Capítulo 28 - Um desentendimento

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 "We haven't spoken in a long time

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"We haven't spoken in a long time. I think about it sometimes."

Grace — Florence and The Machine.


Num piscar de olhos, o Ano Novo e o aniversário de Elizabeth passaram. Ela não tivera mais nenhuma notícia de Severus desde a noite do Natal, mas aquilo não a incomodava tanto. Parecia que finalmente seu relacionamento com o homem se estabilizava e agora fazia parte de uma rotina, como o casamento dos seus pais. Isso em nada diminuía o sentimento, apenas tornava a distância mais compreensiva, porém, não menos angustiante.

Na verdade, havia um motivo maior para não estar pensando muito na ausência de Snape. O motivo era o seu irmão e, consequentemente, seu sobrinho. Se dissesse que Edward mudara da água para o vinho e havia ido visitar o bebê logo no dia seguinte, estaria mentindo. Foi mais de um mês preso no luto, se culpando pela morte de Emma, para simplesmente dar as costas ao problema.

Todos notaram, entretanto, que o primogênito dos Jones parecia mais leve, mais comunicativo e, até mesmo, não estava fumando tanto. Porém, ainda estava aéreo e absorto num mundo só dele. Os pais cochichavam sobre o que poderia ter acontecido para a mudança progressiva do filho, mas nunca conseguiam chegar a um consenso. Elizabeth jamais contaria a verdade da conversa entre Edward e Severus, pois preservaria a intimidade do professor até o último dia da sua vida.

Foi no dia trinta e um de dezembro que Elizabeth pôde ter uma maior privacidade com o irmão. Os pais e a avó estavam na cozinha preparando as refeições do Ano Novo, e Edward estava no quarto que ainda mantinha na casa de Blakeney. Segurava o pequeno macacão nas mãos e olhava para ele com medo e amor.

— Eu ouvi a conversa com Severus — disse ao adentrar o quarto.

— Eu sei disso — respondeu ele, ainda com os olhos na roupinha. — Conheço a irmã fofoqueira que tenho.

— Ei! — exclamou com um sorriso.

Aproximou-se mais um pouco e se encostou à parede próximo de Edward. Ele finalmente levantou seus olhos igualmente castanhos para a irmã.

— Não vou remexer muito nesse assunto. Foi uma conversa que só diz respeito a vocês dois. Mas preciso perguntar: o que fará agora?

Ele colocou o macacão sobre a cômoda e cruzou os braços. Seus olhos se prenderam momentaneamente na janela fechada, que impedia o vento rigoroso de adentrar.

— Sinceramente, eu não sei. — Deu de ombros e voltou o olhar para a irmã. — O que mais quero agora é vê-lo, mas é difícil deixar essas últimas semanas para trás. Tenho medo que Hector me julgue e...

— Ed — riu —, Hector tem um pouco mais de um mês de vida. Não acho que ainda tenha poder de julgar alguém.

— O que estou querendo dizer, Lizzie — não se deixou levar pela breve brincadeira da irmã —, é que tenho medo que ele não me reconheça. Que chore quando me ver por achar que sou um estranho, que não queira vir no meu colo...

Por Trás dos Olhos Negros | ✓Where stories live. Discover now