31. I See Red.

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JHENIFER

Tremendo, eu estava tremendo tanto que meus ossos pareciam sacudir dentro de mim. Quando chegamos em casa, tio Nico estava deitado no sofá, provavelmente jogando Candy Crush já que agora ele tinha comprado parte da empresa e moldado alguns caracteres do jogo à sua preferência. Quando seus olhos caíram sobre Lorenzo e eu, ele se sentou ereto, deixando o celular caro de lado. 

— O que aconteceu? — Foi sua primeira pergunta. Tremi mais. 

— Talvez você deva se deitar. — Lorenzo sugeriu, mas eu não conseguia me mexer. 

Tio Nico se colocou de pé e caminhou até mim. Ele colocou as mãos nos meus ombros e eu me arrepiei. Elas estavam frias ou era meu corpo que estava quente? 

— Jhenifer, querida, você está bem? — Meu tio perguntou com delicadeza. Estremeci outra vez. 

— Digamos que eu tenha assassinado alguém frente a ela. — Lorenzo murmurou ao meu lado. Outro tremor percorreu meu corpo. Eu jamais me esqueceria daquela cena. Lorenzo simplesmente ergueu a arma e atirou na cabeça do cara que se sentava conosco no almoço todos os dias escolares. Tio Nico deixou cair suas mãos. 

— Você fez o que? — Sua voz soou descrente. 

— Eu realmente acho que Jhenifer deva ir se deitar. — Meu primo repetiu se aproximando lentamente; não sei o que deu em mim, o que me levou a fazer aquilo, mas quando ele ergueu sua mão para colocá-la em meu ombro, dei um passo brusco para frente, me chocando contra o peito de tio Nico. — Jen… 

Me encolhi ainda mais contra tio Nico quando ele passou os braços ao redor do meu corpo trêmulo e me abraçou. 

— Tudo bem, querida, foi só um susto. Vou te levar para seu quarto e você irá dormir. 

Assenti, ou acho que assenti, minha cabeça estava anuviada, o corpo trêmulo e prestes a desabar. Tio Nico passou seus braços sob minhas pernas e me puxou para o seu colo; mal notei conforme ele andava calmamente até as escadas, mal notei quando eles as subiu, também não notei quando ele me colocou na cama e deu um beijo na minha testa. 

— Vai ficar tudo bem, querida. Você está segura, Lorenzo jamais te machucaria, eu tenho total certeza. 

Eu também tinha… Não tinha? 

——————«•»——————

Acordei lentamente conforme a luz entrava pela janela, despertando meus sentidos. Minha cabeça doía irritantemente, uma dor chata na região da testa. Lentamente as memórias da noite anterior retornaram e eu me sentei na cama aos poucos, enjôo me tomando. 

— Você está bem? — A voz de Lorenzo me assustou. Sentado no outro lado do quarto, na poltrona cinza reclinável, ele parecia que não tinha dormido. Seus cabelos estavam molhados, como se tivesse acabado de sair do banho, e estava vestido apenas com uma bermuda velha, o dorso despido. — Não se assuste. Eu posso ir embora se você quiser. Eu só… Precisava saber que você estava bem. 

Assenti aos poucos, suspirando em meu estado semi acordado. 

— Você não precisa ir. — Minha voz mal parecia minha, de tão rouca que estava. — Eu… Sinto muito. 

— Sente muito pelo quê? — Lorenzo perguntou se colocando de pé. Ele se moveu lentamente, passo por passo, até sentar na beirada da cama, longe de mim. 

— Por ter sido… Não sei? Babaca? Eu te disse coisas e depois me afastei. — Respirei fundo para clarear minha mente. — O que você deveria ter feito? Deixado Andrea contar ao seu pai sobre nós? Estaríamos fodidos. Você fez o que era preciso. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now