Capítulo 51 - A varinha

744 79 53
                                    

"This is not what I had planned

¡Ay! Esta imagen no sigue nuestras pautas de contenido. Para continuar la publicación, intente quitarla o subir otra.

"This is not what I had planned."

Waiting For The End — Linkin Park.


Elizabeth encarava o espelho. Havia saído do banho há alguns minutos e, depois de usar os dedos para desembaçar o espelho, postou as duas mãos sobre a bancada de mármore e fitou no fundo dos olhos daquela que a encarava de volta.

O braço estava curado, assim como os ferimentos que tinha pelo corpo quando chegou à Blakeney. Contudo, a ferida psicológica não seria remediada com poções, talas e unguentos. Ninguém poderia ficar meses preso, sofrer o abuso que sofrera nas mãos gélidas de Lord Voldemort e sair ileso. Garantira a Severus que estava bem, que o evento violento não a traumatizou em relação à sua vida sexual e isso não era mentira, mas ainda acordava no meio da noite assustada, com as visões dos pesadelos ainda muito vívidas pelo seu corpo.

Seus cabelos estavam mais longos do que jamais estiveram. A visão a fazia se lembrar da avó em sua juventude, que sempre sustentava os cabelos negros e longos em todas as suas fotos em preto e branco. Além disso, os nós ainda não haviam sido desfeitos. A mão demoníaca de Voldemort, que havia a agarrado pelos cabelos mais de uma vez, provocara um embaraço nos seus fios que não havia magia que o desfizesse.

Foi pensando nisso que ela abriu o armário do banheiro e procurou a tesoura que sempre esteve guardada ali. Não fez nenhuma cerimônia ao pegar uma mecha de cabelo e fechar a tesoura contra os fios, observando com satisfação o comprimento em sua mão. Nunca foi apegada ao cabelo, ainda mais agora quando ele a remetia a lembranças ruins.

Ao fim de dez minutos, Elizabeth analisou-se com atenção. O corte, um pouco abaixo do queixo, estava torto — como não poderia deixar de ser —, mas serviria enquanto não pudesse ir a um cabeleireiro. Talvez a mãe ou a avó pudessem ajeitar as pontas atrás de sua cabeça que não conseguia enxergar.

Mas apenas ela poderia ajeitar as pontas soltas dentro de sua mente.

...

Estava sentada no chão da sala com um livro em suas mãos. Consequentemente, não pôde concluir aquele capítulo, pois Hector invadiu seu espaço, sentando-se entre suas pernas e pedindo, entre palavras e balbucios incoerentes, que sua tia lesse para ele. Elizabeth fitou as palavras em português de Úrsula, mas inventou uma história infantil para o sobrinho ao fingir que realmente lia a obra para ele.

Robert riu ao observar a cena. Sentou-se no sofá em que Elizabeth estava encostada e acompanhou o desenrolar da história fantástica e simples que sua caçula contava para o bebê, muito longe da ficção escrita por Maria Firmina dos Reis.

Hector, por fim, se cansou e andou cambaleante para o brinquedo que abandonara. Elizabeth olhou para o pai sorrindo e fechou o livro.

— Está desenferrujando o português?

Por Trás dos Olhos Negros | ✓Donde viven las historias. Descúbrelo ahora