Capítulo 50 - Lar

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"Eu, quando estou com você, estou nos braços da paz

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"Eu, quando estou com você, estou nos braços da paz."

Gostoso Demais — Maria Bethânia.


Hector, que brincava no chão da espaçosa sala, apontou para o "passarinho" negro que se aproximava das barreiras de proteção da casa. Seu pai fitou a paisagem com incredulidade: o largo campo branco, ainda coberto pela neve, o Sol que saía com timidez por entre as nuvens e o corvo que perdia altura com velocidade perigosa.

Inconscientemente, devido à surpresa e ao medo, Edward apenas conseguiu gritar o nome da irmã e saiu porta afora, deixando o filho sozinho e confuso. Com o grito, o restante da família correu até à sala e assistiram à cena pela porta que fora deixada aberta.

Valentina pegou o bisneto no colo, que àquela altura chorava sem entender o que acontecia, enquanto Edward e Robert corriam até o quintal. Não conseguiram chegar a tempo nem lançar nenhum feitiço antes de Elizabeth se destransfigurar e cair de uma altura de mais de dois metros. Entorpecida pela fome, sede, cansaço e dor — muita dor —, os olhos castanhos do pai e do irmão foram as últimas coisas que registrou antes de desmaiar.

...

Pôde abrir os olhos sem nenhuma dificuldade — além da dor —, pois a luz do quarto estava apagada e o céu que podia ver através da janela estava tão escuro quanto os seus cabelos. Elizabeth se sentia extremamente cansada, faminta e com sede. Voou por quase quatro dias de Wiltshire até Norfolk, evitando ao máximo parar para beber água ou ao menos descansar, já que temia perder a forma animaga tão complicada de conquistar.

Ela ergueu a mão direita e com muita dificuldade conseguiu realizar uma magia simples — e fraca — para chamar alguém. Sentia uma coceira estranha no braço esquerdo. Ouviu muitos passos apressados se aproximarem, e mãe, pai, irmão e avó se espremeram para dentro do seu quarto.

— Lizzie! — Sua mãe sentou ao seu lado na cama, pegando o rosto da filha nas mãos. — Você voltou para nós!

As lágrimas que romperam pelos olhos de Elizabeth vieram totalmente desavisadas. Seu corpo inteiro doía, ainda mais com os soluços do pranto, mas nada poderia sobrepujar o alívio e felicidade de estar em casa. Sua mãe se curvou sobre si, abraçando-a da maneira que podia. Quando Elizabeth levantou os braços para também envolvê-la, percebeu como seu braço esquerdo — o que coçava — parecia extremamente pesado, e o que viu por entre as lágrimas a assustou.

— O que...?

Cássia se afastou e fitou o braço da filha. Todo o braço esquerdo de Elizabeth estava envolto por uma plumagem negra e coçava como uma alergia.

— Foi uma complicação da transfiguração — explicou Edward. — É relativamente fácil de resolver, mas precisávamos que você estivesse consciente para isso.

Por Trás dos Olhos Negros | ✓Where stories live. Discover now