Capítulo 68

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Rafaella passou dois dias em total e absoluto pânico com Gizelly no hospital. Os médicos a mantiveram em observação por causa da extensão de ferimentos e o fato de que ela realmente não se cuidava tinha muito tempo. A culpa cresceu em Rafaella de formas absurdas, mas ela se recusava a sair da sala de espera, e do quarto de Gizelly quando era possível. Talles, Cláudia, Eusébio e Caon foram visitar todas as vezes possíveis, mas a morena custava a acordar e mais ainda, ficar acordada. E parecia sempre esquecer o que acontecia e aonde estava.

Os médicos falaram que era comum. Normal. Esperado.

Rafaella odiou todas aquelas palavras.

Queria Gizelly bem, segura e em casa. De preferência com ela. Queria proteger Gizelly de tudo e qualquer coisa, mas infelizmente não conseguia fazer nada enquanto os médicos não a liberassem para ir para casa. E Rafaella só queria levar sua morena embora. De uma vez.

Também queria conversar com ela, mas sabia que seria impossível por pelo menos algum tempo; os médicos lhe disseram todos os remédios que seriam necessários para o tratamento da morena. Trauma. Onde já se viu, Rafaella pensou. Era óbvio que era apenas questão de tempo até que Gizelly se machucasse de verdade com as lutas.

Ela só queria que a mulher ficasse boa de uma vez. Inteira.

Foram mais dois dias até que ela finalmente pudesse levar Gizelly para casa, mas precisava falar com ela primeiro. Por isso, entrou no quarto no momento em que a morena sentava na cama, esboçando uma careta de dor.

Oye. — A voz da morena saiu rouca e muito baixa.

— Mais alto, baby. — Rafaella pediu, gesticulando.

— O que aconteceu comigo? — Era horrível não conseguir ouvir o som de sua própria voz, mas ainda sentir os zumbidos. Era horrível ver Rafaella falar e não conseguia ouvir a voz dela. Gizelly resmungou e então voltou seus olhos para a mulher mais alta. — Não consigo ouvir nada. Apenas zumbidos. Os médicos não me falam. E mesmo que falassem...

Rafaella se aproximou devagar e Gizelly deixou que a mulher sentasse na cama com ela. Rafaella segurou sua mão e sorriu, tentando esconder o desespero que sentia.

— Vou falar devagar, okay? Preste atenção nos meus lábios.

Gizelly assentiu porque conseguiu entender.

— Você sofreu um trauma nos tímpanos. Culpa dos impactos dos socos e chutes que levou. Nada foi rompido, então você deve voltar a escutar normalmente daqui a um tempo, com tratamento adequado. Mas você não vai a Nero nem tão cedo.

Qué?

— Conseguiu entender?

Gizelly fez que sim com a cabeça, apesar de não conseguir ouvir absolutamente nada. Nunca pensou que precisaria usar de leitura labial, mas lá estava ela; sendo obrigada a olhar para os lábios de Rafaella e tentar lembrar—se do som delicioso que dali saía, enquanto formava as palavras em sua mente.

— Quando poderei ir embora?

— Mais alto baby.

Gizelly pigarreou.

— Quando poderei ir embora?

— O médico vai vir te ver daqui a pouco e vamos para casa.

— Vamos?

Rafaella sorriu porque Gizelly era adorável.

— Você não acha mesmo que vou te deixar sozinha, não é? Vou ficar com você em seu apartamento.

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now