria em posição ainda mais perigosa.

Bem, agora era dia primeiro de janeiro. Era aniversário de Elizabeth; ela estava fazendo vinte e quatro anos. Lembrou-se do primeiro aniversário dela depois que se tornara sua estagiária e do pequeno bilhete de congratulações que escreveu a ela, e desistiu logo depois — quase sorriu ao lembrar de como lutara consigo mesmo para transpor a barreira que havia entre eles. Foi pensando nisso que caminhou para fora dos terrenos do castelo e aparatou para a Mansão Malfoy.

Por Trás dos Olhos Negros | ✓Where stories live. Discover now