Capítulo 62

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Tudo o que Rafaella queria na sua segunda feira de folga era comprar um presente especial para Gizelly; estavam cada vez mais perto do aniversário do relacionamento delas e ela queria algo muito especial, tão especial quanto sua mulher merecia. O problema era que ela não conseguia pensar em nada que fosse tão perfeito quanto sua mulher — até porque não existia. Mas ela estava tentada a encontrar o mais perto disso o possível.

Depois da segunda loja, ela chegou a pensar que estava desesperada e que nunca encontraria nada bom o suficiente. Gizelly não sabia que ela estava de folga, então era sempre uma boa idéia surpreender a noiva na livraria. Poderia ver o presente outra hora, pensou consigo mesma. Precisava ver sua mulher primeiro, era sempre a prioridade.

Estava virando a esquina para entrar na livraria quando viu que Gizelly estava saindo. A morena não chegou a vê—la, apenas continuou seu caminho até uma cafeteria que ficava ali perto, Rafaella foi andando pronta para chamar sua atenção e correr para seus braços... Até ver a morena sentar em uma mesa com Marcela. A mulher dos cabelos rosa entregou um envelope para Gizelly e a morena guardou na bolsa que carregava com ela.

Rafaella arregalou os olhos.

O que estava acontecendo ali? E porque ela estava com medo de se aproximar da noiva? Porque estava com uma sensação terrível e um aperto no peito? Não fazia o menor sentido. Gizelly e Marcela pareciam estar tendo uma conversa séria, ou pelo menos a morena parecia séria demais, Marcela estava a mesma executiva de sempre. Rafaella pensou que precisava sair dali.

E foi o que fez, afastando—se da cafeteria e de Gizelly.

O problema foi que o destino costumava agir de formas estranhas e enquanto ela voltava a olhar algumas lojas, pensando no que poderia ter levado sua noiva a encontrar sua ex—namorada, Gizelly apareceu em seu campo de visão, com aquele sorriso que fazia tudo dentro de Rafaella amolecer e estremecer.

— Hoje é o meu dia de sorte mesmo, não é? — A voz da morena atingiu seus ouvidos antes de seu coração no momento em que ela era puxada pela cintura. — Estava te mandando mensagem agora para ver se poderia te raptar para o almoço. E você está aqui.

Rafaella deixou suas mãos se prenderem na nuca de Gizelly, a mulher tinha os cabelos amarrados em um rabo—de—cavalo, então Rafaella acariciou apenas sua pele.

— Eu estou aqui.

— Fazendo o que exatamente?

— Estava querendo ir te encontrar.

— Meu dia de sorte mesmo.

— Porque dia de sorte?

— Porque acordei com você nos meus braços e agora poderei levar você para almoçar. Porque não me disse que estava de folga?

— Queria te fazer uma surpresa. — Ela recebeu o selinho que Gizelly lhe deu com todo o carinho. — O que você estava fazendo na rua?

Gizelly ergueu um saco de papel indicando a marca da cafeteria, como se aquilo explicasse tudo. Mas em nenhum momento mencionou Marcela ou o que quer que fosse, o que só ligou um alerta na mente insegura de Rafaella. Ela foi deixando de lado, porém, enquanto a morena a levava para um restaurante ali perto, prometeu que pagaria seu almoço... E era impossível pensar em qualquer coisa de ruim quando Gizelly a olhava daquela forma, tão apaixonada, tão entregue — como se Rafaella fosse a única coisa que existia no mundo.

E era assim que se sentia.

Horas mais tarde, continuou com sua suspeita aflorada enquanto combinava com Marcela de fazer um ensaio de fotos para a revista. Gizelly deixou—a no local combinado sem hesitar, e beijou—a tão demoradamente quanto era possível antes de deixar a noiva escapar de seus braços. Rafaella entrou no estúdio para encontrar Marcela e uma nova fotógrafa que ela não conhecia.

O mar do teu olharWhere stories live. Discover now