Capítulo 7

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Gizelly achou que seria a coisa mais simples do mundo ter Rafaella morando em seu apartamento e trabalhando com ela. Parecia simples em sua cabeça. A mulher ficava protegida, tinha um emprego e de quebra elas ainda ficavam mais perto, se tornavam mais amigas. O plano era exclusivamente esse. O problema, de fato, era que Gizelly não queria ser apenas amiga de Rafaella. E que cada vez que elas voltavam para casa juntas depois de fechar a livraria, e Rafaella sempre segurava sua mão, ou lhe abraçava... Gizelly sentia algo no peito.

Elas viviam se tocando. Não era possível que Rafaella não sentisse o mesmo; as pessoas não eram como ímãs para qualquer um. E elas duas pareciam dois ímãs, sempre se procurando, buscando, encontrando e tocando. Não era possível que ela estivesse sentindo aquilo sozinha.

Mas ao mesmo tempo, ela não podia cobrar nada de Rafaella, a mulher não estava pronta. E elas eram apenas amigas. Apenas amigas. E a última coisa que ela queria era Rafaella achando que ela estava usando do apartamento e do emprego para manter Rafaella em sua vida.

Bom, talvez estivesse... Mas não de um jeito ruim. Era completamente natural estar apaixonada e querer a pessoa perto; e se ela podia dar meios para que Rafaella ficasse por perto, porque não dar? Bom, provavelmente por que ela estava enlouquecendo aos poucos. E enlouquecia cada vez que chegava em casa, saía do banho e encontrava Rafaella apenas de pijama em sua sala.

Ela era uma obra de arte.


Já fazia pouco mais de duas semanas que elas estavam naquela situação toda. E sempre tinha uma tensão, sempre. Era uma aproximação maior, um olhar longo, como Rafaella mordia o lábio inferior, como aqueles olhos azuis queimavam. Como ela sempre olhava para sua boca em algum momento. Era quase como se ela estivesse esperando que Gizelly tomasse uma iniciativa.

Mas como tomar uma iniciativa sem ter absoluta certeza de que era reciproco? Ela precisava de mais tempo. Mas como estava insuportável ter que esperar quando Rafaella sorria. Ou quando usava qualquer tipo de roupa, quando a abraçava com força todos os dias, principalmente de noite antes de dormir. Como elas sempre davam longos beijos na bochecha ou na testa.

Diabos como a mulher era linda.

Gizelly precisou parar na porta da cozinha para ver Rafaella se mover, quase dançando, meio deslizando pela cozinha, será que ela estava cozinhando? Não existiam tantas possibilidades pelas quais Rafaella poderia estar dançando em sua cozinha, mas Gizelly pensou que queria dar cada vez mais motivos para que a mulher estivesse tão feliz. E, de fato, ela não tinha outra opção que não fosse babar pelo espetáculo de mulher que estava em sua cozinha. Babar por Rafaella.

- Quando você vai me contar por que você estava toda arrebentada quando nos conhecemos?

A voz de Rafaella pegou Gizelly de surpresa. Ela estava de costas, como sabia que ela estava lá? Ela podia jurar que não havia feito barulho algum... Arqueou uma das sobrancelhas e se aproximou devagar.

- Antes que você pergunte, eu sempre sei quando você está por perto. Seu cheiro... Bem, eu sempre sei.

Gizelly não soube se era orgulho ou felicidade que estava sentindo, talvez os dois. Ah a maravilhosa conexão instaurada tão rápida entre elas; só mais uma prova de que Gizelly podia não estar louca sozinha. Se elas tinham uma conexão tão forte, além da intensidade... Talvez ela não estivesse sozinha no que sentia. Se aproximou de Rafaella na cozinha e sentou na bancada, sem dizer uma única palavra. Aqueles olhos verdes demais pararam nos seus.

- Está com fome?

- Sim.

Rafaella se aproximou até estar do outro lado do balcão; esticou uma das mãos em direção à Gizelly e segurou a mão da morena, brincando com seus dedos. A morena sentiu o corpo ficar muito extremamente quente; ela sabia que precisava ficar longe de Rafaella pelo bem de sua sanidade mental, já que só estava conseguindo pensar em estar com ela, e não podia estar. Mas ao mesmo tempo... Como ficar longe?

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now