Capítulo 88

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Enquanto a ansiedade do terceiro dia corroía Gizelly como um buraco negro, sugando toda a sua energia, Rafaella estava deitada na mesma cama com cheiro horrível. Com o suor escorrendo de seu corpo após uma nova luta contra Marcela . O coração batia forte contra o peito enquanto ela observava Marcela deitada ao seu lado na cama. Nua. Sorrindo. Como se houvesse ganhado a guerra, mas Rafaella não queria desistir. Não poderia. Precisava pensar em um jeito de escapar. E enquanto Marcela se vangloriava em silêncio, Rafaella queria ser mais forte.

Se ela fosse mais forte, conseguiria lutar de forma correta contra a mulher, talvez até escapar. Voltaria para Gizelly, onde era sua felicidade, casaria com a mulher e teriam um vida incrível juntas. Longe da infelicidade crescente no seu peito. Ergueu-se  da cama, precisava de banho para limpar a sujeira de seu corpo, e deixou Marcela sozinha para se enfiar na água quente. Trancou o banheiro para se certificar de que não teria companhia, de novo.

E vomitou.

Vomitou como se pudesse colocar se interior inteiro pra fora, como se estivesse com nojo de si mesma - e estava um pouco, se fosse para ser bem sincera. Depois de todo o enjôo, enfiou-se de fato na banheira de água quente. Deixou que tudo escorresse do seu corpo como se estivesse de fato retirando sua pele e recolocando no lugar.

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Ao fim de tarde, Rafaella se surpreendeu com a visão de Ivy invadindo seu quarto. Tinha acabado de se livrar de Marcela quendo a irmã da maldita resolveu aparecer direto de seus pesadelos e inseguranças. Olhou a mulher e teve a exata visão dela em seu apartamento fingindo que havia transado com Gizelly. E se encheu de raiva imediatamente.

- Eu vim em sinal de paz. - Ivy disse de prontidão, como se estivesse sentindo que Rafaella poderia avançar nela a qualquer momento. - Por favor.

- Não vejo como isso pode ser possível depois de tudo o que você fez. - Acusou, afastando- se da aproximação da mulher. - O eu você quer?

Carregada de culpa, Ivy encolheu os ombros.

- Me explicar.

- Não vejo como isso pode ter...

- Marcela mandou prender a minha esposa. - Interrompeu Ivy. - Ameaçou matar a minha Catarina. E bateu nela até que ela estivesse respirando por aparelhos.

- E agora você quer que eu tenha pena?

- Não. Eu quero que entenda porque fiz tudo que fiz contra você e Gizelly. Eu não queria. Mas... Eu só não sentia que tinha outra escolha. Eu não sabia o que fazer, fiquei desesperada.

Rafaella suspirou, sentido o peso das palavras da morena.

- Não sei o que faria se fosse Gizelly...

- Eu juro que não queria isso. Não queria nada disso. Só queria minha esposa segura de novo.

- Por que Catarina está presa?

- Marcela fez uma denúncia sobre tráfico de drogas.

- Sua irmã não se cansa de bancar a vilã de novela?

A risada que escapou de Ivy foi seca e irônica.

- Acredito que não. - E depois de uma linha pausa, ela continuou falando. - Nunca nós conhecemos, Rafaella, mas eu sei absolutamente tudo sobre você.

O mar do teu olharUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum