10. River.

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JHENIFER.


Shut your mouth, baby, stand and deliver
Holy hands, will they make me a sinner?
Like a river, like a river
Shut your mouth and run me like a river
Choke this love 'til the veins start to shiver
One last breath 'til the tears start to wither
Like a river, like a river
Shut your mouth and run me like a river.

Rolei de um lado para o outro quando o alarme me fez acordar. A dor de cabeça latejou minhas temporas, mas mesmo assim me sentei ereta na cama. Prova de biologia. Em dupla. Com Lorenzo. 

Santo Deus. 

Eu queria dizer que não me lembrava de nada da noite passada, que a quase garrafa inteira de gim me fez ficar com amnésia, mas não, eu me lembrava perfeitamente de tudo e a única prova de que não havia sido um sonho louco era a dor de cabeça penetrante. Me arrumei mecanicamente, vestindo uma calça jeans preta e uma camiseta branca com sapatilhas da mesma cor. Meus cabelos estavam numa bagunça assustadora e eu os prendi no alto da cabeça, um coque desarrumado que disfarçou os fios rebeldes. 

Todos os dias eram a mesma coisa. Me arrumar para a escola e me sentir culpada conforme percebia que estava viva outra vez. Eu me sentia absurdamente culpada. Haviam tantas pessoas que queriam estar no meu lugar, mas eu não conseguia me sentir feliz. Eu não era grata por estar viva e estava tomando o lugar de alguém que merecia estar ali. 

— Você demorou. — A voz de Lorenzo, que estava parado no último degrau, me fez pular e quase rolar as escadas. Eu me perguntava se ele não sentia calor. Era a única explicação para uma pessoa se vestir todo de preto, desde a camisa simples e calça jeans até às botas de combate, em plena Las Vegas. Quando me aproximei até estarmos frente a frente, Lorenzo me estendeu uma garrafa de suco e dois comprimidos brancos. — Vai melhorar a ressaca. 

— Porque você está fazendo isso? — Perguntei baixinho. Será que algo tinha mudado na noite passada? 

— É o que amigos fazem, não? — Lorenzo perguntou com uma sobrancelha arqueada. Quando não respondi, ele me deu espaço para passar. — Vamos, estamos atrasados. 

Eu rapidamente engoli os comprimidos com o gole de suco, torcendo os lábios para o açúcar. Eu já havia extrapolado todos os limites de calorias do ano só nas últimas horas. A vontade de vomitar era grande, mas eu havia prometido a Devon que não voltaria a fazer isso. Fora que não adiantaria, o caminhão de comida da noite passada já havia sido digerido. Provavelmente me dando de quinhentas a oitocentas gramas a mais, o que era horrível, principalmente no último mês do ano. De forma alguma eu usaria um vestido maior que S. Minha dieta precisaria ser mais rigorosa a partir de agora e também teria que aumentar a frequência de exercícios. 

— No que você está pensando? — Lorenzo perguntou. Eu mal notei que havia entrado no carro e passado o cinto. Respirei fundo. 

— Aquele tanto de comida ontem. — Respondi encostando a cabeça dolorida contra o vidro da janela. 

— O que tem? — Lorenzo questionou confuso. Ele nunca entenderia. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now