🏅Finalista do Prêmio Wattys 2022 | Categoria Fanfic 🏅
Elizabeth Jones não demorou a conseguir um estágio logo que se formou em Poções. A oferta de seu padrinho, Dumbledore, diretor de Hogwarts, não tirava o mérito de ser uma jovem muito inteligent...
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"I know you told me I should stay away."
Criminal — Britney Spears.
Os dias que passou longe de Hogwarts não foram tranquilos. Não poderiam ser, já que sua mente atribulada não parava nem por um momento. Seus pais retornaram para Blakeney de mãos atadas e rostos consternados; a filha havia se recusado a ir com eles da mesma forma que declinou todas as tentativas de conversas.
Elizabeth não estava com raiva. Bem, ela tinha sentido raiva, sim, mas apenas no começo; apenas quando descobriu a grande mentira ocultada dela por tantos anos. Agora, estava muito mais apática do que qualquer outra coisa. A mescla de sentimentos como preocupação, medo e confusão — este último ainda mais forte desde o encontro com Snape — era tão forte, tão avassaladora, que não sabia o que sentir primeiro.
Edward a visitou todos os dias. Não importava a hora que saísse do consultório, sempre arranjava tempo para ir até ao Largo Grimmauld. Algumas vezes o horário era inconveniente e quando chegava à sede da Ordem, a irmã já estava dormindo. Dava-lhe um beijo no topo da cabeça, da mesma maneira que costumava fazer quando eram crianças e a pequena Lizzie sofria com pesadelos, e ia embora. Valentina, que estava instalada no Largo há algum tempo, caminhou sobre ovos com a neta ainda nos primeiros dias. Foi pouco antes do retorno à Hogwarts que Elizabeth começou a abaixar a guarda.
Ela estava no quarto, arrumando a pequena mala que a mãe lhe trouxera para passar os dias no Largo Grimmauld. Mais do que nunca queria retornar à Hogwarts, agora que todos aqueles sentimentos se amenizaram e que sua mente começava a se organizar. Entre seus pensamentos estava Severus Snape e o que ele provocava dentro dela. Duas noites após o quase beijo deles, enquanto estava deitada remoendo tudo que acontecera, a compreensão a atingiu como um tiro nas costas, e percebeu só então que o cheiro que sentiu na Amortentia definitivamente era o aroma que a rodeava todos os dias em Hogwarts, nas aulas, no laboratório, nas masmorras.
Sentiu-se estúpida por ter se apaixonado, justamente, pela pessoa mais inalcançável que conhecia e também por ter demorado tanto tempo para perceber. O sentimento de se apaixonar não lhe era desconhecido, aliás, havia o experimentado de diversas maneiras ao longo da vida. Lembrava quando ainda era uma criança pequena e achava que seu primo Regulus era o seu príncipe. Lembrava de Caio, um vizinho trouxa de sua idade, que despertou seus sentimentos ainda muito juvenis, um pouco antes de ingressar no Castelobruxo. Lembrava-se, é claro, de Thamires; seu primeiro e único relacionamento sério até então. Lembrava-se da estranheza de amar uma garota e o medo de contar à família. Amou Thamires por muitos anos e a amou como ninguém. Terminaram o namoro em seu último ano no Castelobruxo. No fim, o amor se desgastou e se transformou em uma bonita amizade. Depois que retornou ao Reino Unido, tivera alguns envolvimentos, mas nada duradouro e apaixonante.
Já estava habituada ao amor, mas nunca vivenciara uma incerteza e medo tão grandes quanto os que sentia em relação ao professor. Não era de seu feitio ser desesperançosa, desistir antes de lutar, mas nem mesmo Elizabeth conseguia evitar o pensamento de que qualquer coisa entre ela e Snape estava totalmente fadada ao fracasso.
