Capítulo 78

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Na primeira semana de Junho, Gizelly fez questão de acompanhar Rafaella na sessão de fotos com Marcela. A mulher estava insegura e até um pouco trêmula, mas a morena fez questão de manter toda a calma do mundo enquanto virava a mulher para si na calçada, em frente à moto.

— Se ficar se tremendo desse jeito, ela vai perceber que ainda te afeta, e isso me preocupa.

Rafaella suspirou e encarou a noiva.

— Não estou afetada com ela, estou preocupada com vocês duas no mesmo ambiente. Na verdade, mais além... Estou preocupada com você indo presa por causa dela.

Gizelly deu uma risada tão gostosa que Rafaella sorriu junto, era impossível. Aquele som tocava direto em seu coração.

— Prometo manter minhas mãos longe.

— De mim?

Gizelly sorriu e puxou Rafaella ainda mais para perto.

— Isso nunca. Só dela. Prometo me comportar.

— Confio em você. Não confio nela.

— Continue confiando em mim que vai dar tudo certo.

Rafaella sorriu e enlaçou Gizelly pelo pescoço.

Depois de um incrível passeio de moto — como sempre era — o casal chegou ao estúdio onde Marcela esperava com uma nova fotógrafa, que Rafaella não reconheceu de lugar nenhum.

A mulher de cabelos rosas — que havia trocado a cor por um negro como a noite, muito semelhante ao de Gizelly — arregalou os olhos ao ver que Rafaella tinha os dedos entrelaçados aos da outra morena em questão.

— Vocês voltaram?

— Voltar é um termo muito vago. — Gizelly começou a falar, tomando a frente de Rafaella, como se para protegê—la de qualquer toque da outra mulher. — Tivemos um pequeno desentendimento e agora está tudo bem.

Pequeno. — O desdém na voz foi evidente. — Eu não chamaria os meses de sofrimento de Rafaella como pequeno. Se você tem tão pouca estima assim por ela...

Gizelly precisou respirar muito fundo para não cair na provocação; e o fato de Rafaella ter segurado seu braço ajudou a manter a morena nos eixos.

— Não vou me dar ao trabalho de te responder o que não te interessa. — Ela disse e notou que Marcela se aproximava. Sentia seu sangue ferver. — Rafaella está aqui como a profissional que é, mas não se esqueça de que ela é a minha mulher. E se você se esquecer disso, eu vou fazer questão de te lembrar.

Marcela deu um sorrisinho cheio de ironia.

Rafaella puxou Gizelly para si e virou a noiva até que pudesse encontrar seus olhos. Segurou o rosto dela entre as mãos e sorriu, tentando passar a calma que ela mesma precisava.

— Está bem?

— Você está?

— Sim. Não quero que te preocupes.

— Só quis deixar meu recado. — A morena sorriu de lado e segurou Rafaella pela cintura. — Agora eu vou te esperar quietinha ali no canto. Vai ser brilhante.

Despediu-se de Rafaella com um beijo forte, possessivo, que deixou a mais alta de pernas bambas. E quando Rafaella se voltou para Marcela, a mulher estava esperando no centro do cenário para as fotos.

Não era fácil estar perto dela depois de tudo, Rafaella disse para si mesma. Era doloroso de fato, mas ela precisava ser profissional. E Gizelly estava com ela. As duas estavam bem. Não precisavam de mais além do que o que tinham. A confiança restaurada e a felicidade plena que viviam. Mas não era fácil. Não era uma situação agradável de forma alguma.

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