Capítulo 49 - Liberdade

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"Senhora Liberdade, abre as asas sobre mim

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"Senhora Liberdade, abre as asas sobre mim."

Senhora Liberdade — Nei Lopes.


Snape já devia estar há meia hora apenas encarando a carta que recebera. Definitivamente tinha sido a coruja mais estranha e inesperada que recebeu em toda sua vida. Estranhou logo que ela adentrou pela janela do escritório; a coleira azul que a ave usava indicava que não era uma coruja de uso pessoal, mas que, na verdade, pertencia ao correio bruxo.

A expressão estampada na face macilenta do atual diretor de Hogwarts era tão inacreditável — um mix de surpresa, medo, raiva e alívio — que o silêncio dos quadros era absoluto. A pintura de Dumbledore até tentou lhe questionar, mas o nada foi a resposta que obteve e com ela ficou, não insistiu.

O envelope estava rasgado e jogado em algum lugar na grande mesa de mogno, o conteúdo pairava em suas mãos e, pela primeira vez, Snape confessaria que sim, ele estava tremendo. A carta não era tão breve, mas era simples e tiraria o sono do espião com toda certeza — se ele ao menos ainda tivesse algum sono.

"Olá, Severus.

Não faço ideia de como iniciar essa carta, nem sei se ela vai chegar até você. Me baseei nas longínquas lembranças de sua mãe para adivinhar como enviá-la. Você deve imaginar como foi complicado encontrar o Beco Diagonal — é assim que se chama, não é? — e, principalmente, convencer o moço do Caldeirão Furado a abrir a passagem para um trouxa.

Digo, também, como tudo no seu mundo parece cinza e sombrio. Na fila do correio, ouvi sussurros sobre um tal de Você-Sabe-Quem, sobre uma guerra e sobre 'sangues ruins'. O que quer que isso seja, me fez sentir ameaçado, confesso.

Dito isso — e não quero me alongar muito, até porque não tenho muito o que escrever —, escrevo para saber como você está. Tenho tido muitos pesadelos e sentimentos de maus presságios ultimamente, e minha mente parece gritar o seu nome. Eu rezo por você todos os dias, queria que soubesse disso.

Gostaria de vê-lo novamente, se você quiser. Aguardo sua resposta com muita ansiedade.

Fique bem,

Tobias."

Ele provavelmente releu a carta umas três ou quatro vezes e seu coração se apertou em todas as leituras, principalmente por não conseguir acreditar na assinatura do remetente. Tinha dito a Elizabeth — num passado distante — que esperava que Tobias o procurasse da próxima vez. O dia chegara. Tobias Snape queria vê-lo novamente e conversar. Porém, mesmo que esse fato fosse um desejo antigo, não esperava realmente que o homem o procurasse, ainda mais através de uma carta com um conteúdo tão... atencioso? Carinhoso? Ou falso? Não saberia dizer.

Em algum momento, seus dedos redobraram a carta e a devolveram ao envelope, que foi devidamente guardado no fundo falso de uma das gavetas lacradas da escrivaninha. Agarrou a capa, prendendo-a em volta do pescoço, e saiu para a neve, em direção da Mansão Malfoy.

Por Trás dos Olhos Negros | ✓Where stories live. Discover now