Capítulo 93

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Marcela, de forma estupidamente clichê, escolheu o galpão da Nero para enfrentar Gizelly; não que o local fosse fazer qualquer diferença, mas pelo menos estava familiarizada com o ambiente e não estavam no pico de uma montanha ou algo parecido. Isso seria o auge do clichê dramatúrgico. Mantendo a racionalidade que lhe cabia, Gizelly foi até o vestiário com Rafaella e trocou de roupa.

— Você não vai fazer isso.

— Eu vou ganhar tempo, eu prometo.

— E se ela te machucar?

— Provavelmente vai. E depois você vai cuidar de mim.

Rafaella revirou os olhos.

— Você é impossível.

- E você me ama.

— E tem como não amar? — Sorrindo, Rafaella se rendeu à situação quando ajudou Gizelly a colocar a faixa nas mãos. — Mas se você não ganhar desta filha da puta, eu vou ter que te matar.

Gizelly gargalhou.

— Eu vou ganhar. E não se sinta um prêmio a ser conquistado.

- Eu não posso me sentir como o troféu que você vai ganhar? Que espécie de luta boba é essa?

A brincadeira fez Gizelly gargalhar mais ainda, era bom tirar toda a tensão da situação, apesar de as duas estarem apavoradas.

— Bom, quando eu ganhar, eu te mostro exatamente como eu vou ser devota ao meu prêmio. Em casa.

— Eu mal posso esperar para ir para casa com você.

- Isso acaba hoje, meu amor, eu te prometo.

Rafella terminou as faixas nas mãos de Gizelly e segurou o rosto da morena, trazendo—a para perto de si.

— Eu nunca acreditei tanto em você, como acredito agora.

— Nem no meu amor por você? Sinceramente...

- Boba. — Ela disse sem conseguir conter a risadinha. — Sabe do que estou falando.

— Sei. — Envolvendo Rafaella pela cintura, Gizelly murmurou. — E sei também que vamos para o nosso apartamento hoje. E vamos deixar toda essa merda para trás.

— Minha terapeuta vai ficar orgulhosa de mim também.

— Como eu estou. Afinal, você ainda está aqui.

- Eu falei que não iria fugir mais. Eu pedi para que confiasse em mim quando essa maluca nos surpreendeu.

— Eu confio minha vida em você.

— E eu confio a minha vida em você. — Aproximando—se mais ainda, Rafaella sorriu. — Agora acaba logo com isso porque eu só quero deitar na nossa cama com você.

Gizelly puxou Rafaella para um beijo longo.

Que dizia muito mais do que qualquer palavra poderia chegar perto de explicar; e quando se separaram, mantiveram os olhos uma na outra. Elas sabiam bem o que o afastamento prometia e alongaram ao máximo os instantes que tinham.

Caminharam de mãos dadas até onde Marcela estava.

A mulher as encarava com ódio; e se fosse possível realmente transmitir o pensamento, Gizelly sabia que já teria morrido. Mas se manteve firme no propósito. Talles chegaria com a polícia e tudo seria resolvido em breve. Ela só precisava enrolar Marcela  um pouco.

Rafaella fez questão de, em toda a sua coragem, puxar Gizelly para si e dar—lhe um beijo longo, na frente de Marcela, sem se importar com a mulher que as encarava, queria apenas passar força para a mulher que amava. Gizelly era tudo o que lhe importava.

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now