Capítulo 63

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Rafaella adorava cometer erros, era só nisso o que conseguia pensar; e era a única explicação para estar procurando Marcela no meio da madrugada de uma segunda feira. Bateu na porta do apartamento provisório da ex—namorada repetidas vezes, prestes a gritar para que o prédio inteiro ouvisse. A mulher de cabelos rosa atendeu a porta com a expressão sonolenta e um sorrisinho ao ver Rafaella.

— Rafa.

Ela entrou como um furacão no apartamento.

— Porque você pagou Gizelly? Eu quero a verdade. E que malditas instruções eram aquelas? O que está acontecendo?

Marcela parecia surpresa demais.

— Não sei do que você está falando.

Rafaella puxou a pasta da bolsa que carregava e praticamente jogou—a na direção de Marcela. A mulher recolheu as folhas e analisou uma por uma, e então arregalou os olhos.

— Eu posso explicar.

Impaciente, Rafaella cruzou os braços.

— Eu estou esperando.

Marcela fez Rafaella sentar no sofá e então ficou de frente para ela na poltrona que arrastou pela sala. Suspirou profundamente e encarou—a nos olhos verdes demais.

— Eu queria ganhar você de volta. Manter—te segura. Eu sempre te amei, Rafaella, você sabe disso. Eu errei muito, mas aprendi com meus erros. Eu precisava manter você por perto. Gizelly foi um meio de eu conseguir isso. Eu descobri que estava aqui, contratei—a para trabalhar para mim.

Rafaella arregalou os olhos.

— Gizelly foi um meio de saber sobre você. De estar sempre atualizada de alguma forma.

O ar tornou—se denso de uma forma terrível.

— Isso não é possível... A Gizelly me ama.

— Não duvido que ame, afinal, como não amar você? Agora você me fez uma pergunta e eu respondi.

— Gizelly estava trabalhando para você esse tempo todo?

— Sim.

Rafaella não conseguia respirar direito.

— Isso é ridículo.

— Se você perguntar, ela vai negar, é óbvio. Está no nosso contrato. Se ela contar, perde o resto do dinheiro.

— Contrato?

Marcela suspirou longamente; se estava contando a verdade, o melhor era contar tudo de uma vez.

— Eu sinto muito que você tenha descoberto dessa forma.

— Eu quero saber o que mais está acontecendo.

— Rafa... Olhe, foi a única maneira que eu consegui de fazer você ficar por perto. Assim, eu conseguiria te ver.

— Você é doente.

— Por você.

Rafaella se afastou, sentindo o pânico crescente.

— Isso não é verdade. Nada disso é verdade. Eu vou falar com Gizelly e vamos esclarecer essa história de uma vez.

— Eu duvido que ela te conte a verdade. Provavelmente vai inventar alguma desculpa sobre estar se encontrando comigo para resolver um presente para você... Como se ela fosse confiar em mim para isso, não é? Parece loucura.

— Você é a louca aqui.

— Se você a confrontar, ela vai usar os sentimentos que ela supostamente tem por você até desistir. Sentir—se magoada. Fingir. E então vocês duas vão acabar terminando. Você sabe que é isso o que vai acontecer.

O mar do teu olharOù les histoires vivent. Découvrez maintenant