Capítulo 35 - Horcruxes

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"Remember all the sadness and frustration and let it go

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"Remember all the sadness and frustration and let it go."

Iridescent — Linkin Park.


Foi uma conversa longa a que se seguiu nos aposentos de Severus, depois que Elizabeth retornou de Blakeney. O silêncio e a quase aberta apatia do homem a atormentavam. Porém, ela percebia, também, que a cada parte que contava da história dita por Valentina, os olhos de Severus escureciam mais e suas mãos se fechavam com mais força; os nós dos dedos estavam completamente brancos. Ele também crispava os lábios de maneira quase imperceptível e suas narinas inflavam vez ou outra, normalmente quando Elizabeth tocava no nome de Tom Riddle. Esses pequenos detalhes, tão discretos que o mais minucioso detetive poderia deixar passar, faziam com que ela soubesse que a apatia era um disfarce, e que Severus Snape estava tão apavorado quanto ela.

O silêncio vagou ainda por mais algum tempo, mesmo que Elizabeth já tivesse parado de falar há minutos. Severus permaneceu paralisado na mesma posição que estabelecera quando entendeu o rumo ao qual a história levaria. A herdeira de Ravenclaw se perguntou se os joelhos dele não doíam depois de tanto tempo apoiando os cotovelos ossudos, ou se os olhos não ardiam, já que piscavam com grande intervalo de tempo.

— Não dirá nada? — questionou ela, quando a quietude ameaçou sufocá-la.

— E o que devo dizer?

Ele parecia com raiva, o que não era novidade nenhuma se tratando de Snape. Entretanto, diferente de um aluno que se comportava mal, ou de um cumprimento advindo de quem não gostava, aquilo não poderia ser resolvido com um comentário ácido, uma atitude taciturna ou ignorância. Na verdade, não havia nada que pudesse fazer e isso o enlouquecia. Não restava nada a fazer, além de proteger Elizabeth.

Mas como protegê-la?

Não estaria lá o tempo inteiro. Não poderia passar por cima das ordens do Lorde das Trevas. Por mais egoísta que ele fosse — ou fora um dia —, Severus sabia que não poderia pôr a vida de milhares de pessoas em risco para proteger apenas a de Elizabeth. Compreendia, agora, que não poderia viver com ela num mundo dominado por Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Entendia, agora, que não poderia mantê-la a salvo e pôr a família e entes queridos dela em risco. Em meio à guerra, com a mulher que amava sob a mira de Lord Voldemort, Severus não poderia ser egoísta.

Pensando nisso, ele procurou relaxar a postura e tirou os cotovelos de cima das pernas. Piscou para lubrificar os olhos secos, que só agora começavam a arder, e se levantou para abraçá-la. Abraçou-a porque não sabia o que fazer, não sabia o que falar. O que falar? Que tudo ficaria bem? Elizabeth não era uma criança que havia caído ao correr e ralado o joelho. Era uma mulher destinada a derrotar o maior bruxo das trevas de todos os tempos. Uma mulher que era objeto de interesse de um homem — se aquilo ainda era um homem — asqueroso. Uma mulher com sangue de corvo e serpente. Uma mulher.

Por Trás dos Olhos Negros | ✓Where stories live. Discover now