Capítulo 87

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(ALERTA: Conteúdo sensível)

Gizelly sabia que iria enlouquecer a qualquer no momento, a raiva ultrapassava os níveis que deveriam ser permitidos para um ser humano. Mas pior do que a raiva, era a sensação de estar completa e totalmente perdida. Ela simplesmente não sabia o que fazer enquanto seu corpo continuava desabado no sofá de seu apartamento. Pior do que Rafaella não acreditar nela, era Rafaella estar desistindo delas por medo.

Aquilo era inaceitável.

Ela não poderia deixar aquela situação continuar — apesar de só terem passado algumas horas desde que deixara Rafaella com Marcela. Só a lembrança do momento a deixava com calafrios, não podia sequer imaginar o que Rafaella poderia estar passando nas mãos da psicopata, só queria imaginar uma maneira de livrar a mulher das garras da maldita.

É claro que sabia que Rafaella não amava Marcela, que não havia desistido delas por falta de amor. A psicopata havia usado o sequestro de Gizelly para atingir Rafaella — Gizelly soube disso no momento em que saíra da livraria carregada por dois homens enormes. Mas ela nunca pensou que Rafaella poderia simplesmente desistir de lutar.

Ora, também pudera, mal estava recuperada do trauma que era Marcela e a mulher voltava para lhe assombrar. Cabia, então, claro, à Gizelly, salvar a mulher que amava. E precisava de um plano antes que fosse tarde demais.


»


Não muito longe do apartamento de Gizelly, enquanto a morena ligava para Talles, Eusébio e Caon, Rafaella se encolheu contra a parede de um quarto com paredes decoradas com flores roxas. A cama estava perto o suficiente para que ela alcançasse em uma passada, mas tinha medo do que o simples ato de sentar na cama iria refletir para Marcela. A maldita mulher a encarava, com um sorrisinho presunçoso, na porta do quarto.

— Você será feliz aqui.

— Você sabe que não.

— Como você pode ter tanta certeza?

Rafaella deixou os braços cruzados enquanto encarava Marcela, que ousava se aproximar.

— Porque eu não estou aqui por que eu quero estar. Estou aqui apenas para salvar o amor da minha vida.

A péssima escolha de palavras sinceras resultou no primeiro tapa que Rafaella levou. O gritinho surpreso escapou de seus lábios enquanto ela sentia o estalo contra seu rosto. E então ela caiu no chão, como se não pesasse nada. Rafaella ousou olhar para Marcela, apenas para perceber o olhar profundo que era dono de seus piores pesadelos — agora mais reais do que nunca. Ficou de pé aos poucos, por que teve medo que ela chutasse seu rosto.

— O que você disse?

Rafaella voltou a se encolher por que Marcela gritava com ela; e por que estava apavorada. E por que, no fundo, queria morrer naquele exato momento. O primeiro tapa foi mais assustador do que doloroso, de fato.

— Não me faça perguntar de novo, Rafaella.

A mulher engoliu em seco.

— Eu disse que não vou ser feliz aqui. Nem com você. Nunca.

O segundo tapa foi o que a deixou tonta. Ela cambaleou para trás, e tentou, inutilmente, se segurar na parede, mas foi esmagada pelo corpo de Marcela enquanto as duas caíam no chão. Ela viu a morena montar sobre seu corpo, segurando seus pulsos ao lado de sua cabeça. Estava imóvel. De novo.

— Por que não?

— Porque eu não te amo.

A mulher se inclinou na direção de Rafaella.

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now