Evasion

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Os dias foram passando, tornaram-se semanas e por fim, meses. Já estavam no meio de junho e enquanto Beatriz lidava com seus encontros românticos e extremamente bem planejados – por Seth, diga-se de passagem –, sua irmã e prima tentavam a todo custo desfrutar de uma pouca felicidade. O jogo de azar havia virado, com toda a certeza. A agora sempre sorridente e nada depressiva Bella, lidava com seu triângulo – Edward, Jacob e Charlie – melhor do que a prima que enfrentava o mesmo problema de três pontas: Jasper, Edward e o vampirismo. Ela não estava mais na mansão Cullen, ainda que a visitasse com muita frequência por conta de Emm, Rose, Esme, Carlisle e Josh. Se Jasper achou que ela iria ficar por perto, enganou-se redondamente. Ela tinha outros planos para se vingar do ex namorado. Ademais, ainda precisava lidar com Edward, o qual estava quase sempre presente no quarto de Bella – não que eles já tivessem voltado ou que Charlie soubesse disso – e uma vez por semana na sala da casa, visto que esse era o máximo de visitas daquele ser que o Xerife tolerava. Anna e o tio desfrutavam da mesma antipatia.

Já Alice, a qual passava mais tempo na residência Swan do que os próprios moradores, conseguiu construir uma amizade sólida com Charlie, visto que ele depositou toda a culpa e consequências da viagem de quatro dias da filha para fora do pais na pessoa correta: Edward. Anna, por sua vez, não alimentava-se mais todos os dias. Ia caçar uma vez na semana – por precisar de um estoque de sangue maior do que os Cullen's –, mas sempre tentava fazer isso na companhia de alguns deles, pois o restante ficava para vigiar a cidade. Victoria não havia dado nenhum sinal em todo aquele tempo e tirando ela, os Cullen's tinham algumas preocupações perambulando por suas cabeças e, consequentemente, pelos jornais. Anna encontrava-se arrumando seu quarto – pela primeira e provavelmente última vez – sem a ajuda de ninguém. Tirou tanto lixo e coisas quebradas do chão que não surpreender-se-ia se um cadáver estivesse escondido entre as pilhas e mais pilhas de tralhas espelhadas pelo local.

Quando terminou de fechar o último grande saco – de três, só para constar – um cheiro estranho chamou sua atenção, tal como a movimentação da prima no quarto ao lado. Era o aroma inconfundível de queimado subindo da cozinha. E então a corrida da prima fez sentido: em outra casa, o fato de uma pessoa que não fosse Bella estar cozinhando não devia ser motivo de pânico. A castanha desceu a escada num átimo. O vidro de molho de espaguete que Charlie colocara no micro-ondas só estava em sua primeira volta quando ela abriu a porta e o tirou de lá. Anna riu com a conversa que aconteceu em seguida e desceu os três sacos de lixo sem muito esforço. Chegou na cozinha e empurrou a prima com o quadril para que a garota lhe desse espaço e arregalou os olhos para a monstruosidade que viu na panela.

- Perdi alguma coisa? Desde quando você faz o jantar, tio?- perguntou Anna. O bolo de massa borbulhou na água fervente enquanto Bela a cutucava, escondendo uma careta de nojo.

- Ou tenta fazer o jantar, melhor dizendo.- Bella falou, completando o raciocínio da prima. Anna colocou os três sacos na varanda de trás e fechou a porta rapidamente. Charlie deu de ombros para a fala das duas.

- Não há nenhuma lei que me proíba de cozinhar em minha própria casa.

- Você saberia disso - responderam juntas, Bella sorriu ao olhar o distintivo alfinetado na jaqueta de couro do pai.

- Rá. Essa é boa. - respondeu ele.

Ele tirou a jaqueta, como se o olhar da filha o lembrasse de que ainda a estava vestindo, e a pendurou no gancho reservado para suas roupas. O cinto com a arma já estava no lugar, ele não sentia a necessidade de usá-la na delegacia havia algumas semanas. Não tinha havido mais desaparecimentos perturbadores para transtornar a cidadezinha de Forks, em Washington, ninguém mais vira lobos gigantescos e misteriosos nos bosques sempre chuvosos. Bella mexia o macarrão – monstruoso – em silêncio, imaginando que em seu próprio tempo Charlie acabaria por falar sobre o que o incomodava. Já Anna, retirou um suco de caixinha que ninguém tomava e estava pra lá de vencido – não que alguém tivesse reparado nisso – e depositou em um copo. Fez isso virada de costas para o tio e de frente para a pia, de forma que pode jogar todo o suco fora pelo ralo e virar-se novamente fingindo estar o degustando ao máximo. Charlie nada notou, Bella reprimiu uma risadinha pois viu todo o processo. Ele se sentou à mesa com um grunhido e abriu o jornal úmido que estava ali; segundos depois, estava estalando a língua de reprovação.

The Twilight SagaWhere stories live. Discover now