Capítulo 84

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Na semana seguinte, Gizelly estava com sérias dificuldades em assimilar que estava quase tão famosa quanto Rafaella; não havia pensado, de fato, nas consequências que namorar alguém famoso traria. Mas de repente haviam meninas em cada canto de sua livraria, perguntando sobre ela, sobre Rafaella, sobre o relacionamento delas. Querendo tirar foto com ela. Era estranho, esquisito e em alguns momentos, bizarro. Invasivo. Ela não era a estrela da relação, supôs que as fotos e entrevistas estariam limitadas à Rafaella e a última coisa que queria era sair de seu anonimato. Mas estava lidando da melhor maneira que conseguia.

Ou pelo menos achava que sim.

- Nunca imaginei que Rafaella namoraria alguém tão simples. - Gizelly ouviu o comentário de uma garota que parou no balcão da livraria. - Ela parece tão agitada, e você tão pacata. Eu me chamo Paloma.

A morena não soube o que responder enquanto processava o livro que a menina de cabelos loiros com mexas rosas falava.

- É sorte a minha. E creio que não preciso me apresentar.

- É mesmo. - E depois de um breve instante de hesitação, a garota olhou para Gizelly. - Como você consegue?

- O que?

- Como você e Rafaella conciliam as agendas?

- Não é algo tão absurdo assim... - A morena começou ao entregar o livro para a garota. - A força da vontade de estarmos juntas é o mais importante. E é importante lembrar que Rafaella é um ser humano, além da fama, ela é uma mulher muito tranquila.

- Eu gosto de uma garota na escola. - Ela começou a falar e Gizelly entendeu exatamente aonde a adolescente queria chegar. - Ela é muito descolada para mim. E eu... Bem, eu leio Shakespeare.

- Se vale de alguma coisa, eu também leio.

- Mesmo? E veja só, você namora a Rafaella!

- Sou noiva dela, na verdade. - Ela corrigiu com suavidade. - E de acordo com Rafaella eu a conquistei bem aqui, nessa livraria. Como? Eu não faço ideia.

- Você acha que tudo é possível, então?

Talles entrou pela porta da frente.

Gizelly sorriu para a garota à sua frente.

- Bom, sim. Por que você não chama a garota para vir aqui e mostra seu livro favorito para ela?

- O que você fez com Rafaella?

Gizelly sorriu com a lembrança de seu primeiro encontro com Rafaella. Como a voz macia e doce a pegou desprevenida, como a risada era melodiosa e o par de olhos verdes... O tom mais cristalino que ela já havia visto. Foi como mergulhar no mar.

- Eu mostrei o livro que estava lendo.

- Simples assim?

- Ela estava linda e eu soube que poderia estar vestindo um pijama de abacaxi com mamão que estaria igualmente linda.

- A Alexandra também é assim. Linda de doer.

- A Rafaella me deu um incômodo na boca do estômago, pareceu queimar, foi quase uma acidez deliciosa. Eu precisava falar alguma coisa com ela, sabe? Nunca tinha sentido nada parecido. Era como se eu fosse uma adolescente de mãos frias.

- Eu me sinto assim com Alexandra. Eu mal sei o que falar.

Gizelly descobriu estar se divertindo muito mais do que gostaria de admitir. Era engraçado estar em posição de dar conselhos a uma adolescente, ainda mais sobre um sentimento que dia após dia ela ainda descobria com Rafaella.

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now