Capítulo 2

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Gizelly precisou atender dois clientes quando descobriu que Talles estava muito ocupado com uma mulher nos fundos da livraria; por isso, precisou deixar Rafaella sozinha por alguns instantes. Com mais dois clientes satisfeitos, ela estava procurando por Rafaella entre as prateleiras onde havia deixado, mas a dona daquele sorriso estonteante não estava em lugar algum. Poderia muito bem ter ido embora.

Constatou que provavelmente havia ido mesmo, o que era uma pena, pois adoraria conhecer mais daqueles olhos verdes. E da pele macia. E todo o resto que compunha aquela mulher linda. Pegando seu livro de volta, ela voltou para o trabalho. O dia correu tranquilo; algumas discussões com Talles sobre o comportamento dele, que achou que ela estava com ciúmes quando na verdade ela só queria que ele fosse profissional mesmo.

Entrando em seu apartamento, quando a noite já caía, ela recebeu um aviso no celular. Tinha um novo desafiante no Nero, a academia que servia de local de encontro para as lutas. Pensou se deveria ir ou não, uma vez que não estava completamente recuperada da última luta, e ficaria bem mais difícil de esconder outros machucados.

E não foi o valor que ganharia que chamou sua atenção, e sim a mensagem do seu desafiante; só mais um homem idiota e machista falando que mostraria que o lugar dela era em casa cuidando do marido. Agora ela precisaria ir mostrar para o babaca que o lugar dela era amassando o rosto dele no asfalto.

Ou no caso, no chão do Nero.

Em seu quarto, tomou um banho muito gelado e colocou a roupa que sempre usava para lugar. Um short esportivo larguinho nas coxas e uma camiseta velha. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e colocou o moletom por cima. De chinelos, caminhou os quarteirões até a academia onde já era esperada por alguns de seus companheiros.

- Titchela. – A voz de Eusebio chegou em seus ouvidos, e eles trocaram um aperto de mão. O morenop era um de seus melhores amigos, e sempre a apoiava em tudo. – Daniel está lutando agora, você deve ser a próxima.

- Eu? Mas já?

- Sim. Você é a grande atração da noite.

- Para variar...

- Precisamos trazer novas meninas para tirar o foco de você.

- Quem é o babaca da vez?

- É um novato, creio eu. Nunca o vi por aqui. O chamam de Cicatriz.

- Que clichê.

- Concordo.

- E por que ele me escolheu?

- Ouviu que uma mulher era a campeã entre nós e achou um absurdo.

- Claro...

- E quer uma disputa. Acho que você consegue derruba-lo.

Gizelly o olhou, sorrindo.

- Você sempre acha isso, Eusebio.

- E eu nunca erro.

Gizelly se juntou ao resto do grupo, sendo cumprimentada pela maioria dos homens ali. Os que não cumprimentavam, ela simplesmente sorria de longe, entendia que ainda era um processo de aceitação: ter uma mulher disputando e ganhando de todos eles não era fácil. E o tal novato provavelmente teria que passar pela mesma lição. Ela tirou o moletom.

Caon foi anunciado como o vencedor da luta e se jogou nos braços dela, com sangue escorrendo por sua boca. Beijou-a no rosto e cuspiu sangue no chão.

- Que bom que veio.

- Vamos cuidar de você, depois.

- Aceito.

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now