Capítulo 90

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Depois de uma noite de ansiedade aparente, Gizelly se viu arrastando Ivy para dentro da livraria. A mulher não hesitou em ser guiada até os fundos da loja e então suspirou ao encontrar o olhar da morena. Ela estava, claramente, sem conseguir respirar direito; e então Ivy tomou as rédeas da situação.

— Sou irmã de Marcela. É uma longa história, então preciso resumir antes que desconfiem.

— O que você está fazendo?

— Ajudando você e sua mulher. — Explicou de forma calma. — Escreva para ela, guarde no livro. Vou levar de volta. É tudo o que posso dizer por agora.

— O que vocês duas estão tramando?

— Um jeito de salvar Rafaella.

— Isso é absurdo.

— Por isso quero ajudar. — E então ela arqueou uma sobrancelha como se estivesse desafiando a morena à sua frente. — Vai demorar para escrever?


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Rafaella mal conseguia acreditar no que estava vendo em suas mãos; quando Ivy chegara com o livro de Romeu e Julieta, ela mal pode se conter de ansiedade e felicidade. Mas esperou pacientemente até estar sozinha para desdobrar o papel que estava ali. A caligrafia perfeita e delicada marcava a folha amassada.

Baby,

Não desista de nós.

Eu não desisti e nem vou.

Quero te ver.

Sua, Bárbara.

Sorrindo, Rafaella deixou que as lágrimas tomassem seus olhos até que não enxergasse mais nada; chorava de felicidade, angústia, dor, saudade, tudo. Chorava por que sua mulher ainda lhe amava e chorava por que precisava encontrar com ela. Ivy, por sua vez, ficou parada na porta encarando a outra mulher sobre a cama macia. Ela abraçava o papel como se fosse algo precioso — e era.

Ela sabia que era.

Quando Rafaella começou a soluçar, Ivy abraçou—a. Primeiro para confortar, e segundo para que ela não fizesse tanto barulho. Ela pensou que deveria estar se sentindo pior por trair a própria irmã, mas nada poderia ser tão ruim quanto o sofrimento que Marcela estava proporcionando à Rafaella por motivos puramente egoístas.

— Ela me respondeu... Eu nem consigo acreditar.

— Por que ela não responderia, Rafa?

— Achei que... Ela pudesse... Achar que eu não a amo. — Entre fungadas, a mulher conseguiu responder. Manteve—se no abraço de Ivy por que qualquer conforto em tempos de terror era necessário. — Achei que... Oh Deus.

— Ela jamais desistiria de você. Já lhe disse isso.

— Como você sabe?

— Ela está trabalhando com a polícia para tirar você daqui.

Os olhos verdes brilharam com curiosidade.

— Jura? Como você sabe?

— Marcela me contou. Ela foi chamada para depor a respeito.

— Eu terei que encontrar com a polícia?

— Acredito que sim.

— Se eu disser a verdade, Marcela vai me matar.

Ivy não soube o que responder, então resolveu mudar de assunto.

— Vamos focar em algo bom, Rafa. — Sem hesitação, a morena continuou a falar: — Vamos sair juntas no sábado.

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now